Soluções imaginárias

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Ao ouvir o nome da própria banda, Eric sorriu largo para o mais velho. Ainda estava meio ofegante enquanto jogava o cabelo para trás e via Juyeon limpar o canto da boca que se erguia num sorriso meio sem graça.

- Parabéns pra nós dois - Disse o Lee, ainda recuperando o fôlego. Ele se manteve próximo do mais baixo, mas não voltou com os carinhos.

- Sim. Parabéns! - Eric concordou com um sorriso puro, lembrando da apresentação da banda do mais velho, que agora o olhava como se esperasse que ele falasse algo. Eric por um instante teve a mesma sensação de antes de adormecer, naquela madrugada em que levou Juyeon para casa.

Juyeon, por sua vez, não se importava em se aliviar naquele momento, apenas era divertido olhar para o mais novo e perceber que ele também não havia planejado estar naquele banheiro derrubado, com as calças arreadas, como estava a alguns minutos.

Sim. Eles tinham prometido não ficar juntos até o final da competição, mas agora com uma boa quantidade de químicos agindo sobre seus corpos, eles riam como se isso fosse um absurdo. Eric envolveu a cintura do mais velho com os braços e o olhou.

- Nossos amigos vão procurar a gente agora... É melhor sairmos daqui - Eric falou meio atrapalhado com as sílabas. Tinha as pálpebras caídas e um sorriso bobo que no rosto, que se aproximava até roubar um beijo lento.

As batidas do coração de Juyeon tomavam um gosto diferente sempre que o mais novo fazia aquilo. Ele se sentia sedado da boa maneira.

- Essa não é a melhor forma de me pedir para sair... - Juyeon brincou, depois do beijo. O jeito bobo do Lee sempre deixava Eric atônito o suficiente para paralisar com as palavras, então ele olhava para baixo e sorria sem jeito. Juyeon continuou - Bom... Te vejo por aí...

Eric se despediu e saiu primeiro, correndo. Ainda estava animado por ter vencido a primeira parte da competição, seu coração manteve os batimentos eufóricos.

No interior do bar ele encontrou a maior comemoração, pois assim que houve o resultado, os membros de cada grupo pararam o que faziam e procuraram pelos seus colegas, assim como Eric tinha imaginado que aconteceria. O americano se misturou no salão aberto onde a música nunca parava. Ele abraçou Kevin e Jacob e brindou mais uma dose com Sunwoo.

Contudo, Juyeon havia ficado alguns instantes sozinho, sentado sobre a tampa da privada, encarando os desenhos obscenos que decoravam o interior da cabine. Suspirou. Embora estivesse feliz pela própria banda, o Lee se preocupava com o que viria a acontecer caso vencesse a próxima etapa da competição.

É claro que só de estar nela, sua pessoa estaria mais exposta para os empresários e ricões da indústria do entretenimento. Haveria então as exibições na TV e logo Juyeon iria precisar argumentar contra o conservadorismo e toda a breguice que seus pais amavam defender nos jantares de família. Depois ia ouvir de terceiros o que sua mãe espalhava sobre ele.

Ter que ir embora de casa não era a parte difícil. A parte difícil, ele pensava, era deixar Jihye ali. Juyeon suspirou mais uma vez antes de tirar uma porção da coca que guardava e consumir usando as costas da mão. Não queria se preocupar com a possibilidade de estar começando a depender daquela sensação que vinha depois do uso: estava muito ocupado em não querer estragar a noite de ninguém. Ou em desejar ser como Eric. Viver como ele, livre da família. Por que parecia algo tão distante? Num "passe de mágica" não parecia mais.

Talvez ficar com ele de novo não tivesse sido a melhor ideia da noite, mas Juyeon não descobriria isso durante as horas noturnas regadas a música e celebração, ou enquanto a pressão de seu sangue era elevada e ele ria entre amigos e companheiros de banda.

Quando Sangyeon, Chanhee e Younghoon também bebiam, ficava muito mais fácil de Juyeon ceder ao humor deles, e se distraiam juntos perfeitamente. Eles se sentavam ao redor da mesa e tiravam onda com Chanhee, até ele mandar eles se foderem com aquela expressão engraçada de gatinho raivoso.

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