Capítulo 2

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(POV BAKUGOU)

Agora que o Deku havia acordado e estava fora de perigo não podíamos ficar na sala de espera mais o tempo todo. Eu só podia aparecer por lá durante as horas de visita estipuladas por eles, que eram duas vezes ao dia. Mesmo ele não querendo me ver ou a qualquer outra pessoa eu ia nos dois horários todos os dias. Um deles era no horário do almoço, então eu saía correndo da UA e passava lá. O outro era de tarde, assim que saía da aula prática eu voltava lá. Já se passaram 3 dias e não pude deixar de perceber que os únicos que vieram o visitar foi eu, minha mãe e meu pai.

Eu não sabia que ele não tinha nenhum amigo, quero dizer eu sempre o via sozinho na escola, mas eu imaginava que fora dela ele teria algum. Tento conter o pensamento de achar que na verdade o único amigo que ele já teve alguma vez na vida foi eu, o que é muito triste, pois além de ter sido há muito tempo, eu fui um amigo horrível para ele. O pior de tudo é que agora eu simplesmente não consigo encontrar sequer qualquer motivo para explicar porque eu fazia o que eu fazia com ele. Eu o odiava? Porque? Só de pensar em fazer algo parecido de novo me sobe um calafrio e um refluxo. É como se eu tivesse sido substituído por outra pessoa, de uma hora para outra, a uma velocidade e facilidade que me assustava, meu corpo permanece o mesmo, mas a minha mente está completamente do avesso. Desde que o tive nos meus braços desmaiado e cheio de sangue algo dentro de mim mudou como se um botão tivesse sido apertado...

E um pensamento não deixa de assombrar a minha mente, será que é tarde demais para mudar? Será que eu sequer tenho direito a isso? Uma escória como eu têm o direito a uma segunda chance?

Se tivesse eu faria tudo diferente.

Mas infelizmente eu não conheço ninguém com uma individualidade de voltar no tempo...

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No quarto dia cheguei no hospital, correndo como sempre, pois tinha acabado de sair da aula. Entrei, cumprimentei as enfermeiras que já deviam estar cansadas de ver o meu rosto e me dirigi para a sala de espera onde encontrei minha mãe falando com aquela médica. Assim que chego perto delas a médica se afasta e sai pelo corredor afora.

– Meu filho, ele aceitou me ver hoje – Uma onde choque percorre o meu corpo com aquelas palavras. Fico surpreso com o que ela me fala, finalmente ele vai ver alguém depois de 3 recusando. Será que ele queria me ver também? Eu precisava perguntar tantas coisas a ele, mas agora que caiu a ficha de que eu poderia falar com ele minhas pernas fraquejaram e minha coragem sumiu, com que cara vou o encarar depois de tudo o que aconteceu? – Fique aqui filho, ele disse que era somente eu, tá bom?

Apenas assinto positivamente, as palavras fugiram da minha boca, procuro o primeiro lugar que eu posso sentar e me largo em cima de uma cadeira na sala de espera sentindo todo o peso desses dias finalmente me atingindo com o seu máximo. Eu estava cansado, mal estava dormindo, exausto para falar a verdade o que resultou num cochilo mau dado no meio do hospital.

– Katsuki! – Sinto alguém balançando meu rosto, e abro meus olhos sentindo os mesmos protestarem pela claridade forte que os atingiram nesse momento – Meu filho, boas notícias, ele vai tomar alta – Disse minha mãe com um sorriso no rosto.

– Quando? – Dei um pulo na cadeira tentando entender se eu não tinha ouvido errado. Ele vai sair, agora ele não vai mais poder fugir de mim, finalmente vou conseguir falar com ele, mas, será que eu vou conseguir encarar ele depois disso tudo? Comecei a ficar nervoso de repente.

– Hoje mesmo, ele vai sair durante a visita da tarde. Porém, a médica disse que não seria recomendado que ele voltasse para a casa vazia dele e ficasse sozinho. P-Pro caso dele tentar novamente... – Ela dá uma longa suspirada olhando para longe com um olhar triste – Como a Inko não está por aqui, decidi levar ele para nossa casa, vou colocá-lo no quarto onde fica sua bateria. Tudo bem para você? – Apenas assinto positivamente. É muita informação de uma vez na minha mente que já é tão barulhenta.

Viva por mim? (Bakudeku)Onde histórias criam vida. Descubra agora