Mamãe

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Cara mamãe,

Venho me despedir através desta carta, essa foi a única opção que tive de me despedir da senhora.
Ontem fez cinco anos que permaneço nesta pequena sela solitária sem ao menos ver a luz do dia, também não vejo ninguém além dos policiais que vem me encher o saco todo dia e esfregar na minha cara um crime a qual eu não cometi.

Não sei qual a sua posição quanto a mim. Mas lá no fundo do meu coração eu acredito que está do meu lado e que também acredita na minha inocência. A Thalita foi a pessoa a qual eu mais amei nessa vida e irei me martirizar pela eternidade por deixá-la sozinha e por não ter voltado a tempo de impedir que fizessem aquela tragédia.

Até hoje eu fico abismado com a brilhante forma que agiram contra mim, aqueles cacos de vidro.. seu corpo ensanguentado naquela banheira toda vermelha.
Eu sinto muito por tudo Thalita! Sinto muito mesmo meu amor!! — lágrimas molhavam a carta — Eu os provoquei, óbvio que reagiram e eu e eu não estava ali para te proteger. Sinto muito, sinto tanto que não posso mais conviver com isso.

Hoje darei um basta na minha vida e nesse sofrimento. Sei que essa não é a melhor saída, mas eu estou enlouquecendo com esse looping infernal e não posso permanecer assim por mais nenhum segundo sequer.

Adeus amor, me perdoe.
Adeus mamãe, te amo!


Narrativa 3• pessoa:

A carta de Pablo nunca chegou nas mãos de sua mãe, já que a mesma havia sumido do mapa logo após matar sua nora e incriminar o próprio filho.
Segundo ela, só o amor dela para com o filho era sincero. Mas na verdade ela era possessiva e não achava nenhuma mulher além dela mesma era digna do amor do filho.

Dona Rita armou e executou tudo friamente, e para que os policiais chegar a conclusão de que o culpado era seu filho, ela quebrou o espelho do banheiro e segurou a firmemente um dos cacos em suas mãos. Ela sorri e acerta a perna direita da nora com um corte certeiro na veia femural. Thalita que respirava cada vez mais rapido e com dificuldade, morre após escutar um "te vejo no inferno, vadia!" Vindo de sua sogra.

Rita toma uma ducha e troca de roupas, então liga para seu filho que estava foragido dos agiotas na casa de uma tia, no interior de São Paulo. Conta sua ficção para o filho, diz que uns caras invadiram sua casa que ela conseguiu escapar, mas a Thalita ainda estava em algum lugar lá dentro.
Ao desligar da um sorriso de vitória e disca 190 em seu celular, quando os policiais atende ela faz uma denúncia anônima, disse que seu vizinho estava brigando com a mulher e que ela gritava por socorro.

Pablo desesperado volta para casa, encontra sua amada sem vida numa banheira cheia de sangue. Aos prantos, ele tenta a socorrer, mas já era tarde demais.
Segundos depois, a casa já estava rodeada de polícia. Não demoraram muito para invadirem e o abordar o prendendo em flagrante. Pablo não teve direito a fiança, foi decretado vedação da concessão de liberdade provisória e o réu deveria aguardar por julgamento em cárcere privado.

Anos depois, Pablo morre sem conhecer a verdadeira mamãe.

A carta de suicídio (Completo)Onde histórias criam vida. Descubra agora