Sinopse: Leslie é uma jovem linda, atraente e tem lá seus dons. Mas o que ninguém sabe é que ela tem um grande segredo, segredo esse que nem todos estão prontos para saber. Os habitantes de Óregon acreditam viver em um mundo "normal", porém não sabe...
Óregon é bem conhecido pelas suas florestas de perenifólias, que cobrem metade de todo estado. Outro aspecto geográfico marcantes são as chuvas torrenciais comum em todo o ano. Tanto as florestas quanto as chuvas estão presentes apenas no Oeste do Óregon. Leslie já estava acostumada com esse clima úmido, tão acostumada que estava no alto de uma das montanhas, com seu rosto inclinado para cima, de olhos fechados, enquanto sentia as gotas de chuva caírem sobre o mesmo. Porém um som estridente chamou sua atenção, ouviu tão bem que parecia ter sido ao seu lado.
Há alguns quilômetros de distância um carro que seguia com uma família havia derrapado em uma curva na chuva, rolando ribanceira abaixo parando com os quatros pneus arriados em um riacho que só fazia aumentar a profundidade da água conforme a chuva aumentava. April uma das vítimas do acidente gritava desesperadamente por seus pais e suas irmãs. A chuva estava ainda mais forte e nenhum sinal de resgate. Ela tentava a todo custo se soltar, porém o cinto de segurança a impedia. Mantinha sua cabeça erguida para não afogar com a água. Mas estava cansando, sua nuca doía, quando ia desistir de lutar por sua vida, pôde ouvir um estrondo que fez o carro balançar. April viu a porta do carro ser arrancada bruscamente com facilidade e ser lançada para longe. Logo seus olhos encontraram os olhos de alguém até então desconhecido para ela, e em seguida ela desmaiou.
- Oi, pode me ouvir? - Questionou uma voz grave. Fazendo April apertar os olhos ao sentir uma dor de cabeça aguda. - Pode me dizer o seu nome? - Questionou a olhando.
- April... - Respondeu ela quase num sussurro. - April Clifford.
- Certo, você se lembra do que aconteceu com você? - Continuou ele com seus questionamentos.
- Onde ela está? - Devolveu April com outra pergunta. Lembrava-se de ter visto uma mulher, porém sua visão estava turva, embaçada, ainda estava em choque com tudo o que houve naquele momento. Mas aqueles olhos não lhe saiam da cabeça.
- Ela quem? Sua mãe ou suas irmãs? - Perguntou ele confuso.
- Não...
- Você ainda deve estar delirando devido aos efeitos dos medicamentos. Vou te explicar o que houve, porém você precisa ser forte pro que vai ouvir. - Comentou o médico a olhando. - O carro em que você estava com sua família derrapou na curva molhada e saiu da estrada, desceu a ribanceira. Acredito que vocês não estavam usando o cinto de segurança, pois foram lançados para fora do carro. - Prosseguiu ele. Porém essa era uma teoria criada pela polícia local quando foram fazer o resgate. Enquanto ele falava o que havia acontecido, April revivia cada cena, desde a parte em que seu pai perdeu o controle do carro, até a parte em que viu a porta ser arrancada do lugar por uma garota desconhecida. Ao mesmo tempo pensava ser coisa da sua cabeça, já que havia batido a mesma no momento do acidente, e talvez pudesse estar vendo coisas. Provavelmente eram os homens do resgate. Perguntava-se interiormente como era possível estarem sem o cinto se ela se lembrava bem de todos terem colocado cintos de segurança, inclusive ela estando presa pelo seu.
Cinco anos depois...
- Leslie me escuta, você sabe que...
- Que você ficou com ódio de mim porque terminamos e começou a namorar com o meu irmão só pra me provocar? Sim, eu sei. - Completou Leslie a encarando nos olhos, porém não era isso que a outra ia dizer. Mas Leslie fazia questão de jogar na cara dela sempre que tinha a oportunidade. - Você diz que só fez isso pra me fazer ciúmes, mas adivinha... Eu só consigo sentir raiva e nojo de você. - Finalizou retirando-se.
