VIII. Para que Serve Desejos?

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— Senhorita! — Myamura chegou à sala de jantar ofegante, seu terno parecia ter enfrentado uma batalha feroz e saído derrotado de uma garrafa apertada.

Aoi permaneceu sentada à mesa, seu jantar já esfriando, os olhos azuis intensos demonstrando um mistério indescritível, talvez até mudando de cor.

— Seu pai ... Já está aqui... — ele anunciou, e, segundos depois, Ryou entrou na sala, ainda mais desgrenhado que Myamura, com o rosto abatido, o cabelo em total desalinho e olheiras que tinham crescido no último mes. Apesar da idade já está chegando, Ryou era um homem atraente, mas o trabalho estava claramente cobrando seu preço.

— Boa noite. — ele cumprimentou, sentando-se em frente à filha. O motorista já havia se retirado, deixando-os sozinhos.

— Onde estava? — Aoi perguntou, aparentemente tranquila, sem desviar a atenção do prato que uma das empregadas lhe servia. Ela havia prometido esperar seu pai para o jantar, pois ele também prometera chegar cedo para desfrutar de uma refeição em família.

— Eu... Estava revisando algumas coisas para o trabalho... E havia o evento que se aproxima, com a nova linha de roupas e novos modelos. Uma confusão. — ele suspirou. — Mas está tudo resolvido!

— Que bom para você! - ela respondeu com desinteresse, cortando fundo no pai.

— Aoi! — ele começou calmamente, não querendo arruinar o momento. Não agora. Por que ela tinha que ser tão desafiadora? — Eu peço desculpas, mas...

— Mas o quê? O trabalho é mais importante que sua filha? Você pensa que não percebo isso? - ela retrucou indignada.

— Isso não é verdade. — ele rebateu, magoado.

— É óbvio que é! Olhe para você! — ela apontou em sua direção. — Você me prometeu que estaria aqui cedo, e já passou da hora do jantar. É isso todos os dias, droga.

— Modos! — Ryou tentou interromper.

— Modos. Modos . —  ela continuou a discutir.

— Eu sou seu pai, mocinha, exijo respeito! — ele respondeu, agora alterado.

— Pai? Correção. Você é meu genitor. Pai é aquele que se preocupa e está presente na vida dos filhos, que compartilha os momentos mais felizes e tristes com eles. Onde você estava quando aprendi a ler? — Ryou ficou em silêncio, mas Aoi prosseguiu. — Onde estava quando torci o tornozelo na primeira vez que andei de bicicleta sem rodinhas? Você nem mesmo me deu boa noite e um beijo antes de dormir, como os verdadeiros pais fazem.

— É o meu trabalho que sustenta você, que proporciona esta casa, a melhor educação em todo o mundo.

— Você só se preocupa com a sua empresa... Olha o que está dizendo!

— Empresa, Aoi, que será sua um dia...

— EU NÃO QUERO ESSA EMPRESA IDIOTA! —  exasperou-se, assustando todos os empregados que ainda estavam presentes. — Você nem sabe o que eu quero ser! — ela balançou a cabeça, as lágrimas prontas para rolar.

Ryou estava perdido diante da situação.

— Temos regras aqui, e é hora de você começar a obedecê-las. Peça desculpas. É assim que se comporta?

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