Sarah mordeu o lábio e ele sentiu o mundo calar.
Era como se algo os unisse de uma forma inexplicável, como se algo os conectasse.
Enquanto observava os lábios dela soube que se pudesse toca-los se sentiria completo.
— Fica aqui por que.. eu queria aprender, a tocar.. o piano. — suspirou e desviou o olhar depois de ter gaguejado as palavras.
— Ah, tudo bem.. acho que posso tentar lhe ensinar algo. — Sarah se ajeitou no banco e levou as mãos de volta as teclas do piano.
Depois de horas tentando, o máximo que conseguiu aprender foi a tocar um solo de "parabéns a você" com muita dificuldade. Passou a admira-la ainda mais por saber o quão difícil era tocar e mesmo assim ela o fazia com a maior leveza possível.
Sarah descrevia a sensação de tocar como " caminhar à beira da praia sentindo a brisa do mar e vendo o balanço das ondas.".
Era difícil para Anthony entender as metáforas que ela usava quando descrevia algo, sempre preferiu explicações diretas e simples.
O tempo passou tão rápido que ambos nem notaram que já estava escuro.
— Nossa, já esta tarde, preciso ir. será que você quer...— foi interrompido com um selinho roubado. - "Tomar um café comigo..." - conclui a olhando surpreso.
— Quero, você me liga. — Sarah saiu do banco e andou ate a mesinha pegando um pedaço de papel e uma caneta, anotou o número do celular e lhe entregou.
— Agora você precisa ir, e eu preciso fechar a biblioteca. Vejo você amanha, Anthony. — a viu sorrir e morder novamente o canto do lábio.
A entonação que Sarah usava para pronunciar seu nome a deixava extremamente sexy, mesmo que ele soubesse que essa não era sua intenção.
Dois dias se passaram e Anthony não sabia se deveria realmente ligar para ela. Sentiu-se culpado por não ter ligado já que havia lhe convidado para ir tomar um café.
Na verdade, ele ainda não havia conseguido entender o que aconteceu na biblioteca.
Resolveu ir procura-la depois que saiu do plantão mesmo estando cansado. Frustrou-se ao notar que na mesa da biblioteca tinha outra menina em seu lugar.
— Com licença, eu gostaria de saber sobre a moça que trabalha aqui, Sarah. Onde ela esta? — disse e logo viu a menina loura com olhos verdes que mais pareciam cinza.
— Me desculpe, eu realmente não sei, me chamaram para tomar conta daqui por três dias. — Anthony suspirou logo depois de ouvir a resposta e desviou o olhar pro piano.
— Esta bem, obrigado. — virou-se e saiu da biblioteca pondo a mão no bolso da calça em busca do celular, procurou o número de Sarah e tomou coragem de ligar.
— Alô.. — percebeu certa rouquidão em sua voz e logo a ouviu tossir, mas permaneceu em silêncio. — Sei que é você, Anthony, posso ouvir sua respiração. — ela riu baixinho e tossiu novamente.
— Você nota na minha respiração ?
— Quando aprendemos a ver o mundo pelos olhos da poesia, notamos que simples detalhes são importantes. — mesmo com a voz rouca, ele podia notar a doçura na pronúncia de cada palavra.
— Esta doente ?
— Sim, é só uma gripe, estou de repouso. — olhou o relógio que já marcava 20:00.
— Me manda seu endereço por mensagem, estou indo ai agora. — desligou antes que ela pudesse responder ou se quer pensar em contrariar.
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Café, insônia, mistério e... anatomia?
Storie d'amoreJá tentou relacionar amor com o funcionamento anatômico do seu coração ? Anthony é um médico cardiologista acostumado a pôr a ciência humana como explicação de tudo. Daria certo se ele se apaixonasse por uma estudante de literatura apaixonada por S...