- Leslie!! - Chamou a outra, porém foi completamente ignorada.
- Selene? Está tudo bem? - Indagou Renê, irmão de Leslie.
- Está sim, estava conversando com sua irmã. - Respondeu o olhando.
- Ela te tratou mal de novo? - Questionou preocupado.
- Está tudo bem. - Ela forçou um sorriso e o abraçou.
Há cinco anos atrás foi decretado o fim do relacionamento entre Leslie e Selene, esse era o motivo pelo qual Leslie estava na beira da montanha embaixo de uma forte chuva. Renê sempre soube que a irmã gosta de se envolver com mulheres, porém não sabe que ela e sua atual já se envolveram. Leslie nunca foi de apresentar para a família as mulheres que se envolvia. Selene foi seu relacionamento mais duradouro, depois disso, ela apenas tem aproveitado a vida de uma forma diferente, sem relacionamentos, apenas curtição. Para causar ciúmes a ex, Selene se envolveu com Renê, mas a reação da outra não foi como esperava.
Naquela noite Leslie havia ido a um lugar em especial, ela estava do lado de fora de uma casa, observando o movimento enquanto girava a ponta do seu canivete em seu indicador. Logo pôde ver quando uma garota saiu de dentro da casa, e despedindo-se de seu namorado, ela começou a andar pela calçada.
- Isso não vai dar certo... - Sussurrou Leslie para ela mesma. - O imbecil podia ao menos acompanhá-la até sua casa. - Murmurou.
Ela afastou-se de seu carro e abrindo a porta entrou no mesmo. Ligou o som, colocando sua playlist favorita para tocar, a música escolhida foi “Survivor - Eye Of The Tiger”. E dando partida ela logo encontrou a garota através do som que saia de seu headphone. A garota sequer notava a movimentação a sua volta, estava sendo seguida por dois rapazes. Ao ouvir os pensamentos que eles tinham a respeito dela, Leslie pisou firme no acelerador e aproximou-se rapidamente freando bruscamente ao lado da garota. O que fez os dois homens pararem no meio da calçada há poucos metros atrás.
- Ei! - Exclamou ela abaixando um pouco o som e fazendo sinal para ela tirar o headphone. Assustada a garota tirou devagar. - Eu estava te procurando, como você sai assim do nada de casa? Sei que não devíamos ter brigado, mas ao menos vamos conversar como adultas e resolver isso. Pode entrar no carro por favor? - Disparou em voz alta para os homens ouvirem. Esses agora fingiam conversar para ver se a garota iria continuar a caminhada sozinha ou não. Essa por sua vez a olhava sem entender nada, pensava que Leslie poderia estar confundindo ela com outra pessoa, ou estar simplesmente louca.
- Olha eu... - Quando ela ia dizer que não fazia idéia do que ela estava falando, Leslie a cortou para não ferrar com seu plano. Não podia se expor ao brigar com os rapazes, então precisava que ela apenas confiasse nela e entrasse no carro.
- Por favor, prometo te ouvir dessa vez. - Insistiu agora apontando discretamente com os olhos para os rapazes que estavam há poucos metros de distância dali. Percebendo que ela tentava alertá-la de algo, a garota passou uma das mãos por entre os cabelos e olhou para os lados como quem tivesse decidindo se daria ou não “outra chance” para ela podendo então avistar os rapazes ali. “Ótimo, ela está entrando no personagem.” Pensou Leslie. E esticando-se um pouco ela destravou a porta a abrindo. A garota por sua vez respirou fundo fazendo um leve drama e entrou no carro, batendo a porta em seguida. Então Leslie pisou no acelerador e saiu dali. A música que tocava agora era “Oasis - Wonderwall”.
“Devo estar louca por entrar no carro de uma desconhecida. Ela pode ter fingido tentar me ajudar e agora vai sumir comigo também.” Pensou a garota. Ao ouvir isso Leslie segurou o riso, não podia demonstrar a ela que podia ler seus pensamentos.
