capitulo 7

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Não vou fugir porque esse é o momento certo, Sheilla.– Gabriela comentou depois de um longo momento de silêncio entre elas.

Depois do beijo na cozinha, elas passaram a próxima hora assistindo ao vídeo do jogo e comentando os erros mais significativos. Gabriela ainda sentia o sorriso no rosto quando sentia a mão de Sheilla entrelaçada na sua no sofá.

Você é uma daquelas pessoas metódicas?– Sheilla tinha um sorriso no rosto encarando Gabi.

Elas estavam abraçadas há alguns minutos desde que o vídeo tinha acabado e Gabi não queria desfazer aquele contato quente e aconchegante.

Você não? – Gabi sorriu devolvendo a pergunta.—Tenho dificuldade em começar coisas novas ou fazer coisas que não seguem um roteiro.

Ela encontrou os olhos de Sheilla no caminho, eles brilhavam para ela.

Você já esteve em um relacionamento antes? – Gabriela encolheu os ombros com a pergunta. —Não vou te pedir em namoro, fique tranquila.

Sheilla sorriu baixinho esperando que Gabi respondesse.

Não. Sempre achei que fosse viver um amor grande como o dos meus pais, mas nem o amor deles foi tão grande assim.– ela desviou os olhos para a tela do computador na mesinha de centro. —Meu pai cuidava da gente como se nada mais importasse. Ele levava flores pra minha mãe e eles saíam para jantar toda sexta feira. Era aquele amor romântico que as pessoas sonham em conseguir, sabe? 

Sheilla continuou em silêncio esperando que Gabi voltasse a encará-la, mas isso não aconteceu. O silêncio durou poucos segundos até a pequena risada de Gabriela soar.

E aí minha mãe morreu e ele conheceu Carla e magicamente todo o amor tinha ido embora. – Gabriela fungou, tentando manter longe o aperto na garganta. —Foi como se o amor tivesse sido lacrado junto com a minha mãe naquele caixão. 

Se Gabriela estava preocupada com as lágrimas enquanto se aconchegava ainda mais contra o corpo de Sheilla, a outra mulher já sentia as bochechas molhadas por causa do choro.

Então decidi que não queria nunca passar por isso. Toda essa coisa de ser perdidamente apaixonada e depois seguir em frente. – Gabi limpou as lágrimas assim que elas deixaram seus olhos.—Tenho dificuldade em seguir em frente. Esquecer. Meu pai não me ensinou como seguir em frente, ele simplesmente o fez e esperou que eu fizesse o mesmo.

Gabriela odiava isso. Essas conversas que Sheilla conseguia tirar dela pareciam magicamente fáceis. Não que Rosamaria não tivesse ouvido algumas dessas palavras alguns anos atrás, mas ela estava lá, ela tinha vivido aquilo ao lado de Gabi e segurado sua mão enquanto ela chorava. Sheilla chegou muito tempo depois, com essa sensação que fazia Gabriela questionar seus medos e querer jogá-los fora.

Sei que parece muito e parece pesado, mas essas coisas estão seguras aqui dentro.– Gabriela disse por fim, colocando a mão de Sheilla sobre seu peito com um pequeno sorriso.

Sempre que te faço alguma pergunta que parece simples, você me surpreende. – Sheilla secou as próprias lágrimas, agora encarando Gabriela.—Tenho medo de estar forçando você a estar neste lugar.

Gabriela pensou por um segundo antes de sorrir.

Este é o lugar que eu quero estar agora, Sheilla.– ela selou seus lábios com cuidado.—Acredite em mim, sou boa em me esconder quando eu quero.

Elas sustentaram aquele olhar por alguns segundos até que Gabi perdesse o foco e desse outro selinho em Sheilla. 

Não quero que você se esconda. – Sheilla quase sussurrou.

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