18 DE JULHO DE 2014 - TORRE DOS VINGADORES

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Ultimamente aquilo se tornava cada vez mais raro, mas os Vingadores estavam de folga naquele dia. Já fazia um certo tempo que escurecera quando Clint sugerira trocar a noite de filmes por videogame, já que certas pessoas – ele jurara de pés juntos que se referia apenas ao asgardiano, mas seu sorriso travesso dizia outra coisa – nunca tinham tido contato com aquele tipo de tecnologia. Steve apenas fingiu que a indireta não era com ele, embora até que estivesse na expectativa para algum desafio, conseguir arrancar algum dinheiro do arqueiro, apenas por diversão. Barton não sabia que ele jogava ocasionalmente com Avril, nem que normalmente ela que perdia.
O grupo explicava pela terceira vez para o deus como que o aparelho funcionava, e Steve começava a desconfiar que talvez ele também já estivesse familiarizado com aquela forma de tecnologia, pelas piscadas que o asgardiano lhe lançava sempre que pedia para alguém explicar novamente.
Aparentemente aquela seria uma noite muito mais divertida do que o soldado imaginara em um primeiro momento.
- Certo, todo mundo continua o que estava fazendo – pediu a voz apressada de Avril, saindo do elevador descalça e segurando nas mãos boa parte do tecido do vestido longo que usava. Em um acordo silencioso, todo o grupo se virou para ela – Não há motivos para pânico.
- O que você está procurando? – perguntou Natasha. Steve estava com a pergunta na ponta da língua, só que de sua boca levemente aberta não saia nenhum som. Ele havia visto o vestido naquela manhã, só que no cabide e não no corpo de Avril. O tecido era vermelho escuro, do mesmo tom que seus lábios estavam pintados. Era bem marcado na cintura e depois ficava mais solto no seu comprimento. Ele chegava a cobrir parte do pescoço da morena, mais com um tecido mais transparente e com alguns bordados. Sem aquilo, o vestido seria tomara-que-caia. Os cabelos escuros de Avril estavam com ondas bem marcadas e soltos, consideravelmente fora de ordem por ela estar correndo e se abaixando a cada dois segundos, e mesmo assim Steve havia perdido a habilidade de fala.
- Os brincos que Pepper me mandou usar – respondeu ela, jogando os cabelos para trás dos ombros e suspirando fundo. Ela tinha cinco minutos para estar pronto e ainda estava descalça e sem os malditos brincos – J.A.R.V.I.S., tem certeza que não lembra onde eu deixei?
- Temo que não, senhorita.
- Isso é motivo para pânico – brincou Clint, recebendo um olhar nada animado da mulher – Só respira, Av. Credo.
- Quando eu encontrar os brincos... Ah! Achei! – festejou ela, de trás do bar do andar. Na mesma velocidade que sua animação chegara, ela também fora embora quando olhou o conteúdo dentro da caixinha de veludo – Eles não combinam. Isso está errado. J., eu por acaso desisti do vestido que Pepper me mandou usar?
- Acredito que não, Srtª Stark.
- Nat, seus brincos são bonitos! – exclamou a morena, parando atrás da ruiva sentada do sofá – Troca comigo?
- Acredito que os seus são mais caros que os meus – comentou Natasha, enquanto tirava seus brincos com cuidado.
- Tem certeza? Eles parecem bem caros – retrucou Avril, analisando a pequena joia – Não foi eu que te dei esses brincos? Eu realmente tenho bom gosto.
- Srtª Stark? – chamou-a um dos empregados da Torre, acompanhado de Tony mais atrás, vestindo um de seus smokings – Seus sapatos.
Como se já estivesse muito acostumado com aquele ritual, Tony parou próxima à filha, lhe oferecendo o braço para lhe dar apoio enquanto ela calçava os saltos excessivamente altos. Avril ficara quase na sua altura quando terminara o processo, passando rapidamente as mãos pelo vestido para garantir que não tinha nenhum amassado.
- Tony, sua gravata está torta – disse ela assim que voltou sua atenção para o pai, já partindo para consertar o nó sem esperar pela permissão.
- Quando você aprendeu a dar nó em gravatas? – estranhou Tony, surpreso com a agilidade que ela desfez seu trabalho e se colocou a refazê-lo.
