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— O que você acha que eu deveria fazer, Rach? — era o apelido favorito dele, depois de "Ruivinha" — mas hoje definitivamente não era um bom dia para esse.

Leo estava sentado na cama dela, com a cabeça apoiada nos joelhos.

Rachel estava sentada em sua frente, com uma caneca de chá em mãos.

Ele havia parado de chorar – ele demorou muito para controlar aquilo, foi vergonhoso. Leo suspeitava que era apenas porque não havia mais nada dentro de si para pôr para fora, e ele não queria sujar o chão dela com alguma coisa nojenta.

Rachel suspirou.

— Você sabe o que eu acho. Mas não importa. E eu não posso te falar o que fazer. Mesmo que... — ela balançou a cabeça. — Deixa para lá. Você tem que fazer o que achar que tem que fazer.

— Mas eu não sei o que fazer. Nem o que pensar. Não sei nada. — ele fechou os olhos.

Ela o observou preocupada.

— Você não sabe ou você não quer admitir alguma coisa por que sabe que não é o que deveria fazer? — ela perguntou, calma.

O único barulho era a música baixa.

— Eu... Deuses, não sei. Eu realmente queria acabar com isso. Muito mesmo. E seria a melhor coisa a se fazer. Não vai dar em nada. Estamos vivendo uma farsa. Adiando o fim.

Leo sentia que eles estavam em uma esfera.

Não havia saída, não havia lado diferente e para sempre seria aquela mesmice rasa.

Porque era isso que o relacionamento deles era. Uma mesmice rasa.

Era sempre mais do mesmo. Várias idas e vindas, decepções e afastamentos; seus corações já não batiam como era antes. Era raso, não tinha propósito e nem comprometimento. Não levaria a lugar algum.

Como andar numa esfera.

— Mas, mesmo assim... — Rachel impulsionou.

— Não sei se conseguiria acabar as coisas. — ele suspirou. — Talvez... Nem se tentássemos? Nem se tentássemos muito para sair dessa esfera? As coisas seriam melhores se tudo desse certo. Eu não estaria aqui agora, enchendo o seu saco e desperdiçando seu tempo.

— Ei... Você nunca desperdiça meu tempo. Quer dizer, menos quando está me listando motivos do porquê física é uma boa matéria. — eles riram. — Mas... Eu só quero que você seja sua melhor versão.

— Minha melhor versão?

— A versão que você aspira ser. A versão mais feliz, solidária e leve. A versão mais despreocupada e piadista. A versão que você vai saber que é a sua melhor quando estiver nela. A versão rodeada de pessoas que te fazem feliz e te trazem bem.

— Mas e se eu já estiver nessa versão? Mesmo que com alguns empecilhos.

— Então tudo bem. Vou te amar em todas as suas versões. Mas só você sabe dizer se é sua melhor versão ou não.

Eles ficaram alguns instantes em silêncio.

— Não é sua melhor versão, é? — ela perguntou.

— Não. Definitivamente não.

— Tudo bem. Mas você precisa encontrar sua melhor versão. E só você sabe como fazer isso.

— Você está me dizendo para...

— Eu estou dizendo que você sabe o que tem que fazer. Mas tudo bem se não estiver pronto para isso. Pode fazer o que você quiser. Você pode fazer as coisas no seu próprio tempo. Do seu jeito. Só quero que você saiba que ainda estaremos aqui. Nos piores e nos melhores momentos. Na pior e na melhor versão.

sad beautiful tragicOnde histórias criam vida. Descubra agora