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"Sinto sua falta, S-Sabo..." Luffy disse baixinho, gaguejando. "Nós pensamos que você m-morreu!"

Ele olhou para cima quando as lágrimas começaram a brotar novamente. Sabo ainda o segurava quando eles voltaram para sua casa na árvore. Sabo estava dando a ele um sorriso que Luffy tinha sentido falta. Era o sorriso que Sabo sempre dava sempre que o confortava. Foi um sorriso cheio de dentes que fez Sabo parecer infantil por causa da falta de um dente. Ver aquele sorriso no rosto de seu irmão novamente, trouxe alívio para o jovem Luffy.

"Você pode simplesmente calar a boca!?" Ace reclamou com um rosnado alto. Ele estava no canto, tentando encontrar roupas para eles nas cestas. A maioria deles ainda estava suja, pois Luffy e ele não tiveram tempo de lavar a roupa naquela semana.

"Luffy, estou aqui agora. Não há necessidade dessas lágrimas." Sabo balbuciou, esfregando lentamente as costas do irmão.

"Sabo está vivo. Ele está te segurando agora, Lu." Ace zombou, revirando os olhos. "Pare de desperdiçar essas lágrimas."

Luffy mordeu os lábios e engoliu em seco. Ele sabia que Ace estava certo, mas as lágrimas não paravam de cair. Só piora. "M-Mas..."

Os tiros, a comoção, os gritos e o barco em chamas eram tudo o que Luffy lembrava vividamente. Ele pensa em não pensar no incidente, mas seu cérebro não consegue bloquear os pensamentos que o afogam na miséria. Claro, Sabo estava bem, mas e se ele estivesse realmente a bordo daquele barco daquela vez? Pela aparência dos destroços, seria um milagre se alguém sobrevivesse.

E pela primeira vez na vida de Luffy, ele percebeu o quão assustadora é a morte. Isso tiraria alguém muito importante para você e você não saberia quando ou como isso vai acontecer. 

"Tudo bem chorar, Luffy."

Roger disse, sorrindo confortavelmente ao lado do batente da porta. Nenhum deles tinha percebido que ele finalmente havia chegado. Não havia passos nem farfalhar de folhas. Roger estava olhando para Luffy com olhos quentes e suaves.

Ace gemeu alto em exasperação. "Por favor, não o encoraje. Meninos nunca choram!"

"Verter lágrimas não faz de você menos homem." Roger continuou com um tom suave. "Todo mundo precisa deixá-lo ir."

"Oh, por favor, Luffy está chorando toda vez!"

"Bem, Luffy sempre será nosso bebê chorão." Sabo riu levemente.

Luffy franziu as sobrancelhas, uma carranca se formando em seu rosto. Ele parou de abraçar Sabo e se levantou abruptamente.

"Eu não vou chorar quando fizer dez anos!" Luffy declarou enquanto colocava as mãos nos quadris.

"Sim. Já ouvimos isso." Sabo sorriu.

"Vamos esperar e ver. Mas eu duvido muito." Ace provocou com um sorriso.

"Algum dia, eu vou fazer você chorar!"

"Tenha um pouco de fé em seu irmãozinho, pirralhos." Roger riu, claramente gostando de vê-los brincando novamente.

"Tudo o que você diz, pai."

O silêncio se seguiu quando todos os olhos se voltaram para Ace. Mesmo o próprio Ace não previu isso. Seus olhos cinzas estavam bem abertos – os mais arregalados que Luffy já tinha visto dele. A boca de Ace estava abrindo e fechando, tentando encontrar alguma palavra para dizer, mas nenhum som saiu. As roupas que ele estava segurando foram jogadas no chão e espalhadas. 

"Ace, v-você..." Sabo ofegou. Ele lentamente colocou as mãos na boca.

"V-você s-só..." Roger engasgou com suas palavras enquanto lentamente recuava.

Amanhã, Antes de Ontem Começar Onde histórias criam vida. Descubra agora