- Como é seu nome? - Questionou Leslie quebrando o silêncio. Apesar dela já saber o nome dela e onde ela mora, precisava fazê-la acreditar que a estava vendo pela primeira vez.
- April... April Clifford. - Respondeu sem jeito.
- Satisfação April, me chamo Leslie Blossom. - Apresentou-se. - Olha, não é por nada não, mas precisa tomar cuidado ao andar com esse fone de ouvido por aí a essa hora da noite.
- Como sabia que eles iriam fazer alguma coisa? - Indagou a olhando.
- Eu estava parada em frente a casa de uma amiga prestes a ir pra casa quando vi você passando. E logo em seguida os dois rapazes atrás de você. - Mentiu. - Não é difícil de adivinhar o que estavam prestes a fazer com você. Então resolvi arriscar tentar te ajudar, pois sabia que provavelmente você não entraria no carro por não confiar em mim. Afinal, nem me conhece. - Explicou enquanto dirigia.
- Sinceramente? Achei que fosse uma louca. - Disse. - Eu moro no próximo quarteirão a direita. - Revelou apontando. Leslie seguiu suas informações. - Aqui. - Acrescentou a fazendo parar.
- De onde estava vindo? - Questionou a olhando.
- Eu estava... Na casa do meu namorado... - Respondeu entre pausas.
- Ele podia ao menos ter te acompanhado até em casa. - Comentou.
“Pois é, ele é um imbecil as vezes.” Pensou ela.
- Obrigada por ter me ajudado. - Disse apenas, abrindo a porta e retirando-se do veículo em seguida.
Leslie baixou o freio de mão e acelerou saindo dali. Em poucos segundos sua mente trouxe a lembrança do dia em que tentou salvar aquela família. Lembrava-se perfeitamente daqueles olhos, daquele rosto, porém mais assustados naquele dia. Desde então nunca tirou April da cabeça, sabia que ela era apenas uma criança na época, mas hoje deparou-se com uma mulher, que foi obrigada pela vida a amadurecer cedo após uma tragédia que envolveu toda sua família.
- Eu vi o que você fez. - Murmurou Renê ao ver Leslie estacionar o carro na garagem da mansão. Essa por sua vez bufou revirando os olhos e logo saiu do veículo, batendo a porta em seguida.
- Viu o que? Hum? - Indagou ela o encarando.
- Foi atrás dela, outra vez. Por que não segue a sua vida? Já se passaram cinco anos e você ainda está nessa. Ela está tocando a vida dela com aquele idiota do namoradinho dela, sequer sabia que você existia, até hoje. Até você resolver entrar em cena. O que pensa que está fazendo? Devo te lembrar que a nossa mãe foi traída por um mortal? E que a perdemos porque ela confiou demais em um mortal? Saia desse seu conto de fadas, eu sei que tipo de sentimento floresceu aí dentro e é bom ele acabar aqui. - Disparou ele, a medida que falava a empurrava com o dedo em seu peito. E isso a irritava muito.
- Não fala merda Renê, que tipo de sentimento? Hum? Ela tinha apenas treze anos, era apenas uma criança quando aconteceu...
- Falou certo, concordo, TINHA apenas treze anos na época. Mas já se passaram cinco anos, hoje ela é uma mulher no auge dos seus dezoito aninhos. Está linda não é? E eu sei que com o tempo, conforme ela ia se transformando você foi se apaixonando por ela. - Concluiu ele após interrompê-la. - Estava te esperando pra te avisar que você vai ter que mudar de colégio. - Acrescentou a fazendo franzir o cenho demonstrando estar confusa.
- Mudar de colégio? Por que? - Questionou o encarando nos olhos.
- As aulas começam amanhã e adivinha quem entrou para a Óregon Schooll? A sua mortal. E é bom você sair, antes que estrague tudo. Então perca as primeiras semanas de aula e troque de colégio o quanto antes. - Respondeu retirando-se.
