hoje eu olhei pra você
e vi
a beça
existem mulheres de chapéis amarelos
caminhando por aí com uma bolsa marrom
apoiada no ombro
esperando o mundo perceber sua presença
e se curvar a elas
(como devia ser desde o início)
almas livres não devem ser aprisionadas
não devem ser ignoradas
almas livres são apaixonadas pela vida
pelo que ela tem a oferecer a elas
assim fazem a vida ser vivida
como ela sempre mereceu ser
eu já deitei no seu sorriso
só você não sabe
te chamei pro risco
então fica a vontade
vivo em tela viva
tela de cara e coragem
solta esse seu muro e põe os pés nessa viagem
pouco se fala das sereias a beira da água
que te hipnotizam
te amam até o sol aparecer no céu outra vez
que tem açúcar na língua
deslizam facilmente sobre a areia
e te deixam numa embriaguez
de sentimentos brutos e desesperados
não é seguro partir com elas
mas a maresia me impediu de ser pensador
e eu fui, fui, fui...
e avistei grandes caravelas
nadando em torno das sereias
como se nunca fosse me afogar
meu sonho feliz era chegar e já cair no mar
gostaria de ter deitado nas ondas com ela
e respirado a espuma no ar
e batido os pés contra a areia
como se nunca mais fosse sair de lá
meu sonho feliz era chegar e já cair no mar
aquela liberdade toda me ofendeu
ela não parava de murmurar
que me amava, amava, amava...
ela não me entendia
mas o Sol entendeu
meu sonho feliz era chegar e já cair no mar
eu fugi de lá correndo
antes que me prendesse àquele olhar
e não conseguisse mais escapar
por supuesto que não transpareço
mas eu já rezei um terço hoje
pro seu santo me guardar
zerei as moedas do desejo
pra você me dar um beijo
desembolar
eu já deitei naquelas ondas
pensando em você
como se fossem uma cama suave
com edredons cor de pérola
e almofadas brancas
como se fossem suas coxas
e a chave
pra eu sair de lá
e eu amei, amei, amei ela...
e ela não me amou, amou, amou...
eu já deitei no seu sorriso
só você não sabe
te chamei pro risco
então fica a vontade
vivo em tela viva
tela de cara e coragem
solta esse seu maro
e põe os pés nessa viagem
