CAPÍTULO 5

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Sarah mordeu o lábio e ele sentiu o mundo calar.

Era como se algo os unisse de uma forma inexplicável, como se algo os conectasse.

Enquanto observava os lábios dela soube que se pudesse toca-los se sentiria completo.

— Fica aqui por que.. eu queria aprender, a tocar.. o piano. —  suspirou e desviou o olhar depois de ter gaguejado as palavras.

— Ah, tudo bem.. acho que posso tentar lhe ensinar algo. — Sarah se ajeitou no banco e levou as mãos de volta as teclas do piano.

Depois de horas tentando, o máximo que conseguiu aprender foi a tocar um solo de "parabéns a você" com muita dificuldade. Passou a admira-la ainda mais por saber o quão difícil era tocar e mesmo assim ela o fazia com a maior leveza possível.

Sarah descrevia a sensação de tocar como " caminhar à beira da praia sentindo a brisa do mar e vendo o balanço das ondas.".

Era difícil para Anthony entender as metáforas que ela usava quando descrevia algo, sempre preferiu explicações diretas e simples.

O tempo passou tão rápido que ambos nem notaram que já estava escuro.

— Nossa, já esta tarde, preciso ir. será que você quer...— foi interrompido com um selinho roubado. - "Tomar um café comigo..." - conclui a olhando surpreso.

— Quero, você me liga. — Sarah saiu do banco e andou ate a mesinha pegando um pedaço de papel e uma caneta, anotou o número do celular e lhe entregou.

— Agora você precisa ir, e eu preciso fechar a biblioteca. Vejo você amanha, Anthony. —  a viu sorrir e morder novamente o canto do lábio.

A entonação que Sarah usava para pronunciar seu nome a deixava  extremamente sexy, mesmo que ele soubesse que essa não era sua intenção.

Dois dias se passaram e Anthony não sabia se deveria realmente ligar para ela. Sentiu-se culpado por não ter ligado já que havia lhe convidado para ir tomar um café.

Na verdade, ele ainda não havia conseguido entender o que aconteceu na biblioteca.

Resolveu ir procura-la depois que saiu do plantão mesmo estando cansado. Frustrou-se ao notar que na mesa da biblioteca tinha outra menina em seu lugar.

— Com licença, eu gostaria de saber sobre a moça que trabalha aqui, Sarah. Onde ela esta? — disse e logo viu a menina loura com olhos verdes que mais pareciam cinza.

— Me desculpe, eu realmente não sei, me chamaram para tomar conta daqui por três dias. —  Anthony suspirou logo depois de ouvir a resposta e desviou o olhar pro piano.

— Esta bem, obrigado. — virou-se e saiu da biblioteca  pondo a mão no bolso da calça em busca do celular, procurou o número de Sarah e tomou coragem de ligar.

— Alô.. — percebeu certa rouquidão em sua voz e logo a ouviu tossir, mas permaneceu em silêncio. — Sei que é você, Anthony, posso ouvir sua respiração. — ela riu baixinho e tossiu novamente.

— Você nota na minha respiração ?

— Quando aprendemos a ver o mundo pelos olhos da poesia, notamos que simples detalhes são importantes. — mesmo com a voz rouca, ele podia notar a doçura na pronúncia de cada palavra.

— Esta doente ?

— Sim, é só uma gripe, estou de repouso. — olhou o relógio que já marcava 20:00.

— Me manda seu endereço por mensagem, estou indo ai agora. — desligou antes que ela pudesse responder ou se quer pensar em contrariar.

Café, insônia, mistério e... anatomia?Onde histórias criam vida. Descubra agora