19

52 19 9
                                    

A cena foi mesmo desesperadora, mais ainda se considerar todo o amor e a intensidade da ligação que existe entre esses três irmãos. Como uma amiga minha sempre disse, eles eram um só, mas foram divididos em três para poder caber nesse mundo. Eles se complementavam e uma parte não funcionava bem sem as outras partes. A desarmonia recente causada no relacionamento deles era muito mais doloroso do que se imaginava. Pois, todos os irmãos brigam, fazem as pazes, se afastam, tomam rumos diferentes na vida. Porém, para os três irmãos Hanson, trilhar por caminhos independentes nunca foi uma possibilidade, nunca foi cogitado. Já que, um tinha a necessidade do outro para sentir-se completo enquanto músico, enquanto família.

Taylor derramou seu pranto de gratidão ao universo, curvado sobre irmão que voltou a respirar por saber que na verdade, não era a morte que Zac queria. O que ele buscava era não padecer mais com o sofrimento de não saber mais quem era. Porque, não era somente sobre uma banda, nem só sobre irmãos, era sobre vida.

Isaac apertava Zac contra seu peito para não deixá-lo ir mais a lugar nenhum, para o irmão nunca mais sair de sua proteção. Para que o próprio Isaac nunca mais fizesse algo que fosse afastar a sua terça parte. Ike não falava com palavras, mas o choro copioso demonstrava que ele sabia da sua parcela de culpa pelo que estava acontecendo.
 
Apesar do alívio de ver Zac abrir os olhos e respirar, os irmãos e Iara ainda estavam muito nervosos e preocupados com as consequências do afogamento. Então, o Isaac fez questão de acompanhar Zac dentro da ambulância até o hospital, enquanto Taylor e Iara foram no carro.

- Você acha que ele ficou muito tempo lá dentro? Ele ainda pode complicar mais Tay?

- Qualquer tempo é muito nesses casos. Mas, vamos ter fé e ver o que os médicos dizem. Só vou ligar para mamãe quando já estiver tudo bem.

- Nossa, a Danna vai ficar desesperada. Eu acho melhor não contar nada ainda. Mas, você acha que a imprensa não vai saber disso? Ele está indo para um hospital público.

- Não fala nada ainda Iara. Eu vou ligar para o meu tio. Eles estão indo para o hospital que ele trabalha. Ah, droga.. Lamentou Taylor dando-se conta de que eram pessoas públicas e Iara tinha razão.

Taylor ligou para Marvin e contou o ocorrido e pediu que o tio organizasse a chegada de Zac no hospital. Inclusive, pedindo discrição com o que houve. Isso cairía como uma bomba na mídia sensacionalista.

Zac deu entrada no Hospital Geral, estava consciente, mas com sinais vitais um pouco instáveis. Saturação baixa devido à água que ainda estava no pulmão, batimentos cardíacos em arritmia e muita fraqueza. Foram feitos alguns procedimentos e o resto do dia e a noite ele passaria na UTI para estabilizar e realizar exames. Se tudo corresse bem, ele estaria no quarto no dia seguinte, mas teria que passar uns dias internado.

Após conversarem com os médicos, entre eles o tio Marvin, os meninos ficaram mais tranquilos de saber que apesar da instabilidade, Zac não corria risco de morte e que o socorro imediato foi essencial para o sucesso de Zac não ter chego ao hospital em coma. Tudo seria muito mais complicado e o risco de morte seria maior e os de sequelas permanentes quase certo.

- Hoje vocês não podem mais fazer nada por ele. Apenas rezar pela plena recuperação dele, para que não haja sequelas cerebrais, devido à falta de oxigenação. Nós vamos fazer o que for preciso para ele estabilizar logo. Mas, o corpo tem seu tempo e precisamos respeitar o tempo do organismo dele para reagir. Vão para a casa, conversem com seus pais e deixem ele conosco. Disse tio Marvin com um ar muito profissional.
 
- Não tio. Eu prefiro ficar. Quero acompanhar. Disse Isaac.

- Ike, vai em casa. Você está todo molhado, isso vai te fazer mal. Tranquiliza a Nikki e se for o caso, você volta mais preparado. Disse Taylor.
Os olhos de Iara reviraram quando ela ouviu o nome Nikki, mas ninguém deu atenção. Tio Marvin deixou a decisão de ficar ou não, com eles e pediu licença pois precisava ver outros pacientes.

- Calma meninos, o pior já passou. Também acho melhor vocês irem em casa, falar com a família de vocês, com a Rebecca também. Ela precisa estar preparada para não deixar isso vazar.
Iara olhou para os dois e segurou a mão do Taylor e do Isaac.

- Eu vou rezar muito por ele. E por vocês. Vocês foram heróis hoje. Meu Deus! Eu nunca conseguiria ajudá-lo.

Taylor apertou a mão dela em sinal de gratidão, mas balançou a cabeça negativamente.

- Eu não quero nunca mais precisar salvar alguém. É uma loucura isso. Não sei como ele teve coragem de fazer isso. Como ele conseguiu?

- Só Freud explica gato. Só Freud. Eu não sei como vou fazer para contar para a Danna. Acho que vou ligar para o Brian. Eu tenho voo daqui a pouco para França. Tenho desfile amanhã. Já desviei meu caminho para vir aqui. Se eu voltar ao Rio, não vou conseguir trabalhar amanhã.

Agora foi Isaac que apertou à mão dela.

- Muito obrigado por ter vindo Iara. Eu vou consertar as coisas, eu prometo. Não conte nada à Danna ainda. Ela vai ficar muito nervosa. Não é bom para o bebê. Deixa ele acordar de vez, ir para o quarto. Então, eles vão poder conversar, nem que seja por telefone. Obrigado por ter estado ao lado dela sempre.

Iara ouviu Isaac sem expressão no olhar. Mas, quando respondeu, ficou séria e um ar de Meryl Streep, em “O diabo veste Prada”,  se fez no rosto dela.

- Eu acho muito bom mesmo você consertar as coisas. Eu não quero nunca mais ter que voltar aqui pra isso. Essa cidade cansa minha beleza.

Isaac entendeu o recado e Taylor esboçou um sorriu fino do irmão. Mas, Iara agora também sorria.

- Vocês estão ligados que vou ser dinda meninos? E estou apaixonada já. Queria poder dar essa notícia para o Zac. Mas, não posso esperar ele sair da UTI. Toma Ike, faz alguma coisa útil e entrega esse presente para o Zac quando ele acordar.

Iara entregou uma caixinha de presente fechada para Isaac.

PARTES DE MIM: LINKOnde histórias criam vida. Descubra agora