3 - leite de banana e melancia

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A agulha perfurou a pele de Hoseok enquanto ele dormia durante a madrugada, o soro com alguns analgésicos entrava em seu sangue aos poucos e Yoongi sentou na poltrona ao lado do braço que tomava o soro, atento para que ele não se movesse demais, podendo acabar machucando.

Ele já não conseguiria dormir mesmo, diante de todos os pensamentos sobre quão humilde Hoseok poderia ser ao ponto de ir trabalhar mesmo sentindo dor. E sem falar sobre o corpo dele, o qual agora Yoongi podia notar mesmo com as roupas largas.

— Eu vou cuidar de você, Hoseok. — Ele estava de lado, encostando a cabeça na parede. Observava a respiração calma do garoto enquanto engolia um choro que teimava em subir por sua garganta. O Min não era sentimental, raramente expressava muitas emoções e só se sentia verdadeiramente confortável com sua mãe e seus dois únicos amigos, um cara antissocial.

Mas, desde a pequena margarida, seu coração parecia ter voltado a funcionar, seu cérebro quase adormecido voltou a trabalhar com muita energia e determinação. Yoongi seria aquele que Hoseok poderia chamar de amigo.

O dia amanheceu, a enfermeira tirou o soro já quase vazio e deu alta, passou muitos remédios e lhes disse que deveriam tomar muita água.

Estavam em frente ao hospital, Yoongi ainda carregava a mochila de Hoseok nas costas e o garoto usava seu braço para se apoiar e caminhar devagar, ainda sentindo fraqueza nas pernas. Eles entraram no metrô.

— Hoseok, devemos ir para sua casa ou prefere ficar na minha? Eu não vou precisar ir a empresa hoje porque minhas tarefas são no computador e posso fazê-las em casa. — Yoongi também nunca havia falado tanto de uma vez só. O garoto estava olhando para os próprios pés calçados em seus tênis surrados, Yoongi cedeu o único lugar sentado livre para ele. — Posso cozinhar uma sopa com muitos legumes para que você fique bem recuperado. — Ele falava um tanto baixo, receoso pela resposta.

— Aceito, senhor Yoongi. — O homem sorriu um pouco, as bochechas coradas e saudáveis estavam longe da visão de Hoseok, mas pertenciam a ele.

Desceram na estação alguns minutos depois e caminharam até um prédio bonito e todo branco. Yoongi o ajudou a subir toda a escadaria da frente e eles entraram no elevador com mais algumas pessoas, em silêncio.

— Pode ficar a vontade, se preferir deitar no quarto, é a primeira porta do corredor. — O Min disse, logo se ocupando na cozinha que dá vista para a sala conjunta. Um grande sofá cinza com muitas almofadas parecia muito confortável, então Hoseok deitou ali, Yoongi trabalhou com determinação na sopa enquanto o garoto continuava de olhos fechados.

Hoseok estava chorando. O que muito raramente acontecia também, ele não tinha tempo para isso. Então, mesmo sem querer parecer mal agradecido, ele chorou baixinho. Pensava em como agradeceria o homem desconhecido que o ajudou mais do que qualquer parente de sua família.

E Yoongi? Pensava em fazer a sopa mais deliciosa do mundo para que Hoseok comesse bastante.

O florista parou de chorar quando sentiu o cheiro da sopa cozinhando.

— Hoseok? Está acordado?

— Sim. — Ele respondeu depois de tossir um pouco para se livrar da saliva grossa causada pelo choro.

— Gosta de tofu? Não coloquei ainda por não saber se gosta ou não.

— Gosto de tudo e não sou alérgico a nada.

Min Yoongi sorriu. — Isso é ótimo. Eu tambem não sou. Está pronto. Quer comer no sofá?

Hoseok se levantou devagar e caminhou até a mesa.

— Depois do jantar, preciso ir trabalhar no escritório, logo ali. — Ele apontou para o portal. — Mas as paredes são finas então você pode me chamar, eu vou ouvir facilmente.

FLOWER SELLER - SOPE (concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora