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Os meses passaram lentamente, com altos e baixos, mas nada poderia ter nos preparado para o retorno da Hollow. Ela não era apenas um inimigo poderoso; ela era a sombra constante sobre nossas vidas. Mas, dessa vez, algo estava diferente, algo em mim tinha mudado desde a última vez que enfrentamos aquela bruxa ancestral.

Estávamos no jardim da mansão, compartilhando momentos tranquilos — ou o mais perto disso que nossa família chegava. Era raro ter todos reunidos e relaxados, e a cena era quase surreal: Klaus e Caroline conversavam calmamente, Kol provocava os gêmeos, e eu sentia aquela paz que há tempos não sentia. Até que o ar começou a pesar, e o ambiente ficou gelado.

De repente, a Hollow apareceu, sua forma se materializando como um nevoeiro negro e sinistro no meio de nós. Ela avançou direto em minha direção, tentando novamente me possuir, mas o que aconteceu a seguir mudou o rumo de tudo.

O impacto do poder dela foi imediatamente repelido. O choque era visível no rosto da Hollow. O medo que ela tentava esconder começou a transparecer.

— Como... como não está dando resultado? — A voz dela, antes carregada de ameaça, agora parecia frágil. O terror brilhou em seus olhos, algo que eu nunca tinha visto nela.

Senti o poder dentro de mim crescendo, e pela primeira vez, não era assustador. Era reconfortante, como se eu estivesse finalmente entendendo quem eu realmente era. Cruzei os braços e avancei um passo, sentindo o calor da confiança correr pelas minhas veias.

— Eu sou a última carta na manga — disse com calma, minha voz firme e serena. — Sou a filha de Klaus Mikaelson. O pesadelo da porta ao lado. Eu treino com os maiores caçadores de vampiros e do sobrenatural que já existiram. — Inclinei a cabeça, um sorriso perigosamente calmo tomando conta dos meus lábios. — Eu vou pegar você, sua vadia psicopata.

A Hollow hesitou por um segundo, e então desapareceu no ar, deixando apenas o eco do seu fracasso.

O silêncio caiu sobre o jardim por alguns segundos. Eu podia sentir os olhares sobre mim, principalmente o de Klaus, que nunca demonstrava suas emoções abertamente, mas naquele momento, havia um brilho de orgulho em seus olhos. Caroline se aproximou, o sorriso mais largo do que o normal.

— Essa é a minha filha. — O orgulho em sua voz era inegável, e quando olhei ao redor, todos os rostos estavam voltados para mim, cheios de admiração.

Quebra de tempo

Alguns dias depois, a rotina tinha voltado ao que chamávamos de "normal". Estávamos todos sentados na sala de jantar, lanchando, enquanto Kol, como sempre, provocava Klaus sem parar. Meu pai, impaciente, ameaçou empalá-lo mais uma vez, pela décima quarta vez naquele dia.

— Será que podemos ser uma família normal por alguns segundos? — perguntei, tentando manter a calma, embora já estivesse bastante irritada com a situação.

Rebekah, que estava quieta até então, me olhou fixamente, como se estivesse vendo algo mais profundo do que a cena diante de nós. Seu olhar parecia me atravessar, e ela abriu um sorriso leve.

— Tia, o que a senhora tanto vê em mim? — perguntei, confusa com o olhar distante que ela me dava.

Ela sorriu suavemente, parecendo perdida em pensamentos por um momento antes de responder.

— Você só me lembra muito o seu tio — disse ela, com carinho.

— Tio Elijah?

— Estão falando de mim? — Elijah, sempre tão silencioso e elegante, surgiu do nada, como se tivesse estado à espreita o tempo todo. Sua presença sempre carregava um tipo de serenidade que quase parecia estranho em meio ao caos que era nossa família.

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