IV

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Ok. Três coisas que Nishinoya descobriu passando a noite na casa de Asahi.
A primeira, é que suas irmãs são traidoras mentirosas. Elas não só riram dele, como o delataram para o seu avô. Dizendo que ele, algumas vezes no meio da noite, fugia e ia escondido na casa de seu 'namoradinho' - elas riram mais ainda quando ele ficou bravo pelo novo apelido de Asahi.
A segunda coisa, foi que o cabelo de Asahi era absurdamente macio. Ele cheirava a canela e Nishinoya poderia facilmente se viciar em toca-lo (o que ele fez bastante durante a noite, agradecendo a Asahi ter um sono pesado).
A terceira coisa, beijar Asahi foi a coisa mais legal que ele já fez, mas isso não significa que ele era gay.
Poderia ser simplesmente o cabelo dele, certo? Certo. O cabelo de Asahi era longo poderia facilmente confundir. Apesar de que seus traços eram masculinos e tinha sua barbixa que era uma característica marcante sua (que pasme, Noya descobriu que era macio também).

Se olhando contra o espelho do banheiro da escola, ele percebe quão patético ele era por continuar se enganando assim. Beijar um homem com certeza não parece muito heterossexual e ele deveria encarar isso.
Tanaka ficaria muito decepcionado se...

Merda, Tanaka.

Ele não pediu desculpas à sua equipe ainda.
Ele deveria.
Ele joga água fria no rosto, se dá alguns tapas e se sente pronto para enfrentar todos, com o homem que ele é.  Segurando sua mochila que continha um bom saco de pãozinhos de melão, ele segue seu caminho em direção a quadra.

Chegando lá, a primeira coisa que ele vê é Asahi e Suga conversando.
Daichi não estava ali.
Provavelmente não estava bem ainda.
Suga não parecia tão feliz como sempre era no treino. Talvez fosse porque seu namorado não estava lá, fazendo a coisa que eles tanto amam juntos. Noya poderia facilmente se identificar com este sentimento, embora ele não tenha namorada- ou namorado, aparentemente.

"Ah, Noya. Que bom que veio."

"Suga-san!" Ele sorri enquanto tira da sua bolsa o saquinho de pães. "Você aceita um dos pães? Como meu pedido de desculpas à equipe."

O grisalho parece relaxar, pegando a pequena e macia oferta de paz, se deleitando com seu sabor. O avô de Nishinoya sempre disse que se você quer fazer as pazes com alguém, lhe dê pães de melão. Ninguém diz 'não' a um pão de melão.
O maldito velho estava certo, mais uma vez.
"Fico feliz que você venha em paz. Que baita confusão ontem!"
Nishinoya coça sua cabeça, sorrindo sem graça. "Não foi muito legal da minha parte gritar com eles. E não queria também deixar vocês nessa situação, sabe, como líderes substitutos. Sinto muito, Suga-san."  O líbero olha para Asahi, logo atrás de grisalho que fazia um sinal de positivo.

"Bem, você certamente pagou sua dívida com este pão aqui. Que delícia!"

"Asahi-san, você quer um?"
"Estou bem." Ele sorri gentilmente. Nishinoya não se contenta com isso, insistindo que ele pegue um. Até que Asahi cede e come seu pão de bom grado.

"Noya-senpai!"

O líbero se vira, dando de cara com os alunos do primeiro ano. Todos indo até ele e se curvando, até mesmo Tsukkishima. Noya fica sem palavras.
"Nos perdoe, noya-senpai!" Droga, eles estava usando o 'senpai', Noya se sentiu tão lisonjeado.

"Me desculpe, Nishinoya-sen..Nishinoya-senpai." Diz Tsukkishima com um leve rubor nas bochechas. Nishinoya teria que fazer piadas disso mais tarde. Ah Deus, isso era bom demais. Onde estavam as câmeras?

