Parte 2

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— Liz! — escutei meu nome sendo chamado no meio da multidão.

Abaixei o Manhattan que estava em meus lábios e apoiei no guardanapo que estava naquela mesinha de madeira alta perto do bar. Virei minha cabeça em direção a voz e fiquei feliz imediatamente. Ele estava muito chique. Usando um terno preto, a blusa de botões era da mesma cor e uma gravata escarlate chamava atenção.

— Ah, Joui! — o abracei quando ele chegou mais perto e depois me afastei, fazendo carinho em seu rosto — Que saudade do meu filho emprestado. Você sumiu, garoto!

— Eu só precisei me afastar um pouco. Depois que visitei meus pais as coisas ficaram... complicadas — ele lançou um sorriso forçado e levou a mão à nuca.

— Mas como você tá? O Nathaniel veio com você? Eu ainda não acredito que você teve a audácia de ficar noivo e não me contar — disse meio brava enquanto batia nele com a minha bolsa. Ele dá um sorriso sem graça e eu dou uma risada — Olha só, se você não me chamar para ser sua madrinha, eu juro, pela minha mãe, que dou um jeito de te despachar pro Polo Norte e você nunca mais vai ver aquele loirinho aguado. Já começou a ver salão e esses detalhes meio chatos? Se quiser ajuda é só falar que você sabe que eu to sempre aqui... As flores! A Beatrice, aquela sua amiga, tem uma floricultura, não tem? Podia ver se rolava um present-

— Liz, a gente terminou.

Eu estava fantasiando tanto com o casamento que nem percebi que Joui ficava cada vez mais cabisbaixo e sem graça com o assunto. Eu me senti horrível instantaneamente. Como que eu deixei de notar isso? Levantei meus olhos e encontrei os de Joui brilhando, lutando contra as lágrimas que queriam sair.

— Mas...

— Tá tudo bem, Liz. Você não sabia — ele levou a mão até meu ombro e fez um carinho leve. — Os únicos que sabem são Erin e Thiago. Eu to passando um tempo no apartamento dela até achar um lugar novo e o Thiago me perguntou por causa desse evento, aí precisei explicar.

Uma parte de mim sentiu ciúmes por ele ter contado para o Thiago e não para mim. Eu entendi a situação, mas poxa, sou eu, a mulher que abriu as portas da casa quando um garotinho japonês queria completar o ensino médio no Brasil. Estava lá quando ele passou na faculdade que queria, quando contou pros pais que queria ficar por aqui, a primeira pessoa para quem se assumiu, que apresentou o ex-noivo e primeiro namorado sério. Só me sentia mal por não ter sido a primeira de novo.

— Ah meu querido, eu sinto muito — o abracei e ele apertou mais o abraço. Senti um soluço fraco e fiz um carinho leve em suas costas.

— Mas tá tudo bem. Vai ficar tudo bem — ele pulou para trás sorrindo e limpando algumas lágrimas que escaparam. — E você, tá tudo certo? Eu vi você chegando com o Thiago...

Senti meu rosto esquentar e peguei rapidamente a bebida que estava na mesa, ouvi uma risada vinda do Joui na mesma hora. Fomos até o bar para pegar outras bebidas e ficamos ali conversando. O horário do início do jantar já estava chegando e nós seguimos para a nossa mesa.

— Joui, olá! Pensei que fosse me abandonar por aqui. Mas, apesar de não conhecer ninguém, a sua irmã me ajudou a me enturmar.

Uma moça belíssima se aproximou animada antes mesmo de nos sentarmos. Ela segurava uma ponta de seu vestido vermelho junto com uma bolsinha dourada, ela usava saltos pretos finos e delicados, o vermelho brilhava nela e a peça tinha um decote profundo em "V". Seu rosto com bochechas levemente ruborizadas carregava um sorriso enorme e seu cabelo ruivo estava preso em um rabo de cavalo com alguns fios soltos na frente.

— Que bom. Ergh... Liz, essa é a Erin — ele apontou para a mulher e depois levou a mão a gravata vermelha, arrumando-a. Será que eles vieram combinando?

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