Bigger than the whole sky

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[Nota: Olá! Eu tava com muita saudade de Highway. Esse é o primeiro  de uma trilogia (ou quantos eu quiser fazer) de extras!!! Uma coisinha curta para aqueles que querem mais da Tane e uma atmosfera mais caseira com temas sobre aceitação, morte, maternidade e amizade. Aproveitem, seus fudido! Amo vocês.
⚠️TW: Morte, doença terminal, temas sensíveis]
 

 
 
         

  Ela poderia ter mentido e dito que estava tudo bem, mas ele era seu filho e estava assustado.

— Será que tem alguma coisa lá? — perguntou Osamu, ele se agarrava ao lençol, parecia tentar esconder sua preocupação. Ele queria ser um garoto valente.

 — Como o que?

 — Um fantasma, obviamente.

 Tane tentou conter uma risada. Seria traumatizante para uma criança de seis anos se sua mãe fizesse graça com um medo irracional. Na época ela não riu porque era compreensível que ele ficasse com medo por causa da mudança de casa.

 — Quer que eu veja?

 Ele assentiu timidamente. Ele nunca gostou de mostrar medo, ele era o garoto mais inteligente da turma e talvez o mais maduro, mas ele costumava chorar quando tinha vontade. Ou se não conseguia segurar.

 Aquilo era um alívio. Mas não durou muito, como todas as crianças, em algum momento ele pararia de demonstrar emoções de uma maneira interpretável. Mesmo com sua experiência limitada como mãe, Tane sabia que era saudável que seu filho confiasse nela e demonstrasse o que sentia da melhor maneira possível. Seus pais não sabiam disso e ela queria que seu próprio filho soubesse que poderia tê-la como uma amiga desde cedo.

 Ele ainda tinha apenas seis anos. Ainda era sua primeira infância, ela não o culparia por acreditar em fantasmas debaixo da cama. Não era justo culpá-lo por ter medo. A diferença entre os sentimentos de uma criança e um adulto, é que o adulto mente por ser mais fácil e por não querer ficar sozinho.

 Ela se abaixou e olhou embaixo da cama.

 — Oh não!

 — Tinha mesmo? — ele perguntou se inclinando de forma agitada.

 — Tinha, mas ele foi embora quando eu tentei pega-lo.

 — Hmm...

 — É sério — ela se sentou ao lado dele na cama — Ele era pequeno então não vai mais voltar — ela beijou o topo da cabeça do garotinho — Pode dormir tranquilo. 

 — Deixa a luz do corredor acesa? Só por hoje — ele segurava seu braço inclinado um pouco o rosto impedido que o visse. 

 Tane sorriu. 

 Como poderia amar tanto alguém? Odiou a ideia de estar grávida durante os primeiros momentos. Inicialmente, e mesmo agora, a ideia de ser mãe era como perder parte de sua vida e de sua personalidade. Gravides e maternidade eram ideias superestimadas que nunca foram suas ambições. Ela se sentiu frustrada, irritada e sozinha.

 Era quase irritante como Tane não era mais ela mesma no momento em que se casou.

 Foi pior quando descobriu que seria mãe.

A dor, a perda de parte de si mesma, todo o processo. Aquilo era horrível. Quando segurou Osamu pela primeira vez foi estranho. Ela ficou enjoada, assustada. Por um tempo, apenas Tsushima parecia confortável para segurar o filho. Tane estava cansada, o choro dele lhe soava estranho, amamentá-lo era como um protocolo. Por que nunca lhe contaram sobre como seria difícil?

Highway; Soukoku Onde histórias criam vida. Descubra agora