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Caminhava, no escuro, lentamente, em direção aos cânions. O vento balançava meus cabelos e nunca me senti tão bonita. A água batia de leve no meu rosto, não sei se vinha da chuva ou de uma cachoeira, mas nunca me senti tão feliz.
Em pé, na borda, arrebatada pela sensação de liberdade, tirava do bolso um caderno de anotações e me punha a escrever, a lápis. Páginas e páginas, sem sequer tomar fôlego e nunca me senti tão certa.
Via apenas sombras, mas ouvia um música e sabia que Petit estava ali, fazendo a travessia de um lado ao outro, na corda bamba, segurando um guarda chuva com uma mão e me acenando com a outra.
Quis tocar seu rosto mas a distância era enorme. Joguei-lhe um beijo, desenhei-o em meu caderno e nunca me senti tão inteira.
Tomada pela confiança, coloquei o caderno e o lápis no chão, abri os braços e dancei um tango ali mesmo, à beira do precipício. Um passo em falso e nunca me senti tão viva! Enquanto caía, sentindo o vento bater mais e mais forte contra o meu rosto, sorria e pensava que acordar (ou não) pode ser uma promessa.

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