Chapter III - If we were family

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- Desculpe-me soar tão grosseiro, mas... o que está fazendo aqui?


Uma visão interessante era aquela. Geoffrey Nott II, a mão da casa Nott, respeitado por tantos e temido por mais ainda, de pijamas, sentado no chão do corredor, de olhos vermelhos e rosto cansado enquanto encarava as portas de um quarto que não era seu.

O homem sequer parecia ter ouvido a pergunta, mas seus olhos atentos se voltaram para a figura magra do menino que se aproximava para se sentar ao seu lado.

- O mesmo que você - o murmúrio da voz rouca ecoou pelo longo corredor - vim garantir que não era só um sonho.

Se estivesse com vontade de contar a verdade, Theodore poderia ter confessado sequer ter dormido.

Havia entrado no quarto, retirado as roupas do dia, peça por peça; lavado o rosto, escovado os dentes e encostado a cabeça no travesseiro, e então permaneceu nessa mesma posição por quase quatro horas quando finalmente desistiu de tentar ser levado pelo sono e cedeu aos instintos que o direcionavam ao quarto ao lado.

Estava ali. Ao alcance das mãos, depois de tanto tempo.

Levantou-se aos tropeços, os pés embolados entre os lençóis, e saiu porta a fora dando de cara com o ar morno da primavera que corria pelas janelas abertas dos corredores e com o pai largado no chão, parecendo terrivelmente miserável.

Theodore respirou fundo e se arrastou até estar sentado ao lado do pai, de frente as portas do quarto da irmã.

Passou os dedos pelos desenhos estranhos que adornavam o longo tapete persa que se estendia pelo corredor.

- Você já...- perguntou incerto.

- Sim - respondeu Geoffrey compreendendo a meia pergunta - Dormindo pacificamente no meio de dezenas de travesseiros, como quando era criança. Como se nenhum dia tivesse passado.

Theodore se virou levemente para encará-lo.

- Estranho pensar que confie o suficiente em nós para dormir sem feitiços de proteção ao redor do quarto. Parece imprudente - comentou Theodore franzindo o cenho. Ele tinha certeza de que ela era mais inteligente do que isso. Ele podia nunca ter trocado mais do que meia dúzia de palavras com ela durante a escola, mas ela era Hermione, afinal de contas. Sua reputação a precedia.

- Concordo - disse Sr.Nott assentindo- mas estou quase certo de que era um teste. E realmente acho difícil de acreditar que eu não teria sido estuporado caso me aproximasse demais da cama - Geoffrey riu baixinho e Theo o acompanhou.

A risada foi levada embora pelo uivo baixo do vento que transpassava as cortinas das janelas abertas que ladeavam o longo corredor.

- O senhor ficou com medo? Medo de que ela não nos aceitasse? - Theodore o encarou inquisidor. Os dedos no colo nervosamente se entrelaçando, o sussurro de um hábito antigo que não foi extinguido por completo - Eu fiquei -confessou - Estava apavorado por pensar que ela poderia simplesmente decidir que não nos queria e fosse embora novamente.

Segundos se passaram sem nenhuma resposta além da respiração ritmada dos dois.

- Sim, tive medo - respondeu Geoffrey baixinho - Antes, antes de deixarmos a escola eu vi, não estou muito certo do que poderia ter sido, mas havia algo nos olhos dela... Como se estivesse assustada, assustada de verdade. Por um instante tive medo que ela simplesmente se recusasse a vir e eu acabasse sendo obrigado a trazê-la à força.

- Teria feito isso? -Theo franziu as sobrancelhas- Mesmo que ela o odiasse depois? Sacrificaria qualquer possível afeição que ela pudesse sentir por você para tê-la por perto?

I'm not alone anymoreOnde histórias criam vida. Descubra agora