22 - Nenhuma luz no fim do túnel

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Eles foram até a cafeteria, de mãos dadas. Chan vestia um boné e máscara. Sempre pedia café gelado normal, e Bia, com baunilha ou caramelo ou essência de "toffee nuts". Ela pediu um croissant de manteiga, que era tão sem graça como comer um guardanapo. Chan comia um pão redondo comum da Coreia do Sul que Bia não sabia como se chamava, e os dois conversavam sobre tudo e nada ao mesmo tempo. Bia se sentia confortável com ele, e riu muito aquela manhã. Quando seu nariz não acompanhou e um som de ronco, fraquinho, saiu de sua garganta, Bia reagiu como sempre reagia:

- Porquinho!

- Quê?

- Ahn... como que fala? Ah, piggy-wiggy!

Agora Chan que gargalhou, escondendo o rosto nas mãos.

- Você é fofo.

- Você é mais.

Bia corou sem querer. Continuaram conversando e rindo, sem se importar com os demais que lançavam encaradas raivosas de vez em quando. Estar na companhia um do outro era como vagar sozinhos pelo universo: apenas ele, ela e um mar de estrelas refletido nos olhos um do outro.

Perto do 12h, voltaram para o hotel para pegar suas coisas e voltar pra casa. Chan fez o check-out e ganhou um voucher para quando resolvessem voltar. Ele o deu de presente à Bia, que guardou para quando pudesse usar.

Voltaram de táxi, o que levou duas ou três horas novamente, e custou uma fortuna aos olhos de Bia, que ainda tinha problemas com o dinheiro dali.

De volta ao dormitório, antes de Chan abriu a porta, ela segurou sua mão.

- Eles... sabem?

- Bem, falei que passaria a noite com você, e não são idiotas, vão sacar que algo rolou. Mas não tem com o que se preocupar, não são garotos sem noção. Não vão comentar.

E de fato, a primeira coisa que Seungmin, o que os viu primeiro, falou foi:

- Vocês perderam o almoço.

- Bia-ssi, como você pôde? - exclamou Felix, da cozinha.

- Pude o quê?

Ele ergueu um livro, Game of Survival, e Bia soube na hora que ele estava se referindo à desgraça que aconteceu com a protagonista, quase no fim do livro.

- Você leu?

- Li, e tô indignado. Quero justiça!

- Emprestei pra ele tem uns dois dias - comentou Chan, pegando a mochila dos ombros de Bia - Não achei que fosse ler tão rápido.

- Eu não achei nem que você fosse ler.

- Ei!

- Não, é que tipo, vocês estão sempre ocupados. Sei lá.

- Eu li sim. Tava esperando a chance de comentar com alguém, sem ser você. Mas... eu amei, de verdade. Vou recomendar no Chan's room.

- Mas não tá a venda na Coreia.

- Bem, quem quer dá jeito, não?

- Você tem mais livros em mente? - perguntou Hyunjin, com o livro vinho na mão, lendo a sinopse.

- Tenho, vários.

- Conta pra gente?

E Bia sorriu, ninguém nunca se mostrara verdadeiramente interessado em seus universos. Mas os olhos de Chan sempre brilhavam quando ela falava (bem, só de olhar pra ela, ele brilhava), Jeongin bloqueara a tela do celular e Felix parou o que estava cozinhando para ouvi-la falar. Bia desconcertou.

Como em uma fanficOnde histórias criam vida. Descubra agora