Não eram irmãos de sangue, tão pouco eram amigos, criados juntos em um seio familiar cheio de amor, descobriram que todo aquele ranço que sentiam um pelo outro podia ser outra coisa e somente quando estavam em Hogwarts eles se deram conta disso.
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Harry não contou a seus pais sobre o que tinha feito, assim como guardou a ultima carta de Tom em sigilo, ele entendeu o tamanho de sua besteira e agora lia a carta quase todas as noites antes de dormir.
Antes alegre e cheio de vida, agora triste e sempre receoso.
— Harry? — Rony Wesley seu melhor amigo chamava sua atenção.
— O que foi "Ron"? — Inqueriu revirando os olhos.
— você sabe que precisa prestar atenção nessa aula, seu pai disse que se não passar em matemática na escola dos trouxas ele não vai te deixar ir a Hogwarts no próximo ano.
— Eu sei Ron, mas estou preocupado com uma besteira que eu fiz, acho que dessa vez eu estraguei tudo mesmo. — Falou sem olhar para Rony, olhou o aglomerado de números em seu caderno e aquilo parecia fazer um nó em sua cabeça.
— No intervalo conversamos melhor, mas tenta prestar atenção.
A coisa mais improvável do mundo era Rony chamar atenção de Harry com algum tipo de estudo, mas era isso o que estava acontecendo naquela manhã.
No intervalo, Harry não se abriu com Rony, na verdade ele ficou na biblioteca escrevendo um pedido de desculpas a Tom, contudo, ja era a quinta carta que ele escrevia a seu irmão e não tinha resposta alguma.
"Logo vai chegar o natal, ele vai ter que me encarar, pessoalmente ele não pode fingir que nada está acontecendo. "
Esse seu pensamento durava já algumas semanas, Harry estava ansioso para a chegada do natal, onde poderia se sentar e tentar conversar com Tom.
— Harry, tem escrito a seu irmão? — Tiago inqueriu na mesa do café da manha.
— Oh, sim claro o tempo todo, ele me da muitos detalhes sobre Hogwarts e sobre os amigos dele. — mentiu sentindo um bolo se formar em sua garganta, mas se começasse a chorar ali iria denunciar sua mentira.
— Ah, que bom, não quero que fiquem muito afastados, vocês precisam se apoiar um no outro se por ventura eu e sua mãe viermos a faltar. — Respondeu despreocupado olhando para sua esposa.
— Seu pai tem razão, nossa profissão é um tanto perigosa, e já deixo adiantado que nas próximas semanas vai ficar com os Dursley, minha irmã concordou em cuidar de você, mas não se preocupe voltaremos até o natal. — Lilian sempre muito melodiosa ditava as palavras a seu filho de forma doce e meiga.
— tudo bem ... — Harry murmurou pegando um pedaço de torrada.
O garoto olhou para o lugar no qual seu irmão costumava se sentar e a saudade começou a lhe apertar o peito, ele não sabia que seu irmão odiaria tanto assim o diário.
"Tive um enorme trabalho para fazer aquelas paginas, ele deve tê-lo rasgado por completo, já que me enviou uma das paginas como resposta." — pensou enquanto passava a geleia no pão.
— Harry, conseguiu melhorar suas notas em matemática? — Lilian inqueriu colocando uma jarra de suco de laranja na mesa.
— Sim, consegui, o boletim chega na outra semana pelo correio dos trouxas, Rony me ajudou com isso, ele não é muito inteligente mas de números ele gosta. — Respondeu sem olhar para sua mãe, seus olhos continuavam fixos na cadeira que antes pertencerá a seu irmão.
— Que ótimo, agora é só esperar pela carta, você faz aniversario um pouco antes do ano letivo, então acho que agora falta pouco. — Lilian notou o olhar de seu filho para a cadeira vazia. — Em breve vai poder estar com seu irmão.
— Eu sei, mas não é isso o que me preocupa, ainda estou pensando na matemática. — Harry sem dar mais respostas a seus pais sorriu um pouco sem graça, pegou sua mochila e os encarou. — Acho que já está na hora de ir... até mais tarde.
— Espere, podemos te levar de carro, hoje estamos com mais tempo, nem comeu nada, alias não tocou na comida, se alimente primeiro, depois te levamos a escola. — Tiago falou abrindo um jornal, era o profeta diário. — Gringotes está sob ameaça de ser assaltado, mas quem seria louco a esse ponto? — falou para si mesmo olhando fixamente para o jornal.
Harry terminou seu café da manhã a contra gosto, engolir estava difícil já que tinha um bolo enorme em sua garganta, ele mal conseguia olhar direito a seus pais, queria resolver suas questões com Tom, antes de qualquer coisa.
Ficou o dia todo remoendo o que escreveria em sua ultima tentativa de se aproximar de Tom, logo a noite quando já tinha chorado o suficiente ele encarou um pedaço de folha amarelada, eram as sobras do encadernado que ele havia feito a alguns meses.
"Minha ultima carta pra ele."
Potter, Tom.
Eu só queria te trazer uma lembrança boa de seus pais, como o sobrenome que eles te deram, em momento algum eu quis cortar laços ou te dizer que não era da nossa família.
Tom, por favor me perdoa, eu gosto muito de você, e ja te enviei tantas cartas e sinceramente não sei mais o que escrever para que me perdoe, eu não tenho dormido, não tenho comido direito, não consigo fazer nada sem pensar em como me desculpar, Você sempre vai ser Tom Potter.
Essa é a ultima carta, talvez não me veja em Hogwarts também, eu sinto muito mesmo Tom, do fundo do meu coração te peço perdão, nunca mais vai ter que lidar comigo.
Harry.
Harry diferente de suas outras cartas não colocou seu sobrenome no final, ele nem queria colocar o traço.
Passou a noite chorando e tremendo de frio, estava com febre emocional por causa do afastamento e a falta de perdão.
Pela manhã Lilian encontrou Harry com quase quarenta graus de febre, seus olhos não abriam e ele apenas murmurava o nome do irmão.
— Preciso pedir para que Tom venha, em casos de emergência eles deixam os alunos irem pra casa. — Tiago comentou levando seu filho as pressas a uma bruxa chamada Gardencia, ela trabalhava no hospital dos trouxas como medica, isso sempre ajudava os bruxos com filhos pequenos ou aqueles que eram atacados e não conseguiam achar um hospital bruxo a tempo.
— Sim, ele é um bom irmão, vai entender que Harry está com saudades.
Mas nem com essa informação Harry parecia reagir, ele continuava com a febre alta e agora parecia estar convulsionando, o que preocupou mais ainda os Potter.
