The promises we made - V

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Capítulo V - The promises we made

"As promessas só comprometem aqueles que as recebem."

Charles de Gaulle



A primavera já tinha chegado, mas os resquícios do inverno ainda estavam presentes. Sentia o frio nos ossos. Havia uma fresta proposital na janela por onde o vento de início da estação se embrenhava e rugia. Se ela se esforçasse, quase poderia ouvir Draco dizendo para que ela parasse de fazer aquilo antes que ficasse resfriada.

Genevieve acordou enroscada em seus lençóis, seus braços e pernas presos desajeitadamente nos tecidos pesados. Lutou freneticamente para se livrar do emaranhado que a prendia, o vento frio arrepiando sua pele úmida de suor. Deslizou para fora da cama e calçou o par de pantufas que algum dos elfos provavelmente havia deixado para ela.

Com o coração ainda retumbante, fechou as pesadas portas de carvalho atrás de si e se arrastou para fora do quarto, encarando nervosamente a extensão do corredor. Mamãe não permitia que as janelas ficassem abertas durante as noites frias, por isso não poderia contar com a luz do luar, apenas com os candelabros nas paredes. Também não havia barulho além dos ocasionais roncos e assobios que vinham dos retratos animados. Em algum momento a imagem de vovô Friedrich pigarreou e fungou alto e Genevieve pulou de susto.

Firmando-se como a bruxa corajosa que papai dizia que ela era, rapidamente cruzou o corredor e desceu a longa escadaria até o segundo andar, pisando cuidadosamente para que o barulho de seus passos não chamasse a atenção das fadas-mordentes que Theo disse ter visto voando pela propriedade - ele disse que elas eram atraídas pelo som de bruxinhas perambulando durante a noite.

Logo avistou o brilho amarelado que escapava da fresta das portas do escritório de seu pai. Ela não deveria atrapalhá-lo, chamar outra pessoa seria o melhor a se fazer, mas mamãe tinha um sono muito pesado e Theo ainda estava chateado por ter perdido no xadrez mais cedo, então não havia outras opções. Respirou fundo e, temendo passar mais tempo no corredor escuro e com as lembranças do pesadelo ainda muito vívidas, empurrou a porta de leve e espiou pelo espaço aberto. Tentou ser discreta, mas se assustou quando notou que seu pai não estava sozinho como ela esperava que estivesse àquela hora da noite.

Um homem gordo com um cavanhaque escuro e pontudo estava sentado na poltrona de couro perto do fogo e murmurava baixinho com seu pai, e havia também outra figura; alta e sombria de pé ao seu lado, escondida sob uma longa túnica negra e o rosto coberto por uma terrível máscara.

Genevieve não pode conter o espanto e um grunhido assustado escapou de sua garganta. Ela estava prestes a se virar para fugir, já arrependida de ter deixado a cama, quando o timbre cansado e suave de seu pai se sobressaiu.

- O que faz aqui a essa hora, Genevieve? - é claro que ele sabia que ela esteve aqui o tempo todo. Hesitante, ela empurrou a porta do escritório e entrou. De pé, diante daquelas três intimidantes figuras que formavam uma pintura tão estranha, se sentiu mais do que nua coberta apenas com a camisola de babados.

Por um instante Genevieve quis soltar uma das palavras feias que Draco havia ensinado para ela. Por que ela tinha pesadelos nos piores momentos?

- Eu... eu tive um pesadelo, papa - Confessou em um fiapo de voz, as bochechas coradas além da vergonha. Ela já era grande para isso, Lullabel dizia que aos quatro anos ela já era uma senhora da sociedade.

Esperando que sua presença fosse simplesmente esquecida, baixou os olhos e apenas encarou as pantufas. Focada demais eu seu próprio constrangimento, não reparou quando a conversa entre os homens cessou ou em como, com apenas um olhar, seu pai fez com que os homens se recolhessem e fossem em direção ao flu, onde desapareceram entre as chamas esverdeadas sem uma palavra de contestação.

I'm not alone anymoreOnde histórias criam vida. Descubra agora