Fascínios, reciprocidade e cláusulas contratuais

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Era pouco mais de duas da tarde quando Mirella chegou no endereço marcado com a assistente de Stéfani , em um edifício charmoso na Asa Sul. Segundo as informações de Marina, faria a entrevista em um dos flats de Stéfani , já que a executiva não queria fazer em no escritório da empresa.

Para Mirella, o pedido não passava de nada demais, já para Stéfani , a possibilidade de estarem em um lugar reservado poderia ser satisfatório. Queria ter abertura para conversar com a universitária sem ter obstáculos obstruindo seus objetivos.

A estudante se apresentou ao senhor da recepção, enquanto esperava a autorização para subir até o apartamento. O senhor de idade era conhecido antigo de Stéfani . Assim como Marina, ele sabia, e muito bem, o que a mulher escondia da sociedade brasiliense, principalmente do marido. Aqueles encontros no apartamento 902 eram insumos para fofocas com os outros funcionários do edifício por dias a fio.

— Sua entrada está autorizada, senhorita Fernandez. Tenha uma boa tarde.

— Igualmente.

Mirella nem imaginava que ao pisar no elevador, deixaria na recepção um velho fofoqueiro cheio de assunto para compartilhar aos colegas de trabalho. Afinal, não era pecado comentar sobre os acontecimentos do edifício.

O lobby do prédio era grandioso, cheio de detalhes e cores claras, dando um ar elegante ao ambiente. Não era qualquer um que teria um apartamento ali, isso estava mais do que claro. Stéfani , sem dúvidas, gostava de luxo. Mas quem não iria gostar?

A família tradicional e rica provavelmente deu tudo que ela queria, e agora casada com o presidente de uma empreiteira e encarregada de um alto cargo, não seria diferente. Stéfani era uma poderosa que ostentava suas regalias a quem quisesse ver.

— Que prazer revê-la, Mirella. Entre, por favor.


Stéfani vestia uma camisa de seda branca, com alguns botões abertos. Nada muito extravagante, só se via a clavícula desenhada em seu colo. A calça em tom claro vestiu perfeitamente bem o corpo sinuoso. Tão simples e tão gostosa.

Mirella se sentia uma boba por ter escolhido a melhor lingerie que tinha para uma ocasião que não chegaria às vias de fato. Mas o seguro tinha morrido de velho, e Mirella gostava de ser precavida. Que mal teria se vestir bem?

— Está adiantada. Costuma ser sempre pontual?

— Prefiro chegar cedo nos meus compromissos. Espero não ter te atrapalhado em nada.

— Não, não me atrapalhou. Também gosto de ser pontual com meus compromissos.

O apartamento era espaçoso e bem decorado. Não parecia ter personalidade, mas as cores sóbrias e os móveis planejados davam um charme ao ambiente, era agradável aos olhos. Mirella não fazia ideia da motivação da mulher em ter um apartamento daqueles, uma vez que Stéfani residia em Brasília.

— O prédio é da minha família. Quer dizer, o prédio é meu. Se estiver se perguntando o motivo de eu ter um apartamento aqui.

Como se lesse os pensamentos de Mirella , aquela resposta só fez com que a estudante se sentisse mais deslocada ainda. Stéfani não era só rica, ela era muito rica.

— É muito bonito.

Não sabia o que dizer, mas por via das dúvidas, decidiu manter a educação.

— Acho meio sem graça, mas não é como se eu passasse muito tempo aqui.

Aquilo era uma grande mentira que Stéfani optou por contar. O apartamento na Asa Sul era o segundo lugar mais visitado por Stéfani depois do trabalho e da própria casa. Não era à toa ser conhecida pelos empregados e prestadores de serviço do prédio que possuía uma grande rotatividade de hóspedes.

Fortuito - versão SterellaOnde histórias criam vida. Descubra agora