Cap sete

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Encaro a rua a minha frente e suspiro sentindo meu estômago embrulhar só pelo movimento do ar entrando no meu peito

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Encaro a rua a minha frente e suspiro sentindo meu estômago embrulhar só pelo movimento do ar entrando no meu peito. Me arrasto a passos lentos e enjoados, meus olhos e minha barriga dói e queimam como o inferno, a única coisa que alivia um pouco a dor de cabeça é os óculos de Gojo que não devolvi quando ele saiu correndo a algumas horas atrás.

Todo o meu corpo dói! Dor é a única coisa que continua comigo depois da festa de ontem. E o cheiro, porra, por um momento maravilhoso quase esqueci do meu próprio cheiro. Eu exalo um cheiro mais exótico, uma mistura de vômito, álcool e maconha. Porra.

O sol já nascido, estava de frente pra mim, e mesmo não tendo um calor por conta da estação e por ser sete da manhã, ele fazia minha cabeça batucar mais que escola de samba treinando pra antes do carnaval.

Eu só queria morrer.

Me arrasto a passos lentos em direção a minha casa, sentindo todo o meu corpo querer deitar e morrer, nem mesmo me mexer. Sei que os efeitos da maconha esta retardando um pouco do meu mal estar, mas caralho, só queria beber água.

Não me importo pelos olhares dos poucos acordados que estão na rua nesse momento, principalmente por eu parecer estar voltando de um puteiro e eles estarem indo pra igreja. Odeio com todas as minhas forças domingo de manhã. A única coisa que não os deixam me condenar pro inferno definitivamente é somente um blusão azul escuro que peguei de Gojo.

Paro na frente de casa e me esgueiro até a garagem, vendo que o carro não está lá, o que significa que meus pais e irmãos já foram pra igreja. Entro em casa pela porta da garagem mesmo e bato sem querer na minha vó que passava na frente da porta que liga à cozinha.

- puta que pariu, olha o seu cheiro - a mulher reclama abanando a mão na frente do rosto e fazendo careta - tá podre garota, quem mijou em você? Ou você caiu no lixão à caminho pra cá?

- fala baixo - resmungo, coçando meus olhos e sei pela careta da mais velha, que terminei de borrar o que sobrou da maquiagem. Tiro a mão do rosto a olhando e vejo meus dedos em uma mistura de muito preto e algumas partes com glitter e algo vermelho - olha que tomei banho - faço careta limpando minha mão nas minhas coxas expostas pela meia completamente raspada

- sorte sua que seu pai já saiu - diz voltando seu trajeto até a cozinha e pegando algo no armário - ele te expulsaria de casa em cinco línguas diferentes

A sigo, me sentando na bancada que separa a cozinha da sala e deito minha cabeça na mesma, querendo morrer.

Os cachorros aparecem, mas não chegam muito perto de mim, acho que devo estar a pura carniça.

- que horas são? - minha voz não passa de um murmuro arrastado, o som faz minha cabeça doer como um barulho chato do giz raspando na lousa.

- sete e meia - se aproxima de mim, deixando algo a minha frente, me forço a olhar vendo remédios pra azia, ressaca e dor de cabeça - sua sorte é que hoje eles vão pra Maya e só voltam de noite

Stuck With You - Yuji Itadori - HIATUSOnde histórias criam vida. Descubra agora