— Então, você já sabe como recuperar Elijah? — Rebekah colocou em palavras o questionamento das três mulheres presentes.
Por um segundo apenas o tilintar dos talheres poderia ser ouvido, Astrid tentou manter o foco no prato a sua frente, mas falhou enquanto seus olhos analisaram a expressão de Klaus em busca de uma resposta, no entanto ele parecia ter vestido uma armadura de falso bom humor ao início do dia, tornando impossível decifrar qualquer um de seus verdadeiros sentimentos.
O conhecendo, ela imaginava que ele tinha seus próprios planos secretos ou que nada estava indo de acordo com o planejado. Astrid havia aprendido isso com eles, nunca deixar com que seu rival veja suas verdadeiras intenções mesmo se as coisas estiverem ou não ao seu favor, anos de convivência tornava mais fácil de tentar ler o homem a sua frente.
— Querida irmã, não se planeja uma guerra e a vence da noite para o dia. — Klaus respondeu se quer lhe dando atenção.
— Isso apenas significa que você ainda não sabe como recupera-lo.
Um copo estourou pelo aperto de ferro que Rebekah usava para extravasar sua raiva, Astrid se encolheu para o lado tentando não ser acertada pelos cacos que voaram em todas as direções, agora ninguém mais comeria.
Ela pode notar também o olhar curioso de Hayley ocilando entre os dois irmãos, era a primeira vez em minutos que ela prestará atenção em alguma coisa além de seu próprio café, de certa forma também parecia haver divertimento esboçado em sua expressão perante a inevitável discussão que se iniciava na mesa. Qualquer que fosse seu problema com Klaus, ela parecia o detestar no momento e apreciar sempre que alguém ousasse discutir com o mesmo.
— Marcel o quer devolver, mas parece que sua bruxinha tem outros planos. — Klaus revelou irritado, sua mandíbula apertando-se rigidamente.
— Se este é o problema, Astrid pode dobra-la facilmente. — Sugeriu Rebekah acenando em descaso.
Os olhares recaíram sobre a bruxa a fazendo segurar a respiração por um segundo, seus pensamentos seguiam uma linha totalmente diferente. Talvez esse fosse o contraste na relação de Rebekah e Astrid, a vampira era emoção, enquanto a bruxa, razão.
Ela pensava que poderia resolver isso facilmente com uma conversa civilizada entre bruxas, talvez esclarecer dúvidas e até apagar quaisquer preocupações que a garota poderia ter sobre os originais. Mas a ideia de que a jovem bruxa poderia querer causar problemas lhe veio no mesmo instante conforme Klaus e Rebekah continuavam a debater o que deveria ser feito, alguns pratos jogados e minutos depois todos haviam abandonado a mesa.
Rebekah lhe dispôs de algumas peças de roupas para que ela pudesse tomar um banho e apenas debaixo da água ela pode deixar suas preocupações voltarem a tona, Elijah estaria bem? Ela sabia que os originais eram praticamente indestrutíveis, porém bruxas era igualmente determinadas.
Talvez ela devesse fazer um feitiço para localiza-lo, mesmo acreditando que a bruxa de Marcel era esperta o suficiente para camufla-lo, sem dizer que a bruxa também podia sentir sempre algum feitiço ocorresse no bairro, era assim que Marcel tinha o controle sobre as bruxas, de acordo com o que Klaus havia lhe contado na noite anterior.
Mas ao sair do banho, ela tentou colocar todas suas inseguranças de volta ao lugar, Astrid estava ali para ajudar sua família e ficar a beira de um colapso apenas atrapalharia. Ela sabia que poderia dar conta, apenas precisava voltar ao ritmo da vida dos Mikaelson e todos os inevitáveis problemas sobrenaturais.
Talvez anos de faculdade e cuidando de flores houvessem a amolecido um pouco, sua mão instintivamente fora parar na pequena cicatriz no fim de seu pescoço, quase em seu ombro, a leve elevação persistia ali há três anos como um lembrete de que ela não poderia ser fraca. Ela balançou a cabeça tentando fugir de lembranças ruins e terminou de se vestir.