- Cresci vendo você fazer isso, e eu aprendo rápido – explicou ela assim que finalizou o nó, passando as mãos pela lapela do paletó para garantir que estava tudo no lugar.
- Pensei que ia falar que o Barton te ensinou – resmungou o homem, ainda com um pouco de irritação em sua voz.
- Como se ele soubesse fazer isso direito...
- Ei! Eu ouvi isso! – reclamou Clint, subindo no encosto do sofá para fuzilar a dupla com os olhos – Eu não estou acostumado em missões com disfarces em eventos Black Tie.
- Eu devo estar sonhando...! – ofegou Pepper, antes de sair do elevador – Ambos os Stark prontos sem eu ter que interferir.
- Somos bem crescidinhos, não acha, Pepps? – riu Tony, passando um braço pela cintura da filha e beijando seu rosto. Ali começava a encenação de família perfeita que sempre precisavam fazer quando estavam em público, então logo seu braço passou por trás das costas do homem, a mão descansando em seu ombro – Viu? Ainda lembramos os protocolos.
- Avril, é impressão minha ou seu vestido é aberto nas costas? – perguntou a ruiva, caminhando em direção a seu namorado. Avril assentiu – Então por que seu cabelo está solto?
A morena revirou os olhos, tirando alguns grampos que havia escondido em sua nuca exatamente por suspeitar que seria obrigada a improvisar um penteado. Teria feito aquilo em seu quarto mais cedo, só que o sumiço dos brincos havia atrapalhado ligeiramente seus planos.
- Srtª Potts? – chamou-a Avril, caminhando para o espelho mais próximo – Posso perguntar por que apenas nós estamos prontos?
- Porque esse povo mole não está afim de festa – respondeu Tony, lançando um olhar desapontado para o grupo, que apenas o ignorou e voltou a explicar como um videogame funcionava para Thor.
- Vocês estão brincando, não é? – ofegou Avril, prendendo o último grampo e se virando para eles – Essa festa é um porre, mas a gente dá uma escapada no meio e aí a festa de verdade começa.
- Passamos – responderam todos em sincronia, fazendo com que Avril revirasse os olhos e fosse se juntar ao casal já pronto.
- Pelo visto vai ser um programa pai e filha – sorriu Tony, lhe oferecendo o braço direito, já que o esquerdo já estava sob a posse de sua namorada.
- Não estou com sapatos confortáveis para isso.
- Se você vai continuar com o comunicador no ouvido, pelo menos tampe a orelha com cabelo, Avril – resmungou Pepper, e a morena xingou baixo enquanto puxava algumas mexas para esconder o dispositivo – Tem certeza que não quer ir, Steve? Ficaria bem mais tranquila se você ficasse de olho na Avril.
- Mas como é? Eu não preciso de babá! – ofegou Avril, ofendida – Vou ficar feliz se você quiser ir comigo, Steve, mas não para me vigiar! Que história é essa, Pepper?!
- Não fale como se eu não tivesse motivos para não confiar em você – retrucou a ruiva, colocando ambas as mãos na cintura coberta pelo vestido verde escuro – Ou esqueceu no que aconteceu na última? Você e Andrew desapareceram por dias.
- Não tenho mais dezessete anos, Pepper. E eu sei me comportar em uma festa – lembrou ela, revirando os olhos e sorrindo travessa em seguida – E o Baker Jr. Não vai estar lá. Posso ter dado trabalho extra para ele hoje para garantir.
- Em que universo paralelo você acha que fazer essa piada foi uma boa ideia? – sussurrou Tony irritado em seu ouvido.
- Pessoas vão te fazer perguntas – continuou Pepper.
- Nesses sete anos de espionagem, ninguém nunca me fez perguntas – Avril se fingiu apreensiva, levando a mão livre à boca. Tony discretamente chutou seu pé, avisando que era uma péssima ideia – Realmente vai ser uma noite difícil.
- Não estou gostando do seu tom, mocinha – acusou a mulher, rumando para o elevador enquanto procurava algo em sua bolsa de mão. Tony começou a segui-la, puxando a filha junto, que se desvinculou de seus braços dizendo que precisava falar com Steve antes de saírem – Te esperamos lá embaixo.
