Era uma vez... Um curioso.

Arsenal

Precisava me organizar. Se o sobrenatural existia, teria que ser levado à sério. Basicamente, tudo se resumia em simbologia. Por exemplo, uma cruz por si só não serviria para nada. Porém, toda a aura santa e mística criada sobre esse símbolo o tornou uma peça importante. E, assim como um crucifixo, varios outros itens e símbolos possuíam o poder de lidar com o que viesse de outro mundo. Ao menos, foi isso que aprendi em minha pesquisa.
Seguindo as minhas fontes, montei um conjunto. O item mais importante era minha cruz de ferro, com as pontas afiadas. O ferro é um metal que possui o poder de conter o mal. Não é à toa que as grades dos presídios são de ferro. As pontas presentes em um amuleto intensificam qualquer energia iluminada que o portador possua. Por isso a importância de uma cruz de ferro com essa característica: espíritos malignos se manterão afastados, apesar da constante vontade selvagem de consumir essa luz emanada por mim. E por outro lado, um ser de luz, ou uma alma torturada, me identificará como um portador da paz e da tranquilidade.
O segundo item, tão importante quanto, seria o colar de prata. Ele impediria que meu corpo fosse possuído por algum espírito. Esse metal se tornou amaldiçoado para portadores das trevas, uma vez que Judas traiu Jesus em troca de prata. Ela poderia causar queimaduras em um corpo possuído, semelhante a um metal rubro em contato com a pele. Na verdade, o colar serviria como um aviso, não impedindo a possessão. Caso ela ocorresse, seria meu corpo que sairia lesionado.
Eu precisava de sal também. Uma pequena porção espalhada pelo chão era suficiente para criar uma barreira entre mim e qualquer entidade. Seria uma maneira de ganhar tempo em uma situação complexa. Além disso, o sal, juntamente da água benta, poderiam ser utilizados para encontrar itens amaldiçoados. Às vezes, em algumas residências, existem certas peças, até mesmo móveis, que possuem ligação com o outro mundo. Podem ter criado elo através de uma maldição, um assassinato, um ritual. A presença de tais itens atrai atenção indesejada. Peças assim iriam fazer a água benta ferver quando entrassem em contato com a mesma.
Perfume. Extremamente importante contra certos espíritos. Nossa mente pode ser manipulada a ponto de nos desligarmos da realidade por completo. Uma maneira de evitar isso é estimular nossos sentidos: inalando um odor conhecido, mascando algo de sabor forte, ou gerando alguma fricção na pele, na intenção de causar incômodo. Curiosamente, estímulos sonoros não funcionam. Espíritos percebem quando seus susurros não surtem efeito e se tornam agressivos,  entrando em um frenesi na tentativa de serem ouvidos. Então, é melhor manter a serenidade. Nada de MP3.
E por hora, o último item: roupas escuras, de preferência, pretas. As cores são associadas à vida, e alguns espíritos são parasitas da energia vital. Assim, andar por aí parecendo um arco-íris é ser considerado um chamariz dessas pragas. Quanto menos cor, melhor.
Tudo quase pronto, faltava apenas uma maneira efetiva de carregar tudo aquilo. Também, montar um look trevoso. Quem diria, um estilo headbanger caindo como uma luva para um caçador de espíritos.