14 - Dia diferente

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O treino de dança dos SKZ não era nada como ela tinha imaginado.

Embora estivesse confortável com seu tablet em mãos, Bia acompanhava a coreografia com os olhos, atenta a todos os detalhes. Hyunjin era quem tinha os movimentos mais fluídos, Chan dançava com mais força. Minho sabia exatamente quanta energia colocar e em quais movimentos, e a garota teve que se lembrar de fechar a boca várias vezes. Ele era bom, muito bom.

Não estavam praticando nenhuma coreografia nova, mas adaptavam a dança do comeback para gravar, já que Seungmin não poderia participar. Bia se lembrou de quando saiu MANIAC, e Felix mal podia dançar. Além disso, Han tinha se machucado nas gravações, e não apareceu em boa parte do clipe.

Às vezes, ela parava de prestar atenção nos meninos e digitava em seu tablet, planejando o final de seu próximo livro. Já tinha três publicados, um deles conseguiu fama mundial (o tal de Game of Survival), e sua editora continuava pedindo o lançamento do próximo. Seungmin, ao seu lado, encarava a tela sem entender nada.

- Você digita rápido - disse ele.

- É que é português.

- O que está escrevendo?

- Eu tenho um contrato com uma editora no Brasil, e felizmente meu último livro fez muito sucesso por lá. É parte de uma trilogia, ou duologia, ainda não decidi. É que são livros separados, eles têm algo em comum, mas não são continuação um do outro.

- Entendi. E qual o problema?

Seungmin não parecia incomodado pelo fato de Bia alternar entre inglês e coreano, como se não conseguisse decidir como se expressar.

- O final - ela sorriu - Se eu deixar como está, dou margem pra outro livro. Mas não sei se consigo pensar numa história completa, porque dá pra resolver esse buraco com duas linhas, e dá pra ampliar pra cem páginas. Ou... eu mato o Carter, que é o... ih, acho que seria spoiler. Mas acho que não vai vender fora do Brasil, pelo menos não no próximo ano.

- Ok, então pode contar. Até lá eu esqueci.

- Certo... ou eu dou brecha pro terceiro livro, ou eu mato o Carter, que é o queridinho do público. Isso seria uma quebra de expectativa, provavelmente ficariam muito bravos, mas a história terminaria.

- Eu gosto dessa quebra de expectativa. Você vai chocar todo mundo e... vai dar o que falar. Mais público, mais fama.

Bia ponderou, encarando a última linha de seu planejamento. Seungmin tinha razão, e apesar de seu próprio apego à seus personagens, era uma boa ideia.

- Sabe, gosto de pensar que meus personagens falam comigo - ela encarou o garoto, que estava quase deitado sobre ela, apoiado no cotovelo - E o Carter tá dizendo que é uma ótima ideia.

- Suicida.

- Não! - gargalhou Bia. Lee Know a encarou - Desculpa. Carter não é suicida. Pense nele... como um ator.

- Sua cabeça... que confusão.

- É, tem muita coisa aqui - Bia tocou a têmpora direita duas vezes.

Ela percebeu que Chan encarava a interação, mas não tinha nenhum traço de... ciúmes? Bia não queria acreditar que ele sentiria ciúme, logo dela.

Chan sorriu e piscou um olho, fazendo-a sorrir, tímida. Ela voltou a prestar atenção na dança, copiando os passos que aprendera. Ela tinha feito parte de pelo menos nove grupos cover enquanto estava no Brasil, dos 14 aos 18 anos. Nenhum deles deu realmente certo, e Bia nunca parou de dançar, mas era sempre por diversão. Ela não se importava de fato em "chegar à perfeição", mas sempre imaginava como seria um grupo sério, ou mais, uma escola de dança.

Como em uma fanficOnde histórias criam vida. Descubra agora