Percebendo que aquela era sua deixa para falar com a mulher, Steve se levantou em um pulo, caminhando até ela com um sorriso largo. O restante do grupo fingiu continuar a escolher um jogo para que não ficasse tão óbvio que estamos assistindo a conversa dos dois.
- Você está deslumbrante – murmurou ele, parando a pouco centímetros a sua frente.
- Ainda dá tempo de você mudar de ideia – comentou ela, se sentindo ainda com menos vontade de ir para aquela festa depois de ver aquele sorriso meigo que não a acompanharia – Pepper mandou fazer um smoking para você, e nem preciso ver para saber que você vai ficar incrível nele.
- Desculpe, mas não sou muito fã desse tipo de evento – suspirou Steve, fazendo uma careta apreensiva – E eu mal me recuperei do Tony e da Pepper fazendo perguntas. Sabe-se lá que tipo de coisas iriam perguntar para gente caso eu fosse com você em uma festa das Industrias.
- Ei, sem pressão – garantiu ela, puxando o rosto do soldado para um beijo rápido – E estou vendo que aqui a noite vai ser bem mais divertida?
- Ei, Av? – chamou-a Clint, se virando para o casal – Algum jogo que o Sr. América seja péssimo?
- Mortal Combat – mentiu Avril em pensar duas vezes, o que resultou no soldado soltando um fingindo “ei”. A mulher acenou para o grupo, se despedindo. Steve, que ria descrente, se adiantou para um abraço, possibilitando que a morena pudesse murmurar em seu ouvido um risonho “quero metade dos seus lucros dessa noite, Sr. América”.
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Os olhos de Avril ainda estavam um pouco incomodados pelo número absurdo de flashes que vinham de todos os lados quando chegaram no espaço da festa. A última vez que a mídia tivera a chance de fotografar ambos Stark no mesmo ambiente fora quase uma década atrás, por isso o alvoroço era justificável. Isso e todas as polêmicas que ela se envolvera nos últimos anos. Nas manchetes não apareceriam “Tony e Avril Stark aparecem em festa juntos depois de anos”, mas sim algo como “Homem de Ferro e filha Vingadora aparecem em público juntos pela primeira vez”.
Talvez ela fosse ficar longe da internet por um tempo.
- Tenho que dizer, Srtª Stark... – murmurou uma voz próxima, quando ela fugira um pouco da multidão e fingia conversar com o simpático bartender que logo notou seu desconforto por estar ali. Desconforto que apenas aumentou quando reconheceu a voz como Matthew Baker –Toda vez que te vejo, você parece ficar mais bela.
- Ou pode ser o efeito da bebida – brincou ela, apontando para o copo vazio que o homem segurava. Em segundos o bartender lhe entregara seu próprio copo com a bebida mais forte que tinha, que ela agradeceu fingindo chorar sem que Baker visse, o que fez o rapaz rir.
- Que não tira o mérito de sua beleza – insistiu o homem, gesticulando para que o bartender lhe trouxesse outra bebida – Sequer me recordo da última vez que você nos presenteou com sua presença em um evento das Indústrias, Avril. É bom ver a herdeira de vez em quando.
- Estive muito ocupada nos últimos anos – respondeu ela apenas, buscando com os olhos a localização de seu pai ou Pepper, que poderiam lhe tirar dali. Não demorou muito para seu olhar encontrasse com o de Tony, que em segundos já se desculpava com quem estava conversando e rumava em sua direção.
- Fiquei sabendo. Oxford, S.H.I.E.L.D., Os Vingadores... – Baker continuou a tagarelar, seus olhos deixando claro que era naquele assunto que ele queria chegar, e não estava sendo nada discreto – Os rumores dizem que você ingressou no grupo.
- Os rumores dizem muitas coisas – respondeu Avril, seu sorriso educado mostrando que ele estava passando dos limites naquela conversa.
- Não posso discutir – disse ele, e, antes que pudesse tentar arrancar informações da mulher, Tony se juntou aos dois, travando o braço da filha no seu, já a puxando para longe do Baker.
- Sabe como são as crianças de hoje em dia, não é, Matt? Fácil perder o controle sob elas, certo? – alfinetou Tony, já um pouco distante – Digo para o Andy mais tarde que você mandou um abraço.
