1 - conheci um garoto

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O par de olhos castanho claro passearam por todos os rostos presentes em cada pessoa que passava por ali, altas e baixas, magras e gordas, rostos pequenos e rostos grandes, barulhentos em meio a conversas paralelas ou em negociações com os vendedores. Ele amarrou firmemente o avental na cintura e puxou o fôlego.

— Compre um buquê e faça uma bela surpresa para sua amada! — Hoseok levantou a voz e chamou a atenção de uma senhorinha. Ela se aproximou da barraca e se apoiou na banca.

— Que belas flores você tem aqui, menino. — A voz cansada porém gentil lhe fez sorrir mais ainda. — Você tem sementes de tulipa? Estou com saudade de regar e vê-las crescendo.

— Tenho sim, minha senhora. Pegarei para a senhora, espere um minuto, por favor. — Hoseok se apressou e abriu o zíper da bolsa de sementes, as divisórias internas serviam para separar os tipos de plantas, organizadas em fileiras na cor do arco Íris.
Ele pegou um pacote de sementes de tulipa e também pegou um maço de dentes de leão, amarrou com um fio de barbante e entregou a ela.

— Oh, mas eu não pedi por essas flores, menino. — Ela se espantou ao segurar o maco oferecido.

— É um presente para agradecer pela ótima energia que me deu com seu sorriso, senhora. — Ela negou e riu um pouco, lhe entregando o dinheiro logo em seguida.

— Muito obrigada, espero que tenha boas vendas hoje, menino. — Ele agradeceu e a observou partir com seu tamanho tão pequeno em meio a tantas pessoas, então puxou o fôlego de novo.

— Flores silvestres e sementes que com certeza farão seu jardim brilhar! Venha comprar! — Ele disse alto outra vez. Outras pessoas pararam para comprar sementes e flores, então o movimento estava realmente bom.
Suspirou e massageou as bochechas, sentado em um banquinho para descansar.

— Quero um buquê de rosas vermelhas. — Quando ouviu de súbito a voz grave, ele tomou um leve susto. O restante da feira estava esvaziando por ser o final do expediente e logo, logo eles deveriam tirar suas coisas e deixar as barracas livres para os outros comerciantes virem, aqueles que fazem comida noturna.

— Ah, olá. — Hoseok riu um pouco do próprio susto e se virou para olhar para o cliente, ele perdeu um terço do sorriso ao fazê-lo. Estava de cara com uma expressão fechada e tão séria que imaginou todas as flores restantes murchando. — O que o senhor pediu? — Suas sobrancelhas ergueram um pouco como um pedido de compaixão da parte do homem de pele tão clara e nariz pequeno.

— Rosas. vermelhas. — Apenas continuou encarando a Hoseok sem energia para desviar o olhar.

— Oh, certo. Um minuto. — Hoseok limpou o suor de sua testa com um lenço branco e se abaixou para pegar as rosas que estavam embaixo da mesa em uma bacia com água.
Ele separou as maiores e mais bonitas que ainda reataram e as juntou em um buquê médio. Se levantou para encarar o senhor novamente. — Esse é o tamanho médio, prefere maior ou menor?

— Esse é suficiente. — O homem puxou a carteira do bolso e entregou uma nota alta. Hoseok pegou o dinheiro e entregou o buquê depois de amarrar bem todas as rosas juntas.

Mas, junto ao troco, lhe entregou uma pequena margarida com seu talinho adorável. O homem observou a margarida na mão de Hoseok por alguns segundos antes de pegar, ele levantou a visão e olhou para os olhos brilhantes do garoto.

Ele sorriu, largo e grande o suficiente para fazer seus olhos fecharem de vez e sua gengiva rosada ficar completamente exposta, mostrando também as pequenas rugas nos olhos e bochechas.

O homem foi diminuindo seu sorriso até se tornar um daqueles que não mostra os dentes, então guardou o dinheiro diretamente no bolso para segurar a margarida com a mão livre.

— É um presente, que bom que gostou. — Hoseok disse, suas covinhas apareciam quando ele sorria desse jeito pequeno.

— Eu gostei mesmo. Obrigado. — O homem fez uma breve reverência e saiu, caminhou sem pressa sob os tênis de corrida, entrou no metrô e a viagem durou cinco minutos.
Desceu perto do hospital e entrou depois de cumprimentar o segurança que já era habituado a ver. Também deu oi para a recepcionista e entrou no elevador. No quarto vip sua mãe lia um livro deitada na cama confortável e sorriu quando o viu com aquelas flores em mãos.

— Isso é uma redenção por não ter vindo ontem, Yoongi? — A senhora Min baixou o livro e tirou os óculos do rosto.

— Sinto muito, uns colegas me convidaram para o bar depois do expediente e eu esqueci que sou fraco para bebidas, fiquei apagado quase o dia todo e quando acordei precisei ir para a empresa. — Ele se aproximava enquanto falava, lhe entregou o buquê e escondeu a margarida em sua mão atrás de seu corpo, segurando a flor com cuidado.

— Você precisa se divertir uma hora ou outra, nunca sai. Me admira que tenha aceitado o convite. — Ela respirou o perfume das flores e esfregou a lateral do rosto nelas, tão frias e aveludadas.

— Eles disseram que lá tinha a melhor barriga de porco de Busan. — Se sentou na poltrona ao lado e observou a margarida na palma de sua mão.

— E esta pequena florzinha, é para mim também? — Seus olhinhos espertos notaram a pequena flor e as bochechas avermelhadas de seu filho.

— Essa é o meu presente. — Ele sorriu mais e não teve coragem de erguer o olhar e encarar a mãe porque sabia que ela estava desconfiada daquela vermelhidão. — O florista me deu.

— Florista? — Ela o incentivou a continuar.

— Um garoto, ele me deu essa pequena florzinha mesmo que eu tenha sido tão mal educado.

— Mas, se o conheço como acho que conheço, você o deu o maior sorriso do mundo depois desse belo presente. — Depois das risadas, ele concordou.

— Mamãe, acho que conheci o garoto mais adorável desse mundo inteiro. — Ele continuava admirando as pétalas brancas e o centro amarelo.

— Seja amigo dele, então. — Os olhos tão parecidos se encaravam brilhando com sorrisos. A senhora Min conhecia bem seu filho.

FLOWER SELLER - SOPE (concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora