Papai, eu preciso de um abraço

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A vida é uma verdadeira caixinha de surpresas. E a maior razão de eu pensar que minha vida é conviver com os apuros de uma rotina com marido, três filhos, genro e, agora, uma neta, é por situações que, sinceramente, eu sequer compreendo.

Meus filhos estão um pouco estranhos nos últimos dias. Não um com o outro, apesar de que eles pouco se falam, mas sim com todo mundo. E ainda que eu seja compreensível e queira entender o que está havendo, dou sempre o tempo deles de vir até mim e conversar sobre o que quer que seja.

— Eles falaram algo com você? — Pergunto a Jimin, que está tão preocupado quanto eu.

— Queria poder dizer que sim, mas não falaram nada. — Ele faz bico. — Eu só queria que eles soubessem que podem falar qualquer coisa com a gente, que nós não vamos julgar, não vamos ficar contra eles nem nada disso, mas eles parecem ter medo de nós.

Abraço Jimin no mesmo instante, notando sua tristeza em perceber tal fato. Mas não é verdade, nossos filhos não possuem medo, eles só demoram a perceber o melhor jeito de nos abordar. É normal que eles tenham receio no começo. Depois eles sempre conseguem se abrir e nos dizer qual é o problema.

— Nós não somos os melhores pais do mundo, mas tenho certeza de que fazemos tudo possível e até impossível por eles. Nossos pequenos sabem disso, amor. — Afirmo.

Ele concorda com a cabeça e fica abraçado em mim por mais alguns minutos antes de declarar que vai preparar o almoço.

Eu o sigo para fora do quarto, mas travo ao ver Somin levantar sua voz de novo para o irmão, dessa vez parecendo se controlar muito para não usar a voz de alfa. Jimin já até desceu as escadas, então eu adentro o cômodo e apenas observo os dois. Eunwoo está chorando, de novo.

— O que está havendo? — Pergunto a eles.

— A Somin não tem coração, essa é a verdade.

— Pelo menos assim ninguém pode quebrar meu coração igual fizeram com você! — Ela rebate com o timbre mais forte, o que ocasiona em um Eunwoo chorando e gritando. — Você tem quatorze anos e já está se esfregando em um qualquer que claramente só queria se aproveitar de você. Você nunca se prestou a ouvir os conselhos dos nossos pais e agora fica chorando pelos cantos achando que está...

— Chega! Você não pode contar! — Eunwoo grita ainda mais e nesse instante Jimin para ao meu lado, assustado.

— Ou você conta, ou eu vou contar. Isso é coisa séria, Woo.

Meus olhos se arregalam em pura preocupação conforme Somin deixa o quarto e, por consequência, deixa Jimin e eu com nosso caçula. Ele é mais novo por três minutos, mas é ainda assim.

E seu pranto é tanto, que deitamos na cama com ele em nosso meio, querendo acalmar seu coração. Não me importa o que tenha acontecido, desde que eu possa cuidar dele agora e o dar todo amor do mundo. É só isso que eu desejo. E sei que Jimin também, pelo jeito que ele me olha sentido.

— Eu cometi um erro. Vocês vão ficar com nojo de mim. — Ele diz, me agarrando e respirando fundo contra meu pescoço, provavelmente tentando se acalmar com meu cheiro.

— Nada do que você disser aqui nos fará sentir nojo de você. — Jimin é quem diz, acariciando os fios ruivos do nosso bebê.

— Isso é sobre aquele menino que você me contou, bebê? Minhyuk?

Eunwoo nega com a cabeça e me agarra com mais força, seus soluços provocados por tanto choro me deixam atônito e com cada vez mais dor no peito, mas fico em silêncio aguardando por sua resposta. Ser impaciente agora não vai me ajudar em absolutamente nada.

Diário de uma Família em Apuros | jjk + pjmOnde histórias criam vida. Descubra agora