espelho quebrado - yeongyu

Então viramos uma página nova

penúltimo capítulo

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Yeonjun acordou primeiro no dia seguinte ao som de Totó falando algumas palavras repetidas. Ele sorriu pelas memórias do dia anterior que vieram instantaneamente, e nem se lembrava da última vez que esteve tão leve por dentro.

Quando olhou para o lado e viu Beomgyu dormindo que nem um anjinho, teve a certeza de que era a pessoa mais sortuda do mundo. Simplesmente era recíproco. Mútuo. Bilateral. Os dois se gostavam, e era tão singelo que apenas a sensação de conforto ficava, com espaços mínimos para inseguranças ou algo do tipo.

E aquilo o fez perceber o tanto de tranquilidade que Beomgyu lhe passava. Eles nunca se julgavam enquanto conversavam, além de todas as palavras de encorajamento ao longo do tempo. Era muito fácil rir quando estavam juntos do mesmo jeito que também ficavam em silêncio sem problemas.

Ele não se lembrava de ter se sentido assim antes. Sempre estava repleto de ansiedade e medo, e Yeonjun se esforçava muito para ser bom o suficiente para as pessoas ao seu redor porque sentia que ser ele mesmo não era suficiente. Porém Beomgyu parecia gostar até mesmo de seus defeitos, e o dançarino estava se esforçando para aceitar isso sem suas paranóias de sempre, afinal, ele também amava tudo no escritor.

Ah, Yeonjun estava realmente feliz por ter Beomgyu ao seu lado.

Sentiu até vontade de voltar no tempo e mandar o seu eu de dois meses atrás não se preocupar com uma nova pessoa em sua vida.

Ele ainda ficou olhando para o escritor que nem um idiota e deixou um beijinho em sua testa antes de ir até o quarto arrumar toda a bagunça que fizeram no dia anterior. Beomgyu só acordaria mais tarde porque ele com certeza dormiu depois de Yeonjun, então faria o de sempre nas manhãs de domingo.

E seu corpo estava elétrico. Ele fez faxina na sala, limpou a pequena varanda e depois decidiu cozinhar algo especial para o almoço enquanto dançava a cada canto que ia ao som das músicas que deixou tocando no celular.

Ficou tão concentrado no seu próprio mundinho alegre, que nem percebeu quando Beomgyu chegou e começou a lhe gravar da porta da cozinha.

— Tá me dando vontade de dançar também. — O mais novo disse, estampando um sorriso divertido.

— Ei! — Riu, e foi até ele, pegando o celular dele e o colocando em cima da mesa para que os gravasse.

Yeonjun segurou sua mão e o girou no lugar, e Beomgyu também fez isso com ele. A música que tocava era um R&B relaxante, então o mais velho segurou a cintura do outro e começou a guiá-lo por uma dança lenta naquele pequeno espaço que estavam.

— Que vergonha, eu pareço uma porta perto de você. — Beomgyu escondeu o rosto no ombro dele.

— Sabe o que você parece mesmo? — Perguntou, e Beomgyu o olhou com curiosidade. — Um urso. Um bem fofo, por sinal. — Deixou um beijo em cada bochecha dele.

— E você parece a pessoa mais linda do mundo. — Sorriu que nem um idiota, dando um selinho nele. — Que cheiro de queimado é esse?

— O arroz! — Yeonjun o soltou, indo direto desligar o fogo e conferir a panela. — Só pegou um pouco no fundo. — Disse, aliviado.

— Hmm, e você fez o que aí? — Chegou perto.

— Tentei imitar aquelas comidas tailandesas que a gente compra de vez em quando. Se tá parecido, aí já é outra história... — Eles riram, e foram arrumar a mesa para almoçarem.

O cheiro estava ótimo e o gosto também, ainda que Yeonjun não se achasse um grande cozinheiro. Ao longo do almoço, Beomgyu o lembrou do seu primeiro lugar e fez questão de dizer o quão orgulhoso estava mesmo que isso se tornasse repetitivo.