Capitulo 3

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"Conhece-te a ti mesmo e conhecerás o universo e os deuses"Oráculo de Delfos

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"Conhece-te a ti mesmo e conhecerás o universo e os deuses"
Oráculo de Delfos

"Conhece-te a ti mesmo e conhecerás o universo e os deuses"Oráculo de Delfos

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Nila

Subi a colina meio-sangue rapidamente. Já conseguia escutar as risadas altas e os sons das espadas se chocando. Foi então que parei no portal. As duas árvores, uma do lado da outra, juntando seus galhos em um arco. Me aproximei de uma delas, tocando seu tronco e sentindo a fenda da qual eu fui tirada.

Hoje eu aparentava ter dezenove anos, mas quando eu tinha saído dela aparentava ter dezesseis, mesmo não correspondendo a minha idade verdadeira.

Seis anos na forma de uma árvore. Eu tinha treze quando morri, quando meu pai transformou Thalia e a mim. Naquela forma eu conseguia ver os novos campistas chegando ao acampamento, consequentemente alguns fugindo, conseguia sentir os passarinhos pousando nos galhos, escutar seus cantos. Mas acima de tudo eu conseguia senti-la. Thalia e eu nos comunicavamos pelos galhos entrelaçados, não com palavras, acho que isso não seria possível para uma árvore. Mas sim por gestos. Isso refreou um pouco o sentimento de solidão.

Me afastei minha mão da árvore, balançando um pouco a cabeça. Não fazia sentido reviver tudo aquilo novamente. Dei alguns passos e atravessei o portal, me deparando com uma vista ampla do acampamento.

Havia campistas treinando com espadas, arcos e flechas, e as mais variadas armas. Nos campos de morangos as ninfas conversavam, e nos estábulos, campistas cuidavam dos cavalos alados. Tendo essa visão, fez com que eu sinta orgulho de mim mesma por ter sido a barreira que os protegia.

Cumprimentei alguns rostos conhecidos, no caminho até o Chalé de Zeus. O acampamento em si estava um pouco mais vazio que o normal. Verão passado fizemos um treinamento intensivo para os que queriam passar o ano letivo com os familiares sem que morresem ao pisar na rua.

O Chalé estava vazio, do mesmo jeito que deixei no verão passado. As beliches estavam arrumadas e intocadas, só a minha cama estava bagunçada, com os cobertores ainda embolados em cima. Encostei a bolsa no chão, me jogando nela. Olhei para o teto, e ainda refletindo sobre as poucas informações que consegui das irmãs cinzentas, e depois voltaram para o homem em meus sonhos.

Me deixava confusa, ele parecia colocar seus órgãos para fora, mas não imagino que alguém vomite depois de se deitar com alguém. Bom, na verdade imagino alguns cenários, mas ele não aparentava estar sendo forçado, ou ameaçado, estava calmo de mais enquanto caminhava. Pelo menos aparentava estar, até entrar em seu quarto, onde não tinha ninguém.

Sou desperta de meus pensamentos por vozes do lado de fora do chalé, vozes muito bem conhecidas. Me levanto e vou até a porta, me deparando com Percy e Anabeth do outro lado, que pararam de discutir assim que me viram.

- Ah! Olá arvoresinha - disse Percy, ele tentou dar um sorriso, mas percebi estava um pouco nervoso. Lancei um olhar feio para ele, que insistia em me chamar por aquele apelido ridículo que colocou em mim quando nos conhecemos. - O Quirion está nos chamando.

...

Sentados na mesa de reuniões na casa grande, estávamos eu, Percy e Annabeth esperando nosso querido diretor de acampamento retornar para que eu pudesse saber da grande noticia. A cada minuto que passava, meu coração e mente continuavam a pesar. E os dois a minha frente não ajudavam em nada a acalmar meu coração, a todo momento trocavam olhares preocupados e sorrisos tristes, apertavam as mãos um do outro para mostrar apoio e se concentravam em suas preocupações. Ótimo, como se já não me bastasse tudo o que vinha ocorrendo, ainda estava de vela. Simplesmente ótimo.

Por que o segredo? Porque não podiam simplesmente falar logo? O que estava acontecendo? Que porra os deuses aprontaram agora? Sim, como qualquer semideus minimamente racional, eu tinha certeza que o Olimpo estava metido nisso, eles sempre estavam.

- Vocês sabem de alguma coisa!- acusei os dois, que deram um salto de suas cadeiras, um pouco surpresos- Estão nervosos de mais pra quem está no escuro, que nem eu. Vamos, digam.

Percy prontamente negou, Anabeth tentou também, mas não me pareceu nem um pouco convincente. Arqueei uma sobrancelha para ela, lhe dando um olhar que faria muitos começarem a falar.

- Nem me venha com esses olhares. Não sou qualquer outro campista, soldadinho, que você faz falar com um ou dois olhares- Ela devolveu bufando.

Revirei os olhos, mas ainda assim notei ela desviando seus olhos dos meus. Soltei uma risadinha, e virei esse mesmo olhar para o Percy, que já estava com o rosto virado para o outro lado da sala, me evitando.

A porta irrompeu, e por ela passou o centauro que eu tinha como diretor do acampamento. Ele trazia consigo, um olhar compreensível e um sorriso amável. Ele me avaliou por um momento antes de se ajeitar a mesa.

- E então?- questionei, o observei Quirion soltar um suspiro, antes de começar.

- Sabe Nila, o oráculo de Delfos nos deu mais uma profecia. E algo nela, nos fez pensar em você.- Eu franzi o cenho

- Nós estávamos com Rachel no momento- se pronunciou Anabeth

- E acredito que não exista muitas filhas do deus dos raios e trovões. E como Thalia está com as caçadoras de Artemis...- Percy completou, deixando a última parte implícita.

- Sobre o que falava? Ela disse exatamente isso? Como que...- minha boca já se preparava para soltar milhares de perguntas, mas Quirion me interrompeu.

- Se acalme. Que tal você mesma ir descobrir? Rachel já está te esperando - indicou com a cabeça para o lado, uma porta fechada.

Me levantei com cuidado, e fui até lá. Virei a maçaneta, adentrando na sala anexada. Ela estava sentada em uma das cadeira da mesa, de costas para para mim.

- E ae Rachel, tudo bem?- a cumprimentei, não sendo respondida durante um longo tempo, então tentei- Ahn... Rachel?...Oráculo?

Dei a volta na mesa para ficar de frente para ela, e visualizei seu rosto. Seus olhos fechados e sua expressão não revelava nada. E então seus olhos se abriram, uma luz verde saindo deles, me cegou brevemente. E então a voz antiga soou no ambiente.

"Caminhará entre as portas e espelhos da terra, o laço a guia e encontrará o que procura.
Com o acordo feito, a rainha vermelha cairá em sangue.
Encontrará ajuda naquilo que foi humano e agora é feérico.
Os filhos desaparecidos, se apresentaram.
E então a filha lavará as terra entre ventos, raios e trovões
O tempo que quer correr, continuará parado."

A luz em seus olhos, se apagaram, e a cabeça de Rachel tombou para frente. Me aproximei preocupada, mas ao tocar seu ombro, ela levantou a cabeça e olhou para mim.

- Hei Nila! Como vai?













Corte de Raios e Trovões (ACOTAR-PJO)Onde histórias criam vida. Descubra agora