verdades

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Escrito por:RedWidowB

Notas iniciais: Penúltimo capítulo. Boa leitura

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Voar entre as nuvens se tornou sua forma de extravasar tudo o que estava sentindo. Sabia que não poderia simplesmente ir a uma profissional de psicologia e dizer "Então, eu sou a pessoa que anda matando bandidos pela cidade", assim como tinha medo demais de contar aos seus amigos sobre isso e vê-los recusá-la, ou pior, ouvir o tipo de coisa que ouviu de sua mãe.

Apesar de serem situações diferentes, ela não sabia se tinha estruturas para suportar mais uma fuga, ou mais dores daquela dimensão.

Porque amava seus amigos, assim como um dia amou sua família, e não queria se sentir sozinha mais uma vez.

Para a mulher mais forte do mundo — até onde ela sabia —, ela era fraca naquele quesito.

Tentava não culpar sua mãe e seu pai pela personalidade insegura que tinha, pois já estava velha demais e há tempo demais longe deles. Se ainda permanecia com tanto medo, era por ter escolhido a forma errada de lidar com ele. Ou era assim que pensava.

O problema era que oito anos não tinham sido o suficiente para superar sozinha, e o evento de sábado havia provado claramente isso.

Afastou as lembranças subindo mais, chegando a altitudes que não atrapalhassem os aviões. Havia descoberto há tempos que sua capacidade de respiração não era afetada tão facilmente, então se aproveitava disso para se tornar a única coisa que refletia as expectativas de sua mãe: uma estrelinha.

Nos oito anos longe de Seoyun, finalmente se descobriu verdadeiramente. Suas forças vinham do Sol, ao ponto de seu corpo se tornar resistente às erupções mesmo de perto. Poderia abraçar a estrela, assim como abraçava seus pais, e nada aconteceria.

As explosões eram reflexo disso. De toda energia que recebia durante o dia e que buscava em suas viagens interestelares não tão longínquas assim.

Às vezes queria contar sobre isso. Sobre sua vida real, fora dos limites que fingia ter. Pensava que se sentiria menos mal, talvez menos estranha e sozinha.

Percebeu que estava longe demais quando as luzes de St. Follet não alcançavam mais seus olhos. Estava longe de seus pensamentos também.

Mergulhou no ar como os humanos faziam na água. Sentiu o vento acertá-la com a força que talvez destruísse aviões, sorrindo pela sensação de liberdade que aquilo lhe causava. Já sabia seu limite de velocidade para não aterrizar a cidade, destruindo tudo, então diminuiu aos poucos até sobrevoar a área que seu prédio ficava.

Havia fugido de seu quarto de madrugada, mas o Sol já começava a nascer no horizonte.

Aterrizou lentamente em sua janela aberta, despreocupada, até perceber a porta do quarto aberta.

Sua porta nunca estava aberta naquele horário.

Antes que decidisse entre fingir que nada havia acontecido ou descobrir diretamente o porquê da estranheza, Taehyung entrou em seu quarto às pressas, com a expressão mais assustada que ela já havia visto.

— Jimin! — ele gritou, correndo em sua direção para abraçá-la.

Envolta pelo aperto forte que ele lhe deu, perguntou:

— O que está acontecendo?

Ele a apertou ainda mais, e ela ouviu seu suspiro.

Taehyung se afastou e olhou em seus olhos.

St. Follet | YoonminOnde histórias criam vida. Descubra agora