RUMO AO CAOS - apocalipse zumbi

05| the dead are coming back

Eu percebia tudo que acontecia ao meu redor, podia sentir o desespero de Anna correndo pela minha pele e se misturando ao meu, podia ver Thomas ao fundo passando as mãos na cabeça, em agonia. Podia ver Lívia tapando a boca e chorando compulsivamente, Vanessa que não podia ao menos olhar para a cena, Rebecca encolhida no chão com a cabeça entre os joelhos, Kiara paralisada com as mãos trêmulas.

E ainda mais perto, o cheiro do perfume masculino de Leonardo misturado com a essência do terror bem atrás de mim.

O oxigênio tinha um gosto amargo no meu esôfago, e de repente o ar sequer chegava a meus pulmões. Por mais que eu tentasse, não conseguia respirar. Não sei se eu queria.

Senti meu coração inchar e minha caixa torácica se tornar pequena demais para abrigá-lo. Meu corpo inteiro tremia em pura angústia, vergonha. Eu estava à beira de um colapso.
Fechei os olhos e apertei com força os braços de Leonardo, como se aquilo pudesse de alguma forma aliviar minha dor. Antes que pudesse surtir qualquer efeito, ouvi um barulho seco, oco. E antes de abrir os olhos, já sabia do que se tratava.

Vanessa acertara um zumbi na cabeça, o que não fez nem cócegas. Ele voltou para cima dela, mas ela empurrou-o para trás com a sola do tênis, o fazendo cambalear e cair, mas não o apagou.

Leonardo estava com a barra de ferro, então assim que percebeu o que estava acontecendo correu até minha amiga, impulsionando um golpe enquanto andava velozmente.

— Eu ia conseguir.

— Pelo amor de Deus, não seja estúpida. Não estamos em uma série adolescente. — Leonardo esbravejou.

Léo ajudou Nessa a levantar-se, e começaram a olhar ao redor.

— Vou checar o corredor, só pra ver se tem mais alguma surpresa. Não peguem o elevador, a escada fica bem ali — apontou para o lado direito do hall de entrada. —, Lívia vai guiar vocês até o apartamento.

Ele sacou um molho de chaves no bolso, e jogou para sua irmã, que rapidamente seguiu até as escadas.

Em menos de 60 segundos, Léo estava atrás de nós de novo.

Enquanto subíamos as escadas, fiquei imaginando o que teria acontecido se eu não tivesse saído da ambulância, se talvez eu tivesse chamado ajuda.

Fiquei imaginando o que teria acontecido se eu tivesse tentado salvar Hannah, Bruno, ou Amélia.

Talvez eu morresse com um deles. Talvez fosse melhor assim.

Continuamos subindo alguns lances de escada, até o quinto andar. Lívia, que estava à frente, empurrou a porta corta-chamas de metal com força, e entramos no corredor onde ficava seu apartamento.

— Por quanto tempo vamos ficar aqui? — Kiara olhava para os seus pés, sem coragem de enfrentar a dor estampada nos rostos a sua frente.

— Não sei. O suficiente. — A garota negra olhava pela janela da sala para o mar lá fora, e enrolava uma mecha de cabelo nos dedos.

Anna se sentou no chão, tão bruscamente que achei que houvesse caído.

Corri até ela, por que percebi que ia começar a chorar.

— Ela tá morta. Meu Deus, ela morreu! — seu rosto estava contorcido em pura angústia e ela tinha uma mão no seu peito, na altura do coração. Como se tentasse fazer parar de doer.