A Perseverança de Amar

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Doze de janeiro de Mil setecentos e setenta e um, dezenove horas e trinta e oito minutos, um quarto iluminado por lamparinas, as chamas dos fogos de cada estavam fracas mal dava para enxergar o ser que saia do ventre da mãe. A chuva ponderava forte do lado de fora da casa de madeira os barulhos das gotas batendo contra elas abafam os gritos de dor do parto,  as trovoadas percorrendo o céu da pequena vila localizada em Galway, a casa era um pouco mais afastada do centro da cidade, atrás da mesma tinha um bosque. A família McCarthy era pequena em vista das outras na vila, eram um dos últimos por ali, os gritos da mulher haviam sido interrompidos pelo choro da criança, ""Viva é menina"" o grito da parteira ecoava pelo quarto. Após longos minutos a menina estava limpa, vestida e já recebia a amamentação de sua mãe.

Mil setecentos e noventa e nove, França, Paris. Lana estava diante de uma enorme bola de neve, as mortes de sua mãe terrestre a levaram em um rumo que não traria resultados bons. Já passava das duas da madrugada, a jovem estava na varanda do quarto observando a prometida a Bonaparte, o olhar de desprezo para a mais nova dava a entender que a relação de ambas estava acabando.

— Pobre Bridge, tão ingênua imagina se seu ""amado"" recebesse a triste notícia de que dormiu fazendo amor com uma mulher e outro homem?

Nos auges de seus 28 anos, Lana presenciou todo o caos do golpe que Napoleão deu à França, a dama de companhia estava insatisfeita com a recusa de fuga da Alteza dando a ela o início da trama de sua complicada vida.

– Eu diria inteligente em Pozinho, ou devo chamar você de napolitano?
— A menina falou com sarcasmo e logo riu. – Napolitano derretido! Espero nunca mais voltar a esse local, que horror para a sociedade.

A retirada de McCarthy a Galway não foi uma das melhores, Mil oitocentos e quarenta, mais conhecido como O início da Grande fome da Irlanda, por dez anos a jovem presenciou a peste que acabou com várias vidas, A casa em que nasceu ainda estava em pé, porém somente seu pai estava vivo.

– Foram dez anos aguentando essa peste! Sabe o que é mais irônico é que ninguém pensou em outra forma de alimentos, o ser humano não vive só de batata. — Encarou seu pai enquanto descascava uma maçã. – Arrependimento de ter voltado.

– Deveria ter ficado longe então! Sua volta trouxe essa peste, eu sabia o tempo todo que você era estranha. — Se aproximou de Lana com a faca na mão.– Igual aquela mulher nojenta aquela que se dizia Deusa.

– De novo essa história que minha mãe é uma Deusa, olha mocinho vou te contar um segredo. – Lana se levantou e se aproximou do pai aprofundando a faca em sua barriga.– Eu odeio que falem disso, se sou filha de uma divindade é sinal que sou especial, ao contrário de você velhote.

Anos passaram e tão pouco os irlandeses desconfiaram do parentesco de Lana, a verdadeira história da morte de seus pais, mas tudo mudo quando a guerra de independência iniciou. Mil novecentos e dezenove, Lana fazia parte de uma máfia, na qual era a líder, este veio a se desfazer com o fim da guerra.

– Desisto! 250 anos e linda igual um neném de 16 anos. – a mulher robusta que estava jogada no sofá de casa se encarando nas fotos do celular trocou a posição rapidamente ao ouvir o barulho de sua janela batendo.– Batidas e se eu der a louca e sair batendo o passaporte por aí?

Petrova passou horas escolhendo um local paradisíaco, mas nada a agradava, a menina se arrumou com roupas justas marcando bem seu corpo, fechou a casa e saiu andando em direção à praça central da Irlanda, a garota gostava do local, florido com muitos turistas e alegria. Um ponto turístico e tanto para o país, um suspirar leve acompanhado da leve ventania que se fez presente, Lana fechou os olhos e aproveitou o momento deixando os pensamentos correrem da sua mente.

– É isso, culto às divindades! Obrigada mamãe!

