Namoro é o tempo do conhecimento entre duas pessoas que se gostam e se combinarem, noivam, casam, vivem juntos pelo período que o amor e a harmonia prevalecem. Pelo menos era assim que Kim Taehyung pensava.
Era apaixonado por Jeon Jungkook, seu dongsaeng, desde que passou pela puberdade — de pêlos faciais e pubianos crescendo e hormônios à flor da pele —, descobrindo estar romanticamente interessado no moreno aos dezenove anos. Aguardou, esperando pelo moreno, pelo menos, alcançar os dezoito — já que era quase dois anos mais velho; tendo o Jeon dezessete aninhos —, percebeu ser tarde demais quando o viu de mãos entrelaçadas com Park Jimin, seu melhor amigo.
Entretanto, isso não o abalou tanto quanto pensou que aconteceria, pois o Kim depois de alguns meses se conformara com a notícia, mesmo que isso não tenha diminuído de forma alguma sua paixão adolescente pelo Jeon. Parecia que o efeito era inverso, porque quanto mais tentava esquecer de seu dongsaeng, mais ele impregnava sua mente, viajando sorrateiramente por seu corpo e instalando-se diretamente em seu órgão vital, o coração.
Embora sabia que não era somente isso, uma simples paixão passageira. Taehyung amava o Jeon de forma tão intensa que nos primeiros dias em que se descobriu alfa — em um cio tardio, percebendo-se um alfa lúpus no instante em que sentiu um comichão no baixo ventre e seu cheiro mais forte —, quase enlouqueceu chamando-o em seus momentos mais intensos em que agonizava e clamava de desejo, se masturbando feito um louco, pensamentos focados em Jeon Jeongguk.
Naquela época — cerca de quase dois anos atrás —, imaginara que nos dias seguintes, conversaria com o Jeon e se declararia ao moreno, mesmo correndo risco de acabar com a amizade de longos anos que ambos mantinham. Amava-o e, em sua concepção, se declarar e saber se seus sentimentos poderiam ser correspondidos pelo ômega dos olhos negros como a noite era o melhor a se fazer. Jeongguk era um ômega puro, perfeito para si, com todos os seus defeitos e qualidades. Amava-o, era um fato que não poderia negar mesmo que tentasse não demonstrar por respeito ao seu relacionamento com Jimin.
Mas, como não amar o garoto mais novo quando ele era tão bonito, gentil, atencioso e tantas outras coisas que balançavam imensamente o coração de bobo apaixonado do mais velho? Era impossível e por este motivo que Kim Taehyung estava na friendzone com Jeongguk há tanto tempo.
Foi pensando nisso que saiu naquela tarde de primavera ao encontro do Park que pediu para conversarem. Jimin mostrou-se muito apreensivo ao telefone, a voz trêmula e a linguagem embolada denunciava o mais velho. O conhecia de tanto tempo que o considerava um irmão tanto pela intimidade que compartilhavam quanto pela afeição que possuía por outrem.
— Você demorou. — Jimin disse logo que acomodou-se na cadeira da lanchonete da esquina. Eles usavam para conversarem distraidamente e, muitas vezes, comemoravam alguma novidade. O que não era o caso pelo Park estar com o rosto vermelho e olhos inchados.
— Desculpe. — desculpou-se apressadamente. Não queria ter se atrasado, não gostava daquele tipo de atitude e o Park também não apreciava tal atitude tão deselegante e desrespeitosa. Ambos tinham muito em comum ao mesmo tempo que eram tão diferentes. Taehyung gostava bastante desse aspecto da sua amizade com o outro alfa. — O que aconteceu?
— Terminei com Jeongguk. — jogou assim, na lata, como costumava contar fatos importantes. O Kim presente arregalou os olhos felinos e recostou-se na cadeira totalmente surpreso.
— C-como...? Por quê? — murmurou completamente desacreditado.
O Park e o Jeon, embora fosse difícil de aceitar, combinavam como ninguém, tanto nos gostos quanto nos jeitos engraçados. Jeongguk era tímido, mas se soltava como nunca quando estava com Jimin.
Ele o fazia feliz.
