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Já estávamos dentro do carro há quase meia hora, Kael tinha me contado quase tudo o que aconteceu durante minha ausência da família, e eu posso dizer que não eram poucas coisas. Acho tão engraçada a forma com que minha família se mete em confusões sem o mínimo esforço.

- Mas, vocês simplesmente chegaram na cidade e se estabeleceram no território de transmorfos sem ter o mínimo de noção disso? Mamãe não sentiu a energia deles nem nada? - perguntei totalmente abismada com o que ele estava me contando.

- Não, nosso sensorzinho de totós simplesmente falhou. - ele debochou da situação fazendo piada.

- Isso é muito sério Kael, e se vocês se machucassem com isso. - olhei para ele o repreendendo.

- Você sabe que isso não aconteceria, porque nós somos muito poderosos e também por que...

- Os transmorfos têm uma ligação mágica com os bruxos. - falei o interrompendo - É, eu sei disso, mas mesmo assim é perigoso.

- Isso é o de menos. - ele riu e me olhou rapidamente - O que é, o que é, tem olhos vermelhos, bebe sangue e é muito rápido?

- Por favor, me fala que isso é uma grande brincadeira de mal gosto. - passei as mãos no rosto não acreditando no que nos metemos.

- Não, eles viviam ali antes de nós. - suspirou fundo como se as lembranças o deixassem frustrado, e eu não o julgava por isso - Já tinham um acordo com os Quileutes, não podemos fazer nada sobre isso.

- Como vampiros e transmorfos têm um acordo? Eles não são tipo, sei lá... - faço uma pausa tentando achar a palavra certa - Inimigos mortais.

- E são, naturalmente. Mas esses vampiros se dizem bonzinhos, eles se autodenominam veganos, os lobos disseram que eles não bebem sangue humano, apenas de animais.

- Papai e mamãe caíram nessa? - ele rapidamente concordou com a cabeça - Você não parece confiar nisso.

- Você também não. - ele me respondeu e virou o olhar para mim.

- Nunca tive boas experiências com vampiros, você sabe. - dei de ombros.

- Não acho que eles possam negar sua natureza por muito tempo, em algum momento vão matar.

- Eu sei que não confiamos em ninguém além de nossa família Ka, mas precisamos confiar que papai e mamãe tomaram a decisão certa acreditando nessas pessoas. - faço carinho em seu ombro tentando o relaxar.

- Eu confio em nossos pais Pandora, mas tenho medo de que algo aconteça, você sabe. Somos imãs para problemas. - ele me olhou rapidamente, e eu soube sobre o que ele tinha receio.

-Conversaram com os sanguessugas? - perguntei curiosamente.

-Não, conversamos apenas com o chefe da matilha, preferimos ficar nas terras mais ao lado de La Push, é menos perigoso. Mas de qualquer modo tenho um contato singelo com eles na escola. - respondeu com nervosismo.

- Nada de ruim vai acontecer irmão. - apertei sua mão livre depois de um tempo de silêncio - Eu prometo!

- Te amo.

- Eu também te amo.

Pouco tempo depois dessa conversa já estávamos vendo a placa de Forks, mostrando seu número impressionante de 3.175 habitantes, bom, agora 3.179.

Passar por toda a cidade para chegar até a reserva demorou no máximo quinze minutos, isso era surpreendente levando em conta as várias cidades em que moramos, que se não saíssemos cedo de casa levaríamos meia hora para fazer qualquer coisa que precisasse.

Seria difícil me acostumar com a pequena cidade, as pessoas se conheciam desde pequenas, seus avós e bisavós se conheciam, eu seria apenas mais uma intrusa naquela cidade que já tinha muito do mundo sobrenatural sem nem mesmo perceber.

- Estamos chegando. - foi a primeira coisa que Kael disse desde quando chegamos na cidade.

E com isso percebi que cada vez mais estávamos imergindo em um acumulado de árvores altas e grossas que reforçavam ainda mais a sombra que as nuvens já faziam no local. Em poucos minutos estávamos avistando uma elegante casa com estilo cabana se formando entre as árvores.

- Finalmente chegamos, não aguentava mais ficar presa em um carro.

Assim que estacionamos a porta da casa foi aberta em um baque surdo e vimos uma Helena saindo correndo de dentro da mesma vindo em nossa direção. Não muito atrás Paris corria desajeitado com uma frigideira de fazer panquecas em mãos.

- Ah, minha filha, quanto tempo não te vejo. - mamãe foi a primeira a me abraçar - Está tão grande, tão linda.

- Mãe, foram apenas dois anos. - falei tentando amenizar os sentimentos da mesma que estavam uma bagunça.

- É muita coisa querida. - papai se pronunciou - Você cresceu muito.

E foi ali que eu desabei. A falta que minha família estava fazendo naqueles momentos críticos que passei na Grécia foram muito difíceis. Não que vovó e o resto da família fossem ruins comigo, mas era totalmente diferente de ter eles ao meu lado.

- Eu sei meu amor, eu sei. - papai me confortou dando um beijo em minha testa - Vamos entrar, temos muito a conversar.

(...)

- Então eu estava à beira de um colapso de magia, mas Ícaro ajudou muito com esse autocontrole, ele fez um amuleto para mim. - mostrei o artefato para os demais - Ele acha que isso pode me ajudar a concentrar a magia em algo que não seja somente meu corpo, assim não vou surtar outra vez.

- Por que você não pediu para que fossemos para a Grécia, Pandora. - mamãe pegou minhas mãos acariciando-as - Nós poderíamos ter passado isso juntos.

- Eu não queria atrapalhar o planejamento de vocês, e nem machucar ninguém. - abaixei minha cabeça em sinal do desconforto que estava sentindo ao revelar tudo aquilo.

- Nós te amamos, somos sua família. - meu irmão falou olhando diretamente para mim - Nunca mais vamos te abandonar, pode ter certeza disso. - disse fazendo com que Paris concordasse.

- Nunca mais, tudo bem? - papai falou me abraçando - Agora vamos na cozinha comer e depois vá descansar querida, vamos sair amanhã cedinho para comprar seus materiais escolares.

Todos concordaram que aquela não seria a melhor hora de continuar com assuntos tão sérios como aqueles, então apenas fomos para a cozinha onde panquecas recheadas com chocolate me esperavam para ser digeridas.

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Blood of the gods {EM BREVE}Onde histórias criam vida. Descubra agora