Capítulo.3: o demõnio da capa vermelha

26 8 54
                                    

   - Irmã? - perguntou a garota.

- como isso é possivel?- exclamei, sem acreditar que eu estava mesmo vendo minha irmã mais velha bem na minha frente.

   Ela franziu a testa. seus cabelos negros e ondulados estavam ainda maiores do que eu me lembrava da ultima vez que a vi. Notei que ela tinha também uma cicatriz fina que atravessava seu olho direito de cima para baixo como um corte de uma espada afiada, e outra em sua bochecha, na vertical. Ela parecia ter vindo de uma guerra. Mas seu rosto ainda era belo e seu olho esquerdo, tão verde quanto os meus.

- desculpe garota, acho que esta me confundindo com alguém, ou talvez seja esse ferimento em seu corpo, te fazendo alucinar. Venha comigo, por favor!

- Arya, sou eu, Alice!

O rosto dela mudou e imediatamente ela me soltou.

- quem é você? È algum tipo de monstro que assume disfarces?

- irmã? Do que esta falando?

- como acha que pode assumir o corpo de minha falecida irmã? - disse ela, apontando a espada para mim.

- irmã, sou eu! - franzi a testa - Espera, desde quando você sabe lutar? Espera, morta? Como assim? Eu não estou morta!

- sua...

    Agora era só o que bastava. Minha própria irmã encostando a espada em meu pescoço e me ameaçando. Se depois de tudo que eu passei, eu fosse morta pela minha própria irmã, eu ficaria muito zangada! Bom, eu tentaria continuar a argumentar, porém minha visão começou a ficar turva e escura, então eu desmaiei ali mesmo.

    Quando meus olhos se abriram, tudo estava girando no teto de qualquer que fosse o lugar onde eu estava. Apertei o que parecia ser algum tecido velho com minhas mãos, tentando me concentrar. eu estava deitada sobre uma cama. Olhei em volta, para as paredes de pedras que giravam a minha volta. Uma caverna?

- mas o que... é isso?

- fique deitada. Te mediquei com uma erva que cultivo por aqui. È uma erva extremamente eficiente para cura. Mas dependendo da quantidade, pode te deixar um pouco... drogada. -  disse minha irmã, sentada em algum lugar a minha frente afiando algum tipo de arma branca. Eu sabia por que escutava o som.

- você me drogou? - perguntei, incrédula.

- me diga o que vê.

- um unicórnio. - respondi.

- o que?

- ta voando em cima da minha cabeça, você acredita? - eu disse, um pouco entretida, para falar a verdade.

- como é? Não, isso é efeito da erva. Quero dizer o que esta vendo de real nesse lugar.

- acho que agora eu sei como os filósofos pensam - eu disse a ela.

- como assim?

- neste atual momento da minha existência, já não sei mais o que é real ou abstrato - eu falava enquanto movia debilmente meus dedos em circulos ne direção do teto, tentando mirar no pônei imaginario - E se a realidade for uma ilusão?

- cara, você ta pior do que eu pensava. O efeito deve ser pior em pessoas extrovertidas. - concluiu minha irmã.

- é, você sempre foi mais séria e sem graça. Não deve nem mudar nada em você.

cortina de sangue: o conto sombrioOnde histórias criam vida. Descubra agora