Eunwoo, você é um babaca!

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— Você é um babaca!

A voz de Jeon Somin ecoa com força pelo corredor de casa, tão forte quanto o estrondo que dá em sua porta assim que a mesma bate. Respiro fundo, pensando que o xingamento com ódio poderia ter vindo na minha direção quando, na verdade, foi na de seu próprio irmão: Eunwoo. Suspiro assim que deixo o óculos de descanso sobre a escrivaninha, logo deixando o escritório para trás.

Eunwoo está parado ainda no meio do corredor e carrega um bico que o deixa exatamente igual ao seu pai mais velho. Isso me faz sorrir instantaneamente, mas logo o sorriso murcha quando noto que ele está segurando o choro. É por isso que me aproximo de forma veloz, amparando seu corpo com meu abraço. Meus gêmeos são pequenos apesar de estarem na adolescência.

— O que houve, meu amor? — Questiono a ele, que se vira e me aperta, quase subindo no meu colo com a força. — Ei, anjo, papai está aqui.

Ele gruda os braços ao redor do meu pescoço e eu me inclino para poder abraçá-lo de forma mais confortável. Dói em meu peito ouvir o meu pequeno chorar, e dói ainda mais por não entender o que está acontecendo.

Acontece que meus filhos vivem de implicância um com o outro, é algo natural da relação deles que, honestamente, já estou extremamente acostumado. Jimin quase chora quando os ouve gritando um com o outro, enquanto eu apenas chego perto deles e os dois prontamente se calam, botando a culpa um no outro e me fazendo cruzar os braços e os olhar com mais firmeza para saber quem foi, de fato.

Mas eu sempre fui um pai babão e com eles não é diferente. Eu derreto por qualquer mínima coisa que os dois fazem e, mais que isso, não consigo xingá-los. Eu os repreendo com o olhar, mas em seguida os abraço e tenho uma conversa com eles.

Acontece que cada pessoa é de um jeito, então eu sei que fazer com eles como eu fazia com Jiwoo é perda de tempo. Jiwoo, na maior parte das vezes, só precisava de carinho. Já os meus pequenos precisam a todo instante de diálogo. Tanto para falarem algo para mim quanto para me ouvirem. E eu amo isso. Amo a relação que construímos.

Jimin é tão paciente quanto eu. Nossos filhos tem uma excelente relação com nós dois, tanto porque os educamos bem, quanto por amarmos ambos por igual. Diferente de Jiwoo que teve muito ciúme quando eles nasceram, eles jamais demonstraram sentir algo do tipo.

— A So ficou braba, pai. — Ele murmura contra o meu ombro.

— O que você disse para ela? — Questiono com calma, agora acariciando seus cabelos.

— Que ela tem que crescer e entender que a Ji vai embora.

Meu coração apertou. De toda a família, a única que não gostou de saber que Jiwoo seria mãe, foi Somin. E não foi por ciúme, foi porque ela não queria ver a irmã indo embora. As duas são como melhores amigas, confidentes, fazem tudo juntas. Mesmo namorando e estudando, minha filha mais velha nunca deixou de dedicar parte do seu tempo a nós, especialmente para Somin.

Então, ver a irmã supostamente indo embora tinha sido um baque muito forte para ela.

Apesar de que eu sabia que, na verdade, ela não iria embora. Só não tinha dito isso ainda para meus filhos porque, de certa forma, era uma surpresa.

Quando nos mudamos para uma casa maior, para acomodar cinco pessoas, nós compramos uma moradia com sete quartos. Não é exagero.

Há um quarto para Jimin e eu, um para Jiwoo, um para Somin, um para Eunwoo — apesar de que até os dez anos meus gêmeos dormiam juntos — e três de hóspedes — um para a família Kim, um para a família Min e o outro para Hoseok. Ou seja, tínhamos espaço sobrando dentro de casa.

Diário de uma Família em Apuros | jjk + pjmOnde histórias criam vida. Descubra agora