Capítulo 3 - De Volta a Realidade

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Abro os meus olhos sem sentir a mínimo de vontade de me levantar – Ontem adormeci de madrugada com os pulsos mutilados, derramei muitas lágrimas, chorei angustiado e molhei todo o travesseiro. — Com muito preguiça, bocejo me erguendo indolentemente, e me sento calmamente com as costas na cabeceira. Pego meu smartphone debaixo do travesseiro, e vejo que tá marcando: oito e cinquenta sete.

Meu quarto está uma bagunça, roupas jogado por todo o canto, no chão, na cama e até pendurado na porta. Alguns posts de bandas favoritas estavam quase descolando do meu guarda-roupa — A dias não organizo esse quarto, talvez algumas semanas.

Que sonho bizarro, por um momento eu realmente achei que tinha morrido. E todo aquele papo com o Deus Hórus pareceu tão real, e se não fosse o fato dele ser um cara jovem e loiro de vinte anos, eu teria realmente acreditado – Que estranho, sinto algo um pouco acima do peito, como se fosse algum objeto.

Me assustei agarrando o "negócio", e puxei para fora da camisa. E me deparo com um colar, o mesmo oferecido pelo Deus Hórus – Como assim? Então que dizer que isso não foi um sonho – Eu realmente voltei a vida. Preciso explicar tudo o que aconteceu para minha mãe agora.

Me levanto rapidamente jogando a coberta para os ares, e corro descalço pisando nas roupas do chão, indo até a porta.

Pov Narrador:

A mãe do Cristopher se encontrava na sala, conversando com o técnico de internet na portaria. A mesma tinha cabelos longos e negros, por mais que seja mais velha, ela aparenta ter uns vinte cinco anos, como de costume; usando calça jeans e camiseta colada.

Cristopher aparece eufórico na sala, mas se contendo com a presença do técnico que já estava se despedindo. Ao lado, sentada atrás de uma mesinha perto do sofá mexendo no notebook, estava a sua irmã, uma menina extrovertida e alegre, de cabelos castanhos e presos estilo: "Maria-Chiquinha". Usando normalmente vestidinhos coloridos e laços na cabeça.

O garoto estava confuso com a reação calma de sua família. Logo ouve a porta sendo fechado, e sua mãe vir em sua direção com um olhar de desconfiança.

Próximo do jovem, a mesma se pronuncia seriamente:

— Precisamos ter um conversar Cris.

Engolindo seco, e prevendo o que poderia ser, Cristopher tenta minimizar a situação:

— Olha mãe, eu posso explicar. Parece estranho mas...

— Eu sei — interrompe a mãe fazendo uma expressão incrédula.

— Eu sei mais. Não deve ter sido tão.. — dizia Cristopher coçando a nuca, até parar por um segundo e refletir. E depois, prossegue. — Espera mãe, a senhora sabe o que?

— Eu vi os históricos do roteador — revela a mesma balançando a cabeça e revirando os olhos negativamente, e continua. — Eu sei que você é jovem, mas para com... — ela olha pra sua filha entretida no notebook, e prossegue com o tom de voz baixo para o mesmo. — Mas para com essa porcaria de pornografia, você está me entendendo!?

Pasmo com a situação, o garoto sorrir meio sem graça, pois estava imaginando o pior. Meio sem jeito, o mesmo diz envergonhado:

— Foi mau! Aliás, acontece né!

— Para com essa porcaria! — avisa a mesma de olhos azuis escuro. Percebendo que o seu filho tinha acordado cedo demais, a mesma pergunta indo até a cozinha. — Por que levantou tão cedo, quero dizer: cedo pra você, já são nove horas, pra quem costuma acordar as onze deve ter um motivo muito importante, não?

"Que estranho, ninguém aqui em casa está assustado pelo fato de eu ter voltado da morte" — pensou Cristopher olhando para sua mãe neutra e depois para sua irmã sorrindo com o notebook — "Talvez, eu nunca tivesse cometido suicido. Então automaticamente, eu nunca morri, só é mais um dia normal para elas. Então, não faria sentido explicar o que aconteceu para elas"

Remanescentes - Oitavo PilarOnde histórias criam vida. Descubra agora