Chapter 2 « who doesn't kill you makes you stronger »

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Obs.: Leiam com a música que está a baixo publicada*

Boa leitura a todas/os !

Estava um dia típico de Londres e o que mais apetecia fazer era ficar na cama, mas a vontade era pouca, não sei o que se passava mas ultimamente não conseguia estar muito tempo na cama ao qual às vezes passava horas em claro sem conseguir dormir. Levantei-me e vesti uma roupa quente (http://www.polyvore.com/go_away_always_remember_me/set?id=58325605) eram ainda 6 horas da manhã quando desci para tomar qualquer coisa. Apoiada ao corrimão frio e áspero das escadas passei pela sala de estar parando só à frente do frigorífico da cozinha, abri-o e tirei de lá umas laranjas e fiz um sumo de laranja natural acompanhado com umas panquecas com recheio de chocolate. Sentei-me e comecei a tomar o pequeno-almoço ao som dos eletrodomésticos que zoam nos meus ouvidos. A minha cabeça estava perdida nos meus pensamentos, há 5 anos que estava em Londres mas o meu pensamento e sobretudo o meu coração ficou em Wolverhampton desde o dia em que de lá saí. Minha mãe sempre me disse que Liam na altura em que me fui embora, passava lá todos os dias para tentar saber onde estava e o que se tinha passado, mas saía sempre de lá sem saber nada. Nunca mais soube de Liam, esse foi o único dos pedidos que pedi aos meus pais, eles não me dizia nada dele nem eles lhe diziam nada de mim. Isso custava-me, admito , custava -me não saber o que se passava com ele, se estava bem ou não, mas era o melhor que tinha que fazer. 

- Bom dia Lannie – disse ainda bocejando – já acordada?

- Bom dia Emmy, desculpa se te acordei, mas não conseguia dormir.

- Tonta não acordaste nada, já te esqueceste que hoje começa a minha corrida matinal com o William?

- Já nem me lembrava, vá mas isso vai ser só corrida ou mais alguma coisa? Olha que vou ficar com ciúmes! - disse tentando brincar com ela

- Lana, posso já namorar com o Will há muito tempo mas sabes que tu serás sempre o meu verdadeiro amor - disse aproximando-se e depositando um grande beijo nas minhas bochechas

- Acho bem, eu também vou sair, vou à universidade tratar de papelada para a matrícula para o próximo ano. Vá diverte-te – sorri

-Isso é garantido babe, mas olha sou capaz de não almoçar cá hoje… 

- Está bem pequena

Emily foi sempre a minha companhia nestes 5 anos, nunca me abandonou. Agora já não vivíamos com o pai dela, desde que fizemos 18 anos que o pai dela ofereceu-nos um flat cá, era muito acolhedor, simples e muito humilde, vivíamos agora as duas sozinhas e juntas tornamo-nos independentes e ao mesmo tempo inseparáveis. Estudávamos na mesma universidade e na mesma área, artes visuais mais propriamente nas áreas de pintura, desenho, gravura, fotografia e cinema, sempre desde miúdas que sonhamos com isto e no qual esse sonho perdurou e estamos a tentar realiza-lo.

O velho relógio da sala soou as suas 7 horas, arrumei tudo na banca da cozinha, peguei no meu telemóvel e nas chaves de casa e saí.

Enquanto vagueava pelas ruas frias e cinzentas de Londres via casal de namorados abraçados, crianças a brincar no parque, idosos a passear de mão dada e uma pergunta perdurava no meu pensamento: Será que vou a encontrar a minha alma gémea que deste irá nascer um herdeiro, fruto do nosso amor e envelheceremos juntos? 

Desde que soube da minha doença que esta pergunta me atormentava, sempre sonhei construir uma família com a pessoa que amo e dessa ter um rebento que iria proteger de todo mal, mas a minha doença pode acabar por matar esse meu sonho, acho que toda a gente sonha construir a sua própria família e eu incluo-me nessas pessoas. Toda a gente pensa que a doença é má, mas eu não acho isso, ter leucemia fez-me crescer, fez-me viver cada dia como se fosse o último, estar com as pessoas que me fazem feliz, fez-me ser forte, fez-me ser a mulher que sou hoje. Se não houvesse leucemia talvez fosse uma menina fútil e mimada e nesta altura estaria dependente dos meus pais, e não, como já disse, a leucemia fez-me forte, sempre ouvi dizer que, o que não te mata fortalece-te, e se até agora não me matou fortaleceu-me e muito. Há dois anos que a leucemia está estagnada, claro que os tratamentos não acabaram, as idas ao hospital não acabaram, mas agora não são semanalmente, não me deixando de rasto como me deixavam, continuam a ser esgotantes mas isso o meu corpo já se habituou.

Abri a porta pesada da entrada da universidade, dirigi-me a secretaria e tratei da papelada que tinha a tratar, como sempre fui bem recebida, aquela doce senhora com os seus cinquenta e tal anos sempre muito simpática e prestável com qualquer aluno.

- Bem está tudo resolvido aqui minha querida – disse sorrindo – agora só nos veremos no fim do verão, aproveita estas férias para depois enfrentares mais um ano cheio de stress.

- Dona Elizabeth vou seguir o seu concelho à risca – disse sorrindo 

- Boas férias querida – disse sorrindo e passando a sua mão em cima da minha

- Igualmente 

Saí de lá mas antes fui ao meu cacifo certificar que não tinha deixado nada lá, ao qual fiquei incrédula ao abrir pois ainda tinha lá alguns livros, como me fui eu esquecer deles cá? Como sempre fui desastrada calculei que os deixei no último dia que tive aulas. Tirei de lá os livros e fechei o cacifo. Estava a sair da universidade e com o vento algumas das folhas soltas que levava voaram no qual apressei-me a apanha-las.

- Olá, tens aqui mais umas – disse um rapaz que me entregou algumas das folhas que voaram

- Obrigada – disse pegando nas folhas sorrindo – És novo cá?

- Notasse muito? – disse sorrindo – Eu sou o Peter, Peter Ward. 

- Lana Parker – disse também sorrindo

-Hamm não queres almoçar comigo e mostrar-me londres? – disse notando um pouco de nervosismo na sua voz – compreendo se não aceitares, não me conheces de lado nenhum para vires almoçar comigo…

- Aceito – disse sorrindo e rezando para não me arrepender por ter aceitado.

Peter sorriu surpreendido pois nunca pensou que aceitasse. 

Caminhamos assim juntos, naquelas ruas frias e cinzentas como era habitual em Londres. A tarde que nunca irei esquecer, a tarde em que conheci Peter James Ward.

Espero que tenham gostado :)

Alexandra Moura

Remembering youOnde histórias criam vida. Descubra agora