02 | door of hope

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— Por favor, meu Deus, por favor, abre a porta! E-eu tô sendo perseguida por... — não tive a coragem de terminar a frase, sentindo meu estômago se revirar totalmente.

— Sarah? — foi um golpe de alívio tão grande que praticamente senti como um soco no estômago. Era Vanessa, a minha melhor amiga. — Abre a porta, rápido!

Uma movimentação do lado de dentro e um barulho de metal raspando em metal, e a minha porta das esperanças se abriu. Eram três pessoas. Não eram desfiguradas e não tentaram me matar. Vanessa, Thomas — do 3°A —, e Olivia, que deve ser do primeiro ano. Os dois que me são apenas conhecidos me olharam de cima a baixo, analisando-me a procura de machucados.
Vanessa, por sua vez, me puxa para dentro pela camisa, me envolvendo em um abraço.

— Achei que estivesse morta, sua idiota... achei que... — e não terminou a frase. Sempre durona, Nessa não costuma expressar seus sentimentos, mas as lágrimas que ela agora derramava me mostram que ela realmente se importa.

As portas atrás de nós se fecham, Thomas colocou uma barra de metal para usar de tranca. É a primeira lufada de ar tranquila que dou desde que saí da ambulância, e percebo como minha cabeça ainda dói.

— Alguém pode me explicar que porra está acontecendo? — falei de olhos fechados, pressionando as têmporas. Thomas e Olivia se entreolharam, confusos. — Eu peguei no sono depois que fui socorrida e quando saí... era essa loucura.

— Sinceramente... nem a gente sabe muito bem como começou. — o garoto de cabelos escuros e olhos verdes começa. — Começamos a ouvir gritos vindo de algum lugar das arquibancadas e todos começaram a correr. Eu pensava que era um massacre, no começo. — meu coração gela. — Foi uma algazarra mesmo, era uma multidão correndo. Basicamente, uma garota ativou o modo canibal selvagem e começou a morder qualquer um que entrasse no seu caminho. Ouvi falar que ela estava com muita febre antes de isso acontecer. Deu muito medo, mas nada se comparou a quando eu vi acontecer na minha frente. A transformação.

— Espera, o quê? — as palavras saíram da minha boca quase sem permissão, confusa com o que estou ouvindo.

— Honestamente, Sarah? Toda essa merda se parece de mais com a ficção de apocalipse zumbi que a gente vê por aí. Não é piada, estou falando sério. Antes de me encontrar com Olivia e Vanessa, eu estava escondido com Jonas, meu colega de sala. Ele foi mordido, bem na perna. Foi uma mordida muito feia, tinha uns dois palmos e era impossível salvá-lo. Eu sabia disso, mas tentei o ajudar. Ele morreu com a perda de sangue, mas voltou. Seus olhos ficaram injetados e escuros, e ele partiu pra cima de mim. Foi quando minha ficha caiu, a vida está realmente imitando a arte, de um jeito muito perturbado.

Precisei segurar uma risada histérica e doentia quando ouvi aquela última frase. Não há chance nenhuma de que realmente um apocalipse zumbi estivesse acontecendo. Já li tantos livros, já assisti tantos filmes... minha cogitação estaria certa, então?

— Então é isso? Estamos ferrados? — perguntei.

— Estamos, totalmente ferrados. — sua fala é seguida por um longo suspiro. — Bom, a boa notícia é que nem tudo é igual a ficção.

— Boa notícia? É muito mais horrível do que a ficção! — praticamente gritei.

— Calma lá, esquentadinha! O que estou querendo dizer é que as coisas funcionam um pouco diferente. Não é tão rápido como nos filmes, muita gente escapou e o mundo ainda não virou um cemitério de zumbis.

   Tão reconfortante...

— O que importa agora é que precisamos sair daqui, o mais rápido possível. Não dá pra saber em quanto tempo uma multidão vai se juntar nessa porta ou por quanto tempo essa barra aguenta. — agora é Vanessa quem fala.

RUMO AO CAOS - apocalipse zumbiOnde histórias criam vida. Descubra agora