— Senhorita! — Myamura chegou à sala de jantar ofegante, seu terno parecia ter enfrentado uma batalha feroz e saído derrotado de uma garrafa apertada.
Aoi permaneceu sentada à mesa, seu jantar já esfriando, os olhos azuis intensos demonstrando um mistério indescritível, talvez até mudando de cor.
— Seu pai ... Já está aqui... — ele anunciou, e, segundos depois, Ryou entrou na sala, ainda mais desgrenhado que Myamura, com o rosto abatido, o cabelo em total desalinho e olheiras que tinham crescido no último mes. Apesar da idade já está chegando, Ryou era um homem atraente, mas o trabalho estava claramente cobrando seu preço.
— Boa noite. — ele cumprimentou, sentando-se em frente à filha. O motorista já havia se retirado, deixando-os sozinhos.
— Onde estava? — Aoi perguntou, aparentemente tranquila, sem desviar a atenção do prato que uma das empregadas lhe servia. Ela havia prometido esperar seu pai para o jantar, pois ele também prometera chegar cedo para desfrutar de uma refeição em família.
— Eu... Estava revisando algumas coisas para o trabalho... E havia o evento que se aproxima, com a nova linha de roupas e novos modelos. Uma confusão. — ele suspirou. — Mas está tudo resolvido!
— Que bom para você! - ela respondeu com desinteresse, cortando fundo no pai.
— Aoi! — ele começou calmamente, não querendo arruinar o momento. Não agora. Por que ela tinha que ser tão desafiadora? — Eu peço desculpas, mas...
— Mas o quê? O trabalho é mais importante que sua filha? Você pensa que não percebo isso? - ela retrucou indignada.
— Isso não é verdade. — ele rebateu, magoado.
— É óbvio que é! Olhe para você! — ela apontou em sua direção. — Você me prometeu que estaria aqui cedo, e já passou da hora do jantar. É isso todos os dias, droga.
— Modos! — Ryou tentou interromper.
— Modos. Modos . — ela continuou a discutir.
— Eu sou seu pai, mocinha, exijo respeito! — ele respondeu, agora alterado.
— Pai? Correção. Você é meu genitor. Pai é aquele que se preocupa e está presente na vida dos filhos, que compartilha os momentos mais felizes e tristes com eles. Onde você estava quando aprendi a ler? — Ryou ficou em silêncio, mas Aoi prosseguiu. — Onde estava quando torci o tornozelo na primeira vez que andei de bicicleta sem rodinhas? Você nem mesmo me deu boa noite e um beijo antes de dormir, como os verdadeiros pais fazem.
— É o meu trabalho que sustenta você, que proporciona esta casa, a melhor educação em todo o mundo.
— Você só se preocupa com a sua empresa... Olha o que está dizendo!
— Empresa, Aoi, que será sua um dia...
— EU NÃO QUERO ESSA EMPRESA IDIOTA! — exasperou-se, assustando todos os empregados que ainda estavam presentes. — Você nem sabe o que eu quero ser! — ela balançou a cabeça, as lágrimas prontas para rolar.
Ryou estava perdido diante da situação.
— Temos regras aqui, e é hora de você começar a obedecê-las. Peça desculpas. É assim que se comporta?
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Motivo
Romance[...] E então, aconteceu. Em seu primeiro dia na cidade, Aoi esbarrou em um rapaz com cabelos selvagens e um olhar feroz nos olhos e assim como ela, parecia ter uma raiva incontrolável dentro de si. O encontro não foi amigável, e suas palavras troca...