8

442 41 1
                                    


KAKYOIN

Ele foi puxado pelo braço até a residência dos Kujo, onde ficava mais próximo ao parque. Os dois chegaram bem encharcados pela entrada, que até pingava várias vezes no chão. A vista de lá fora estava em um caos de chuva, ainda ventando para os lados. Chegando em um ponto que só daria para ver uma escuridão com vários riscos brancos no meio dela.
    A Sra. Holly o recebeu com tamanha generosidade, servindo roupas limpas de seu filho e dando de graça o chuveiro, com a disponibilidade a sabonetes e xampus. Jotaro ficou sem-graça e encarou a sua mãe, carrancudo. Talvez fosse porque tinha que emprestar suas roupas largas que nem serviam direito no ruivo. Ou talvez, dando coisas que não deveriam ser usados por pessoas que não moravam na residência dos Kujo.…
    Jotaro o conduziu ao banheiro, como a Sra. Kujo tinha mandado para fazer. Enquanto Kakyoin segurava as roupas de seu suposto melhor amigo em seus braços, sentira todos os seus nervos esquentarem, porque é a primeira vez que usa as vestimentas que não eram seus. E para acrescentar, eram os dele. Meu deus, pensou ele, com as mãos suadas agarradas no tecido enquanto entrava no banheiro. Então fechou a porta assim que Jotaro revirou-se para o corredor com a sua mãe o chamando.
    Se ele descobrisse que as roupas estavam com o suor dele, suspeitaria que estava completamente ao limite de suas emoções.
    Entrou em baixo do chuveiro, e girou as duas que estavam coloridas de “azul” e “vermelho”. O garoto da cereja não precisou de ajuda para ver como funcionava, porque o chuveiro de sua casa é semelhante, então conseguiu ligá-lo, sem dificuldades―aliás seria algo vergonhoso se ele adentrasse, que talvez o veria a corpo nu dele.
    Kakyoin sentiu a água morna batendo em sua tona saindo pelos buracos, e então, relaxou-se lavando todo o corpo dele. Conforme saía do banho, imaginou que aquela parte desgastada do sabonete foi simplesmente apalpado por ele. Cobriu seu rosto com as mãos esquentadas pós-banho. Quem diria que a alerta colorida bateria com tanta brutalidade em sua cabeça…
    Quando finalmente conseguira vestir estas roupas largas, olhou para o espelho grande e comprido que havia logo em cima da pia do banheiro. Ele estava usando uma camiseta preta com dois formatos retangulares dourados, e com mangas compridas cobrindo toda a sua mão, e a roupa em si batia quase nos joelhos. E as calças eram brancas e simples, que por sua vez, também quase ocultavam os seus pés descalços.
    Resumindo, por ser mais baixo do grupo, todas as vestimentas eram grandes demais para ele.
    ―Kakyoin! Já tomaste seu banho? – A Sra. Holly gritou, do outro lado da porta – fiz um chá bem quentinho para você.
    Ele abriu a porta devagar, deixando uma pequena brecha, e viu uma figura carinhosa diante dele.
    ―Senhora Kujo, não precisava preparar um pra mim… - Kakyoin rejeitou educadamente, abanando suas mãos, enquanto pisava fora do banheiro.
    ―Mas, querido, você esteve no frio lá fora. Ainda mais com a chuva forte que está fazendo hoje, nesta noite! – ela falou, indicando o caminho para a sala do jantar, e dando alguns passos para frente – É melhor você se esquentar aqui, pra não deixar seus pais preocupados com seu estado. Aliás, já tinha ligado para sua mãe, que você passaria uma noite aqui, assim que a chuva passasse.
    Noriaki tampouco conseguiu falar uma palavra para recusar a gentileza dela. Então decidiu aceitá-la, para não deixar a senhora Kujo com cabisbaixa após ter feito as coisas somente para ele. Seria um grande mal-agradecido se não aceitasse.
    Assim que se acomodou no tatami à frente de uma mesa baixa, cujos cobertores fixados em laterais. E tinha colocado as pernas e os pés em baixo da mesa, esperando a Sra. Holly trazer um chá-verde preparado para ele.
    Quando andara pelos corredores da casa, haviam mais cômodos além aquelas que já presenciara no ano passado. Realmente, a área é bem imensa que ele imaginou que fosse. Tinham até quarto de hóspedes e uma mini biblioteca―com duas estantes de livro nos ambos lados das paredes, uma pequena mesa entre duas poltronas e toda a aparência desse cômodo era diferente do estilo japonês
daquela biblioteca que tinha visto quando entrou pela primeira vez na casa deles―, parecendo aquelas bibliotecas dos Estados Unidos ou da Inglaterra. Ele se perguntara o porquê aquela sala é a exceção entre toda a casa, e o porquê tinha duas bibliotecas.
    ―Querido, aqui está o seu chá! – A Sra. Holly aproximou-se da mesa, agachando para pôr o copo sobre ela. 
    ―Obrigado, senhora Holly. – Kakyoin sorriu para ela, agradecendo-a – A propósito, a senhora sabe onde está o Jotaro? – ele perguntou, assim que deu seu primeiro gole.
    ―Ele está arrumando o quarto dele – ela respondeu –, para ficar bem no jeitinho quando você for dormir.
    O garoto da cereja se engasgou de líquido quente, rastejando pela sua garganta de forma que a queimasse. Em seguida, dando uma iniciativa do incêndio em todos seus vasos sanguíneos.
    ―Como assim vou dormir no mesmo quarto que ele?!
    ―Kakyoin, tome mais cuidado! – a mãe de Jotaro correu até o ruivo, assim que ele começou a tossir – Beba mais devagar! - deu algumas tapinhas nas costas dele.
    ―Sinto muito por fazer a senhora se preocupar comigo… - ele a olhou com um olhar triste.
    ―Não precisa pedir desculpas! E não precisa ser formal comigo, basta usar só o meu primeiro nome.
     ―Não se importaria?
    Ela balançou a cabeça.
    ―Pode ir ao quarto do meu filho. – a loira apanhou o copo quase vazio de chá-verde, e levantou-se – Posso levar o chá pra cozinha, então dê uma companhia para ele.
    ―Ok, pode deixar. – ele deu alguns passos até a saída da sala de jantar.
    ―E mais uma coisa, garoto Kakyoin!
    O ruivo olhou para trás, com a mão apoiada nas laterais da porta.
    ―Obrigada por estar ao lado do meu filho nesse exato momento… Antes, ele andava agindo muito estranho por algum motivo que não me contou a verdade naquele dia que eu tinha perguntado. Mas, como eu entendo muito bem os sentimentos dele… Ele estava realmente pensando em você. Talvez havia algum propósito para isso. – ela parou no meio da entrada da sala – Porque eu tinha o visto observando o retrato com seus amigos, olhando para exatamente em você, Kakyoin…
    Ele revirou a cabeça e encarou o piso, levando a mão junto para a altura da cintura. O ruivo mordeu um lado de seus lábios, e depois olhou para a Holly, com um sorriso traçado em seu rosto, cobrindo a sua frustração por si mesmo.
    ―Eu estarei sempre com ele, agora em diante. Então não precisa mais se preocupar, Holly.
    ―Obrigada, novamente… - ela sorriu de volta, e desapareceu aos poucos pelos corredores.
    Kakyoin foi em direção do quarto de Jotaro, e seus olhos olhavam para a roupa usada, com lábios a encarando estremecidos, também.
    Talvez, deveria contar a verdade para ele, assim que chegasse no cômodo. Porém, a sua mente evitava a falar―como se aquela conversa dominava todo o reino, e a lei impede a transmitir coisas necessárias para aqueles pobres coitados. 