A casa estava novamente silenciosa ao descer as escadas pela segunda vez naquele dia, a maioria dos cômodos estavam vazios, mas ao passar por por uma das salas encontrou Hayley em uma poltrona com um grande livro de aparência antiga em seu colo. Astrid respirou fundo antes de hesitante fazer sua presença notável a loba, ela não poderia estar ajudando em toda a situação e simplesmente agir como se a outra não existisse, talvez um conversa entre as duas fosse uma boa coisa.
— Então, você é aquela Astrid, a garota de fé. — Hayley foi a primeira se pronunciar, apesar de seu sarcasmo notório havia curiosidade em sua voz. — É religiosa ou algo assim?
—E você é aquela corajosa o suficiente para engravidar de Klaus. — Astrid tentou manter o clima leve, mesmo com a careta que surgiu no rosto de Hayley.
Ela aceitou o silêncio como um convite mudo para se aproximar, sentando na outra poltrona restante, a direita da mulher grávida. A aproximação tornou possível que ela observasse com cuidado a reação da outra ao fechar rapidamente o livro em suas mãos, um M forjado em ferro quase reluziu, o brasão da família Mikaelson.
Astrid presumiu que fosse um diário já que um lobisomem não teria motivos para ler um grimório, isso além do fato de que Klaus mantinha o grimório de sua mãe e toda sua coleção escondidos a sete chaves.
Sua curiosidade a atiçou, ela não imaginava Klaus escrevendo seus segredos, mesmo que houvesse milhões de pensamentos que seriam muito bem utilizáveis para alguém que os lesse, mesmo em meio a tanta paranóia. Então provavelmente seria de Rebekah ou Elijah, eles a teriam entregado de bom grado para que ela conhecesse melhor a história deles? Afinal, Rebekah não poderia ser chamada de paciente para explicar mil anos de história para alguém.
— É sempre bom acreditarmos que há uma força maior planejando o bem em nossas vidas. — Deu de ombros em menção a frase anterior proferida pela loba. — Eu não sou religiosa, mas também não sou cética.
E haveria como de ser nesse mundo? Onde em sua vida inteira conviveu com vampiros, lobisomens e ela própria sendo capaz de fazer coisas que humanos acreditavam ser milagrosas.
Seria até saudável acreditar que havia um algo maior responsável por tentar encaminhar as pessoas para o bem e protege-las de todo mal, mas exatamente por todo essa ideologia Astrid não gostava de pensar muito sobre isso. Afinal, ela fazia parte do lado bom? Por anos bruxas foram caçadas por igrejas por serem julgadas de origem maligna, então provavelmente esse poder maior estaria contra ela e sua natureza.
Talvez fosse por isso que ela nunca viu qualquer um dos Mikaelson falando sobre, eles acreditavam ter um alma a ser salva ou se quer se importavam já que eles são imortais? Esses pensamentos apenas deveriam assombrar os tolos o suficiente para temerem a morte.
— Acreditar nisso seria revoltante. — Hayley a trouxe de volta ao presente. — Meu caminho apenas cruzou com o do Klaus porque eu estava procurando minha família, então eu acabei grávida e rapitada por bruxas. O que eu teria feito para receber tal castigo?
Então, tudo pareceu fazer mais sentido na mente de Astrid. Hayley não esperava cair de paraquedas em toda essa situação, principalmente não esperava ficar grávida. Fazia até mais sentido o porquê dela parecer sempre estar pronta para derrubar alguém, Hayley estivera sozinha, sem uma família até ser jogada contra os Mikaelson, ela era como Astrid.
Um sentimento de familiaridade passou pelo peito da bruxa, as duas eram o total oposto com uma história semelhante. Era óbvio que ela estava sobre a proteção de Klaus não apenas porque ela poderia ser usada contra ele, mas porque ele queria aquela criança. Talvez aquela fosse a oportunidade de um final feliz para a família que Elijah tanto procurava e a própria bruxa faria algo para concretizar aquilo.
— Esse castigo talvez seja um presente. — Astrid soltou tentando não soar invasiva. — Não era uma família que procurava?
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have faith in me ━━━━ the originals
Fanfic❝A fé é um sentimento de total crença em algo ou alguém, ainda que não haja nenhum tipo de evidência que comprove a veracidade da proposição em causa.❞ Não existem muitas coisas pela qual Niklaus Mikaelson acha que vale a pena lutar. Poder, reconhec...