Com mais algum tempo, ele percebeu que não era um momento.
Era engraçado, vendo agora.
Como ele havia conseguido ser tão estúpido?
Haviam tantos sinais… Ela deu tantos sinais, não deu?
O modo que ela o tratava; às vezes dizia coisas que o magoavam – mesmo que no calor do momento –, o colocava para baixo – mesmo que sutilmente, dizendo que "ele era meio idiota" ou "sem graça", "muito manhoso" ou que "não ligava para a própria aparência" –, tentava não passar muito tempo com ele – sempre muito ocupada com algo em seu acampamento, dor de cabeça, frio, passeio com os amigos.
E haviam outras coisas. Outros sinais.
A traição.
Provavelmente esse foi o maior deles – como um grito, para que ele finalmente conseguisse ouvir e se tocar. (Talvez não tenha dado muito certo, afinal, não é?)
Talvez eles tenham sido um "E viveram (in)felizes para sempre" desde o "Era uma vez".
E talvez Rachel soubesse desde o começo. Talvez todos soubessem desde o começo.
Como dizem – o amor é cego.
Era uma pena que não ficassem juntos para sempre.
Leo gostou dela. Ele amou ela. Por muito tempo. Por muitos motivos.
Mas eles nunca dariam certo. No fim das contas, ele apenas estava sozinho e ela confundiu tédio com amor, acabou indo longe demais. Forçaram demais. Desgastou demais.
Ele se sentia um pouco decepcionado agora, relembrando de quando jurava que eles viveriam juntos para sempre. Os planos que tinham criado juntos quando ainda tudo ainda estava certo eram bons.
Viver uma vida simples. Uma oficina – esse doía demais. Quem sabe até criancinhas um dia.
Ele voou alto demais, e a queda foi forte e rápida demais.
Ele ainda gostava dela, veja bem. Só não gostava mais tanto.
E ela sentia o mesmo – ele achava.
Tudo bem.
Ele seguiria em frente.
Talvez achasse outra pessoa – sua Pepper Potts ainda não havia aparecido. Talvez não apareceria.
Tudo ficaria bem.
Mas seria legal – se tivesse sido ela.
Quem sabe em outro universo.
[...]
— Você ouviu? — Rachel perguntou.
De novo ele estava na caverna de sua amiga. Será que ela o deixaria morar lá? Eles seriam uma boa dupla.
— O que? — ele perguntou de volta.
— O álbum. folklore.
— Ah. — ele riu baixo. — Ouvi. É realmente bom. Você tinha razão. As letras são ótimas. Mas não teria conseguido ouvir tudo se não tivesse feito pausas.
— Bom saber que me ouviu.
Ele mostrou a língua para ela.
— Outra recomendação?
— evermore.
— O outro irmão?
— Você lembra! — ela sorriu. — É, esse.
— Vou ouvir.
— Olha, a que está tocando agora. É uma dele. coney island. Minha favorita.