Observando um pouco mais a cena, o libero decide que já era o suficient.
"Ei, levantem!" Os mais novos olham para o líbero com curiosidade. O líbero continua: "Eu quem preciso pedir desculpas pra vocês. Er, eu, eu não queria ter explodido assim. Tá de boa. Vocês podem levantar."

"Voce não está mais bravo por que quer dizer que é verdade?" Kageyama pergunta, tão direto como sempre. Hinata parece 'sussurar' algo como um xingamento para o levantador, avisando que era cedo demais para esse tipo de pergunta.

"É um animal." Sussurra o loiro sobre Kageyama. Yameguchi parece suprimir uma risada, repreendendo o bloqueador.

Nishinoya ri, chamando atenção dos outros jogadores. O clima que começou tão pesado, agora era mais leve. Exceto que, Tanaka não estava lá.
Não estava lá para compartilhar esse momento com eles.

Suga, parecendo ter lido sua mente, diz para os outros começarem com o alongamento e que Noya poderia esperar a chegada de Tanaka mas que se demorasse era para ele se juntar a eles.

"Ele deve estar atrasado." Diz o Ás, tentando acalmar o menor. "Logo ele chega."
Noya escolhe acreditar em suas palavras e o time se retira para se aquecer.

Asahi tinha razão no final, Tanaka estava atrasado.
Ele teve a mesma ideia que Yuu e passou no mercado para comprar pãozinhos de melão para se desculpar, mesmo não precisando. Chegando no ginásio ele passa direto por Ennoshita e Yameguchi, com um olhar sombrio. Até se ajoelhar no chão, olhando diretamente nos olhos de Noya.

"Você é meu melhor amigo e eu não queria ter te magoado. Aceite este pão maravilhosamente gostoso de melão e volte a ser meu parceiro. Logo, vamos jogar contra Nekoma e eu não quero explodir a cara daqueles merdas sem você!" Ryuu oferece o pão, dramaticamente. Mas Yuu sabia que era sincero.

"Claro que sim!" Eles se abraçam e Hinata pula de alegria.
Nishinoya não poderia estar mais feliz.

Depois da cena tão comovente, Suga avisa que eles deveriam começar o jogo pois Daichi, da sua forma, estava treinando o que podia, mesmo com os terceiro-anistas mandando-o parar e descansar suas forças.
O mínimo que eles poderiam fazer é se esforçar tanto quanto.

"Kageyama! Jogue com menos força, vai arrancar meus braços fora"

"Idiota, não diga como se eu estivesse
arremessando tão forte em você!"

"O rei vai se irritar conosco?"

"Tsukki!"

"Asahi-san! Que bela defesa!"

"Mas eu deixei cair.."

Ah sim, Noya poderia relaxar. Tudo parecia normal agora, e tudo estava bem.

[...]

"Eu acho que te devo desculpas, amigo."

"Ah, deixe isso pra lá. Já está resolvido" Tanaka diz enquanto guardava a bola. Ele faz alguma piada sobre peitos quando pega duas bolas e põe na frente dos seus. "Lembro Saeko?"

"Nem pensar, cara. Saeko é muito mais atraente."

"Assim você me machuca." Tanaka ri, finalmente guardando as bolas.

"Eu, bom, tava falando que... devo desculpas à você por que eu acho que era verdade."

"O que era verdade?"

"Talvez eu não seja hetero." Ele arrisca olhar para o outro, esperando alguma risada convencida ou algo como 'eu avisei!' Mas era Tanaka. Ele apenas sorri.

"Seja o que você for, você vai continuar sendo meu melhor amigo."

Nishinoya tenta encontrar suas próximas palavras, mas ele não as acha. Ele simplesmente repete as palavras calorosas de Tanaka em sua cabeça.
A culpa de ter brigado com seu amigo por algo que ele na verdade estava correto, era um pouco angustiante.

"Oi, Noya!"  Tanaka chama. Nishinoya vira a cabeça, esperando. "Se for casar com o Asahi, lembre-se o padrinho serei eu."

O líbero sorri.

"Cara, se eu casar com Asahi, você será o padre!"

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