JOTARO           
                    

    Pode não parecer, mas ele é realmente habilidoso em desenhar qualquer coisa, ou qualquer ser vivo, com vários tipos de materiais de pintura. Embora seja habilidoso, não gostava fazer uma obra de arte. Estava fora de seu interesse. Ele não entendia o que as pinturas famosas traziam sentimentos para as pessoas. Para ele, era só um monte de coisas sem sentido saído da cabeça dos seres humanos. Por exemplo―o quadro da Mona lisa, feito por Leonardo da Vinci. Só era uma mulher pousada em uma paisagem pequena atrás dela.
    Quando fizera um trabalho de artes, que era para produzir uma arte
Realista, desenhara uma mesa de jantar com duas tigelas de sopa sobre ela, e com três cadeiras. Nesses assentos, ocupavam uma mulher e uma criança, e um vazio. Ambos com expressões que pareciam estar esperando alguém. A professora não deu nenhuma crítica, e simplesmente apreciou-o. O jovem Jojo não tinha entendido o porquê ela o reagiu daquele jeito.
   Mas havia algo que Jotaro gostava de rabiscar.
    Sentado na frente da escrivaninha, com um caderno qualquer aberto em uma página branca, um lápis e uma borracha em cima dela. Contornou um rosto de lado sem nenhum esboço e desenhou um cabelo com uma mecha meio-comprida e enrolada. Em seguida, fez uma parte da roupa que ele costumava usá-la. Assim que terminou de preencher o espaço vazio do caderno, sorriu para ele.
    Alguém bateu na porta, e correu com seus olhos em direção da entrada, se desfazendo do sorriso.
    ―Jojo! Eu posso entrar?
    Essa voz doce e calma… Era de seu Kakyoin.
    Então se aproximou da porta devagar, e abriu-a com cuidado. Abaixou a cabeça e viu o rosto dele, com suas roupas, que estavam largas em nele. Seu amor estava incrivelmente fofo com elas. Parecia que eles são intimamente próximos um do outro, dando até as roupas para se sentirem confortáveis com o cheiro emanado por elas.
    Jotaro deixou ele entrar e, logo em seguida, inclinou seu rosto que estava com um tom vermelho leve, sem o ruivo o perceber.
    Seu amor andou pelo quarto enquanto olhava nos seus pertences, sem tocá-los. Jotaro tinha guardado o caderno com o desenho na gaveta da escrivaninha quando escutou as batidas na porta. Nesse momento, ainda permanecido no mesmo lugar, um alívio subiu em seus pulmões, mas seu coração palpitava várias vezes em seguida. Só de observar seu Kakyoin em seu quarto.
    ―Seu quarto está bem-arrumado. – o ruivo elogiou, ainda olhando ao seu redor – Diferente do meu, que está uma pura bagunça em qualquer canto dele. – ele soltou os risos e, em seguida, olhou para o Jotaro.
    ―Então, por que não o arruma? – Jotaro perguntou, ainda com seus olhos desviando da feição dele.
    ―Não sei. – ele disse – Eu realmente não consigo me concentrar, então ficaria de qualquer jeito.

My Obsession by You (Jotakak) - EM HIATUSOnde histórias criam vida. Descubra agora