3.

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Depois da resolução do problema, Leo achou que as coisas ficariam melhores – não de volta a como eram, mas mesmo assim, melhores.

Mas aparentemente ele ainda não havia achado o X.

Algum tempo havia se passado – umas duas semanas, talvez. Ele achou que, com o tempo, seria suficiente para as coisas voltarem ao normal.

Voltarem a ser boas. Naturais. Constantes. Simples. Cheias.

Ele estava errado – mais uma vez; estava virando um hábito.

Parecia que alguma coisa dentro de si mesmo estava errada – ele sentia uma sensação ruim.

Uma sensação que ficava a maior parte do tempo – principalmente quando ele pensava sobre seu namoro e como era sua situação atual no sentido romântico; era como se ela estivesse querendo sair. Consertar um erro. Tirar um peso das costas.

O problema era que nada estava errado.

Era irritante. As coisas estavam no lugar; ele não devia se sentir assim.

Mas talvez tudo estivesse ligado à sua cabeça.

Ele não gostava de admitir nem de pensar sobre isso, mas havia uma parte dentro de si que pensava muito em outros finais: e se ele tivesse terminado? E se ela não quisesse ter continuado realmente? E se as coisas entre eles já estivessem acabadas e estavam apenas insistindo no erro? E se ele não queria realmente ter continuado, mas por algum motivo não conseguiu acabar com tudo?

Não.

Não era aquilo.

Não poderia ser, poderia?

Não.

[...]

I can see you starin', honey

Like he's just your understudy

Like you'd get your knuckles bloody for me

Second, third, and hundredth chances

Balancin' on breaking branches

Those eyes add insult to injury

— Por que você gosta tanto desse álbum? Pelos deuses, é tão triste.

Leo estava com Rachel na caverna. Ela o havia chamado porque precisava de ajuda em um quadro, e ele não tinha nada para fazer – o que era irritante.

Rachel deu uma risadinha.

— Essa é a graça, Leo. Você sabe que uma música é boa quando te deixa sem palavras. Quando ela te faz pensar por dias em sua letra. Na história contada. Nas metáforas, nas palavras usadas. Quando uma parte dentro de você literalmente dói. Uma dor física.

— Me parece muito com masoquismo.

Ela gargalhou alto.

— É só arte. A beleza da tragédia. Você deveria experimentar.

— Uhum.

— Estou falando sério. Preste atenção na letra dessa.

All this time

We always walked a very thin line

You didn't even hear me out (You didn't even hear me out)

You never gave a warning sign (I gave so many signs)

Era boa.

Eles passaram o resto da música em silêncio – ela queria que ele prestasse atenção, ele queria prestar atenção.

sad beautiful tragicOnde histórias criam vida. Descubra agora