Taehyung sentiu um aperto no peito quando pensou em como seu dongsaeng estaria naquele momento. O ômega era apaixonado pelo alfa que estava de cabeça baixa a sua frente, concentrado em um suco que havia pedido antes do Kim chegar, como se fosse o objeto mais interessante do mundo. Park Jimin parecia acuado e triste, tão diferente do habitual.
— Eu encontrei minha alma gêmea, Taetae. — disse simples como se fosse um fato corriqueiro encontrar sua alma gêmea e não o sonho de muitos. Taehyung arregalou, se possível, ainda mais os olhos cor de mel, chocado com a descoberta. — Eu o vi na rua, estava jogado, sujo e todo maltrapilho. Ele estava fugindo de Daegu e chegou a Busan faz algumas semanas.
— Mas, você tem certeza? — perguntou para ter certeza, tanto para si, quanto para Jimin.
— Absoluta. — afirmou baixo, mas sem hesitação e Kim teve certeza quando o melhor amigo olhou no fundo de seus olhos, um brilho diferente do habitual na íris escura. — Quando o vi, meu lobo fez festa dentro de mim, uma espécie de alegria e tristeza pelo estado do meu ômega.
— E o que você fez? — indagou, curioso em parte e confuso em outra.
O Park sempre foi o mais pé no chão entre ambos, mesmo com sua voz doce e personalidade acolhedora, não se deixava levar por nada. Tão ao contrário do Kim, que apesar de capricorniano, era mais sonhador do que tudo. Os astros possuíam contradições e o Kim era prova viva disso.
— O levei para a minha casa com muita relutância por parte dele e me apaixonei imediatamente. — o Park disse com um sorriso tímido em seus lábios carnudos, lembrando do ômega, sua alma gêmea, seu destinado. — Ele é lindo e irreverente. Min Yoongi mexeu com todas as coisas da minha vida.
— E J-jeongguk? — Taehyung não pode evitar perguntar, logo vendo o sorrisinho no rosto inchado de Jimin, desaparecer.
— Ele ficou arrasado, mas disse que entendia mesmo que seu rosto banhado em lágrimas o denunciasse. — o tom culpado do alfa mais velho fez com que o Kim se sentisse culpado por ter apagado isso em outrem. Estava feliz e triste ao mesmo tempo; Taehyung entendia completamente. — Não me contive e chorei também. Ao mesmo tempo que meu lobo estava imensamente feliz por ter reencontrado sua alma gêmea, o meu lado humano estava arrasado pelo ômega.
— E o que pretende fazer agora? — o Kim levou sua mão ao encontro do Park, num ato reconfortante, mesmo que parecesse estranho para outros, mas era como a amizade deles era. Tão simples e segura, sem espaço para julgamentos de outros. Estes que apenas entravam por um ouvido e saíam pelo outro.
— Vou ficar com o Min. — confirmou as suspeitas do alfa mais alto. Jimin não poderia deixar sua escolha, ainda mais quando o mesmo parecia estar em situação tão degradante. Taehyung se sentiu um hipócrita naquele momento, pois sabia que não deveria deixar seu soulmate, mas o fez. Jeongguk estava feliz e isto pareceu o certo, mesmo que a felicidade de outro não fosse com o Kim, a felicidade dele era o que bastava. — Jeongguk não é descartável, mas sabemos que nossa relação não daria certo. Ele merece uma pessoa que esteja ao seu lado para tudo. — Jimin sussurrou depois de um tempo, a voz tão baixa e quebrada que apertou o coração do alfa mais jovem em consequência.
Jimin e Jeongguk estavam sofrendo e o Kim não poderia fazer nada para ajudá-los.
— Entendo. — disse baixo e simples, sem saber o que dizer, como poderia confortar o Park ali.
Seria difícil para si, estava sofrendo junto com o melhor amigo e sua alma gêmea.
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Soul
RomanceA escolha da alma e de seu lobo influencia muito nas convivências diárias e mesmo tentando negar, Taehyung era completamente apaixonado por aquele que era sua alma gêmea. Mesmo que Jeon Jungkook estivesse apaixonado por outro alfa. Taehyung alfa | J...