Não eram irmãos de sangue, tão pouco eram amigos, criados juntos em um seio familiar cheio de amor, descobriram que todo aquele ranço que sentiam um pelo outro podia ser outra coisa e somente quando estavam em Hogwarts eles se deram conta disso.
"Mesmo agora ainda parece que ele está em silencio em seu quarto."
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Harry recebeu a carta de seu irmão na manhã seguinte, ficou totalmente encantado com a atitude de Tom, ele também não gostava muito de seu irmão, gostava mesmo era de irrita-lo, seu espirito aventureiro e corajoso o colocava em situações que sempre deixavam Tom com os nervos a flor da pele.
Ele leu e releu a carta com extrema satisfação, sentiu falta de alguns detalhes, mas depois de mostrar sua carta a sua mãe, ela o incentivou a não pedir mais detalhes sobre o castelo.
— Veja bem querido, no próximo ano é você quem vai a Hogwarts, então seria bom que fosse surpresa tudo o que vai descobrir por lá, acho que é isso o que seu irmão quis lhe dizer, mas escreva pra ele contando sobre seus dias e suas aventuras. — Lilian falava com um sorriso meigo nos lábios.
No fundo ela sabia que os filhos não se davam mito bem, porem a ida de Tom a Hogwarts parecia ter unido a ambos.
— Mas mãe, ele não gosta das minhas aventuras, ele diz que sempre faço besteira e vivo colocando ele em encrenca, acho melhor não dizer nada sobre minhas aventuras. — Harry soltou um muxoxo desanimado. — Na verdade não tenho nada demais para contar a ele, seria melhor eu não escrever.
Harry pegou o pergaminho amarelo no qual tinha recebido a carta de Tom, e foi para seu quarto, pensou em muitas coisas e nada fazia sentido até que teve uma ideia, não era a melhor ideia de todas, mas era algo que lhe tirou um sorriso.
Desceu as escadas correndo como um retardado, atropelando a gata da família e chegando todo exasperado na frente de seu pai no escritório.
— Pai, qual o nome do Tom? Digo o sobrenome dele antes de ser adotado? — Inqueriu afoito e com olhos suplicantes.
— Hn, era Tom Marvolo Riddle, qual o motivo da pergunta Harry? — Tiago parecia ter ficado serio do nada, como se a pergunta do filho o tivesse ofendido.
— Bom, ele gosta da gente, ele os ama, mas ele tem extremo respeito pelas memorias dos pais dele, achei que seria legal dar a ele um diário para que ele guarde seu dia a dia, mas queria por o nome dele na capa, o nome de antes de ele ser adotado. — A explicação de Harry fazia sentido, porem, seu pai o olhou um pouco nervoso.
— A ideia é boa meu filho, mas Tom pode se sentir excluído de nossa família, sabe que ele se sente assim as vezes, colocar o nome dele em um diário pode ser um pouco demais.
— Tudo bem... eu acho que entendi... — Falou dando um meio sorriso a seu pai.
Harry voltou a seu quarto e começou de imediato a trabalhar em seu projeto, ignorando o aviso de seu pai ele agora queria fazer aquilo com as próprias mãos.
"Tom não se sente parte da família, então não tem nada de errado eu lhe dar um diário com seu verdadeiro nome, eu sei que ele vai usar esse nome quando fizer dezoito."
Harry não estava totalmente errado em sua linha de raciocínio, mas isso era algo que não tinha haver com ele ou sua família era como Tom se sentia, era algo que pertencia somente a Tom e ele agora iria cruzar essa linha.
Fez um encadernado com a capa preta onde escreveu o nome de Tom em letras douradas no canto inferior, molhou as paginas com chá de ervas para dar um aroma distinto e ao mesmo tempo dar um ar de envelhecida as paginas.
O encadernado ficou no sol por uma semana até se secar por completo, era aquele o projeto pessoal de Harry, algo que ele fez contra a vontade de seus pais, quando estava tudo pronto ele escreveu uma carta para seu irmão, carta essa que seria enviada juntamente com o diário.
Potter, Tom
Me senti muito feliz com sua carta, é bom saber que encontrou amigos já que sempre vivia isolado aqui em casa.
Não estou dando trabalho ao papai e a mamãe, tenho me empenhado na escola dos trouxas, aparentemente é muito importante ter o estudo deles, embora sejamos bruxos e nosso sistema de aprendizado seja muito diferente.
Ontem me irritei com um dos colegas do novo colégio, ele ficou zombando meus óculos, achei ofensivo demais, mas não fiz nada com ele, já que não podemos usar magia mesmo de forma inconsciente.
Mas o motivo desta carta é para te dar um presente, eu fui alertado por nossos pais para não fazer isso, só que eu sei que você gostaria disso, você tem lembranças boas de seus pais biológicos e seria essa então a forma que achei de lhe fazer lembrar deles.
Eu gosto muito de te ter em nossa família, embora tenhamos nossas diferenças, mas você se sente deslocado desde que éramos crianças, você nunca deixa suas coisas espalhadas, sempre as guarda em um cantinho e nunca se importa se vai ou não ganhar algo em seu aniversario.
O seu nome, o nome que seus pais lhe deram está na capa de um diário, um que eu mesmo fiz para você, algo que eu queria que fosse seu amigo, para colocar nele seus segredos mais valiosos, para não se sentir sozinho ou deslocado.
Eu gosto de você Tom, pode parecer que não, mas eu gosto sim.
Potter, Harry.
Harry olhou a carta e não se importou em fazer nenhuma alteração, ele achou que suas linhas estavam bem elaboradas e cheias de coerência.
"Tom, ele vai gostar desta carta e do presente, eu tenho certeza de que ele vai amar cada linha."