A pergunta que Leslie fazia interiormente era, como ele sabia disso e ela não? O que ela deixou passar? Ela entrou na mansão e foi em direção às escadas, em poucos minutos estava em seu quarto. Havia uma parede envidraçada que dava visão para a floresta que havia em volta. Deitada em sua cama enquanto ouvia sua playlist ela ficava horas fitando a paisagem a sua frente. As demais paredes do quarto eram em cinza grafite, seus móveis eram todos pretos. Sua cor favorita. Havia apenas uma cama King box, na parede alguns desenhos, e um nicho com alguns livros. No canto tinha um closed, que ao passar por ele, nos fundos havia um banheiro.
Dia seguinte...
- Como eu estava dizendo, a Leslie infelizmente foi transferida para outro colégio, ela não podia mais continuar aqui. - Explicava Renê mais uma vez.
- Se a Leslie foi transferida e não pode mais estudar aqui, quem é aquela que vem ali então? - Questionou Selene apontando para o corredor onde Leslie estava. Era como se essa cena tivesse acontecendo em câmera lenta. Todos que estavam dos dois lados do corredor paravam o que estavam fazendo para vê-la passar.
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- Eu não acredito nisso. - Murmurou Renê.
- E aí pessoal! - Exclamou Leslie ao aproximar-se e parar frente a eles. Logo ela virou-se para o irmão e ficou a centímetros do rosto dele. - Você não manda em mim, eu não vou a lugar algum. Se você se sente ameaçado por mim, então saia você daqui, para de encher a porra do meu saco e me deixa em paz. - Disparou saindo andando em seguida sem dar a ele chance de dizer algo. Nem era preciso ficar também, pois esse havia ficado realmente sem palavras com essa atitude dela.
- Leslie sempre surpreendendo. - Comentou Steban o primo de Leslie e Renê dando um leve tapinha no ombro dele.
Leslie foi até a sala de aula e ao chegar no batente da porta deparou-se com April sentada no fundo da sala. Estava com seu costumeiro headphone e de cabeça baixa enquanto mexia no celular.
“Meu Deus do céu, como você consegue ser tão idiota Scott?!” Murmurou ela em pensamentos bufando em seguida, e ao largar o celular na mesa e cruzar os braços seus olhos encontraram os de Leslie.
Ao ouvir esse pensamento dela, Leslie chegou a apenas uma conclusão, novamente ela estava discutindo com o namorado. Eles discutiam maior parte do tempo, Leslie via o namoro deles como um namoro de fachada. Ele não a amava de verdade, e ela não merecia isso, estava apenas a usando. Além de outras coisas que havia descoberto a respeito dele, no fundo sabia que não podia se meter, mas era só questão de tempo.
Leslie desviou o olhar e caminhou até a carteira onde sentaria, ao aproximar-se ela puxou a cadeira e sentou-se. De onde estava podia sentir o cheiro de April, que a deixava embriagada. Era um cheiro diferente de muitos outros que já havia sentido na vida. Só esteve perto dela no dia do acidente quando a salvou, e na noite anterior. Agora estaria perto todos os dias e isso era tentador.
Minutos depois...
- Eu não vou dar a vocês uma chance de escolher, porque da última vez que eu tentei deu briga no ano passado. Esse ano eu vou fazer diferente... - Dizia a professora. - Vamos começar o ano com um trabalho, em dupla, e você vai fazer dupla com a pessoa que estiver atrás de você.
- E como isso vai dar certo? Vamos fazer todos juntos então. - Comentou um dos garotos fazendo os demais rirem.
- Para de ser lerdo cara, eu vou fazer com você. A pessoa que tá atrás de você, vai fazer com a próxima, a pessoa que tá atrás da próxima vai fazer com o outro. Entendeu? - Explicou o outro.
April estava sentada bem atrás de Leslie, ficou alguns minutos fitando seus cabelos castanhos esperando que ela fosse virar para olhá-la.
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Era instinto, todos estavam fazendo isso, mas ela não. E quando pensou em desistir, ela ia abaixando a cabeça quando Leslie virou a cabeça a olhando por cima do ombro. Ambas não disseram nada, mas April pensou algo.
“O destino só pode estar de brincadeira comigo.”
- Você não imagina o quanto. - Sussurrou Leslie após virar-se novamente para frente.