capítulo 02

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pov: Ellizie

Liberdade. Eu estava liberta agora, longe de minha mãe. Paro o carro na frente da casa de Samantha, será que ela iria comigo? aceitaria largar essa vida miserável por um lugar aonde nós duas vivêssemos juntas para sempre?.
Saio do carro e vou até sua janela, eu jogo algumas pedras e ela é aberta revelando que Sa já estava pronta para dormir.

-Elli?-Me chama pelo apelido carinhosamente dado por ela-Entre, está frio aí fora.

Ela da espaço para que eu suba pela janela. Após subir me sento em sua cama e um silêncio constrangedor se instala entre nós.

-Então... o que faz aqui essas horas? brigou com sua mãe?

Ela se senta ao meu lado.

-Eu fugi de casa-Pego sua mão e olho em seus olhos-Você vem comigo? Sabe, só nós duas... Sem adultos ditando regras, sem mães problemáticas ou qualquer outra coisa. Vem viver comigo, juntas!

Seu olhar de ternura vai desmanchando dando espaço para algo que eu não consigo identificar.

-Eu não posso-Sua mão é retirada da minha-não me leve a mal mas eu sempre soube dos boatos que rolaram sobre você mas preferi ignorar.

Boatos? Que boatos?

-Que boatos são esses?

Pergunto ainda confusa com a situação.

-Sabe... que você é sapata-Ela olha pro canto-Eu tenho uma vida aqui, uma reputação e planos pra uma vida perfeita não vou larga-los por que você quer viver um futuro lesbico comigo.

-Sa, você entendeu errado!-Me aproximo dela mas a mesma se distancia-Eu não sou isso, só estou te chamando porque você é minha melhor amiga.

-Olha é melhor você ir embora, meus pais podem aparecer a qualquer momento e eu não quero ter que explicar que você fugiu de casa.-Ela me dá um sorriso com os olhos-Então só esquece essa ideia absurda de fugir comigo, eu não sou igual a você. Desculpa.

Eu não podia acreditar, meu coração estava partido em cacos nao pelo fato de ela não querer ir comigo e sim por falar coisas tão dura com tanta naturalidade. Nunca havia visto esse lado meio cruel de Samantha, e acho que nem queria. Eu a amava como uma irmã, mas já que ela não desejaria ir comigo eu teria que manter meu plano sozinha.

-Obrigada pelo papo.

Pulo a janela e vou correndo até o carro, olho uma última vez para essa janela e sinto uma lágrima escorrer em meu rosto. Eu não poderia voltar pra casa e Samantha não viria comigo só me sobra a opção de ir embora sozinha, doupartida no carro e vou em direção a saida da pequena cidade, deixando para trás memórias, minha mãe, Samantha e tudo que vivi nesse inferno.

***

Já faziam quatro horas que estava na estrada, minha barriga roncava e a gasolina acabaria logo se não encontrasse um posto para reabastecer, comer e dormir.
Ando mais um pouco e resolvo descansar parando o carro no acostamento e cochilar um pouco.

-Que dia hein-Falo fechando os vidros e trancando o carro por dentro-Pelo menos tô longe de lá.

Vou para o banco de trás e coloco minha mochila em um canto a usando como travesseiro, me deito e fecho os olhos. O sono vem em mim rapidamente e eu durmo como um neném.

***

U

ma batida em minha janela, passos envolta do meu carro. É isso que eu escuto quando acordo repentinamente com a sensação de estar sendo observada. Me levanto e olho através do vidro torcendo pra não ser nenhum doido querendo roubar o carro ou fazer coisa pior.

-Tem alguém aí?

Falo indo pro banco do motorista. Espero uns segundos e nada, quando meu corpo começa a relaxar vejo um vulto preto de olhos vermelhos passando entre as árvores.

É um animal essa porra?

Resolvo dar partida no carro e continuar minha jornada, afinal já descansei meia hora. Quando ligo o mesmo e começo a sair do canto da pista vejo que o tal vulto passa para o outro lado da floresta, tento enxergar mas ele era muito rápido e a única coisa que iluminava a pista era a luz do luar.
Acelero o carro mas sinto algo pulando no teto do carro, olho o retrovisor e vejo uma pessoa, sim uma PESSOA.

Paro o carro e sinto aquela coisa andar no teto, até que ela desce para frente do carro, era um rapaz, seus cabelos estavam em dreads, sua pele era escura como a noite, ele usava roupas antigas e seus grandes olhos eram vermelhos.

-Moço?-Eu fala apreensiva-O senhor está bem?

O rapaz apenas arruma sua postura e abre um sorriso.

-Perdão pelo inconveniente minha dama-Ele olha para mim-Desça do carro para que possamos conversar melhor.

-Ai está muito frio, acho melhor não.

Minto.

-Ora não seja indelicada, saia dai vamos!

Seus olhos escarlates se encontram com os meus e meu coração para por uns minutos, o medo de instala em mim e só me dou conta que sai do carro quando o vejo na minha frente colocando sua boca em meu pescoço.
Eu grito e tento empuralo mas seu corpo nem se mexe. Seu caninos pontudos perfurando a fina pele de meu pescoço, uma dor invade meu corpo todo e aos poucos minha visão fica turva, quando sinto que tudo está indo embora seus dentes são retirados rapidamente e faz um pequeno corte.

Meu corpo cai no chão. Eu não consigo me mexer. Vejo uma pessoa de capa na frente do moço de olhos escarlates, seu olhar assume raiva e uma discussão começa entre eles.

-O que você faz no meu território George? Não se lembra do acordo feito década passada?

-Perdão-Ele limpa o sangue que escorria no canto de sua boca-Mas ela fugiu e acabou vindo parar aqui, mas já vou indo com ela.

Ele me pega no colo como uma criança pequena, porém quando da dois passos a pessoa lhe chama.

-Ela está em meu território-Uma pausa curta se estabelece-Conhece as regras do acordo.

-Como quiser.

George me joga no chão, eu bato minha cabeça e sinto uma dor enorme lá, sem forças para mexer apenas vejo um par de botas se aprimando de mim e tudo ficando escuro.

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1040 palavras
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