A garota abriu os olhos e saiu correndo para a casa rindo com a ideia que surgiu em sua mente, assim que entrou em casa logo preparou as malas seguindo o instinto que formiga inteiro no seu corpo, a mesma seguiu viaja não saberia ao certo onde chegaria mas de uma coisa tinha certeza, sua intuição não a enganava.

– Soul Of Glass...

Foi a última coisa que falou antes de entrar no local. Estava diante da entrada daquele lugar não sabia dizer a localização exata de tal acampamento, mas sabia que não iria sair daquele lugar de nenhuma forma a não ser morta, tal convicção provinha de tantas experiências que agregaram para o contraditório os significados de seu nome. Lana encarou a entrada sorrindo e pensando como iria proceder naquele ambiente onde não conhecia ninguém, todos estranhos a seus olhos ao mesmo que todos eram parecidos por uma característica única, eram iguais a ela, todos Deuses.

— Interessante. — Abriu um pirulito e sorriu — só pelo nome já percebi que vai ser doido isso aqui, mais uma loucura para a conta

Colocou o pirulito na boca, guardou a embalagem no bolso da calça para jogar no lixo depois, ajeitou o cabelo que estava ondulado e adentrou o acampamento elegantemente.

Setembro de Mil oitocentos e noventa,  Irlanda, Galway, era a localização que precisava para a primeira tragédia. Lana havia passado o dia fora, ajudando na decoração da feira, o outono estava começando algumas folhas já estavam amarelando, Os galhos secando o mais incrível foi o pôr do sol, em um tom alaranjado puxado para cobre velho dava o final da iluminação em Galway. Lana sorriu vendo tal fenômeno, pegou uma lamparina é acesa por outros aldeões e caminhou para a casa, com uma mão segurava o objeto e com a outra o vestido longo para não sujar na terra, assim que adentrou em sua casa já foi surpreendida por sua mãe.

- Isso são horas para se chegar? – Olhou a menina enquanto separava as coisas para o jantar.– Você é jovem demais para ficar o dia fora ainda mais sem companhia.

— Desde quando preciso de horas para chegar?— Encarou a mulher enquanto pendurava a lamparina.— Eu sei me defender, se está pensando que eu irei perder a minha pureza de moça santa está muito enganada, aliás nenhum homem daqui me encanta então não tem com o que se preocupar.

— Está com idade para se casar já, tens que casar com um homem! — A mulher fechou o pulso e caminhou em direção a lana. — Acha que não sei que anda com uma menina pela floresta e ainda vão distante da vila?

— Ah, então o problema da sua irritação é eu estar com uma mulher? Engraçado mamãe, sou tão pecadora quanto a senhora ou acha que não vi você adentrando os aposentos do padre? — Sorriu de canto observando a expressão de sua mãe mudar.  – O jogo virou, temos segredos uma da outra, o que seria pior perder a filha ou perder a própria vida?

— Está dizendo mentiras contra mim? Eu não te criei assim, Lana! — A mulher acertou um tapa no rosto da garota forte o suficiente para deixar avermelhado a bochecha. — Mentirosa.

Lana tocou a bochecha e voltou a atenção para a mais velha lambendo o canto do lábio que havia machucado por conta do tapa. – Mentirosa? Quem mentiu primeiro aqui? Acha que eu estou mentindo? Pois bem vamos ver quem fala a verdade querida mamãe

Levou ambas mãos ao pescoço da mais velha e começou a apertar o mais forte que conseguia, a risada maléfica escapou por entre seus lábios vendo a mulher se debater, por fim a soltou deixando a mesma cair igual manga podre caindo do pé, caminhou até a porta da sala e pegou um dos punhais do seu pai e retornou a mulher, sentou em cima do corpo já fraco e com um único movimento com a mão cortou o pescoço da mesma.

— Ora ora ora, o padre vai amar saber que sua amante morreu.

Terminou de cortar o pescoço da mesma desmembrando do restante do corpo, se levantou e se afastou da mesma observando o que acabou de fazer. Voltou em si assim que sentiu algo em sua mente como se fosse um mapa, balançou levemente a cabeça e começou a andar pela ilha em passos lentos para poder observar melhor cada detalhe que provinha daquele ambiente.

Perseverança de AmarOnde histórias criam vida. Descubra agora