Avril escondeu o rosto no ombro do pai para disfarçar a risada. Se Matthew Baker ainda fosse um homem influente, os Stark teriam acabado de ganhar um inimigo perigoso.
- O que Baker estava falando com você? – perguntou Tony, assim que pararam na outra extremidade do bar, se apoiando na bancada ao lado da filha, que virou o líquido do copo que segurava de uma vez, logo acenando para que o rapaz lhe trouxesse mais. Sempre tivera uma tolerância boa para álcool, e depois do cetro ainda precisava de uma quantidade muito maior de bebida para que ela sentisse algum efeito. Claro que ela não conseguiria competir com Steve, mas teria que se esforçar um pouco mais caso quisesse entrar em um coma alcoólico.
- Papo furado – resmungou ela, puxando o braço do pai para checar seu relógio – Quanto tempo ainda temos que ficar aqui?
- Só mais alguns minutos. Somos só os donos disso tudo – suspirou Tony, que também parecia cansado, mesmo negando toda vez que ela perguntava – Não somos tão importantes.
- Não sei como Pepper lida com isso tudo – riu Avril, xingando mentalmente quem tivera a ideia de retirar os bancos do bar. Ela poderia matar por um lugar para sentar que não fosse o chão, embora agora ele parecesse bem convidativo – Faz umas duas horas que quero sair correndo.
- O que aconteceu com a mulher confiante de mais cedo?
- Ela está morrendo com esse salto gigante e precisa voltar para a cama dela.
- Você podia ter omitido a última parte – resmungou Tony, com o rosto contorcido em uma careta enjoada – Não preciso saber das suas atividades extracurriculares com seu namorado.
- Eu não disse que queria alguém na minha cama...! Estou contando com isso, mas queria apenas descansar um pouco – explicou ela, rindo. O homem ao seu lado apenas concordou de leve, mas não voltou a relaxar, e Avril sabia muito bem o motivo – Eu estar com Rogers realmente te incomoda, não é? Pepper não está por perto, pode ser sincero.
- Um pouco – confessou Tony, terminando sua bebida recém-chegada em um único gole – Claro que você poderia estar com alguém como Barker miniatura, então eu não deveria ver o Capitão como o maior dos problemas.
Avril riu de leve, aproveitando a música lenta, a falta de pessoas ao redor, e a falta de copos em suas mãos para puxar o pai um pouco para longe do balcão, deixando uma de suas mãos no ombro do homem e segurou a outra mão oposta, não demorando muito para que ele entendesse o que ela planejava e envolvesse a cintura da filha com o braço livre, começando a ditar o ritmo lento da dança.
- Ele é um cara legal – murmurou ela, apoiando o queixo no ombro do pai. Mesmo sem monitorar os arredores, Avril conseguiu notar algumas pessoas fotografando o momento.
- Pode até ser, mas ele se deixar manipular muito fácil por suas vontades – comentou Tony – Se você fazer besteira, arrasta ele junto.
- Desculpe, não entendi direito: você está preocupado comigo ou com o Rogers? – riu Avril, se afastando minimamente apenas para que o moreno visse seu sorriso debochado.
- Você é uma pessoa difícil, Avril. Não podemos negar. Talvez tão ou mais difícil do que eu – explicou ele, assistindo a expressão da filha se alterar para concentrada, tentando entender no que ele pretendia chegar – Eu tenho a Pepper. Ela é meu freio, ela que tenta colocar um pouco de bom senso na minha cabeça. Só que Rogers não é como a Pepper. Não consigo vê-lo batendo o pé no chão, e te mostrando que você está errada. Por isso não acho que ele seja o cara certo para você.
- Nessa sua linha de raciocínio, você está certo. Só que você está vendo o cenário do ponto de vista errado – disse Avril, depois de pensar no que o pai lhe dissera – Eu não seria você nessa história. Eu seria a Pepper: eu que impeço Tony Stark de fazer alguma burrada, eu que tenho que clarear as ideias dele. Às vezes você se esquece de como Steve e você são parecidos.
- Então você está me dizendo que escolheu um cara parecido com seu pai para namorar? – alfinetou Tony, erguendo a sobrancelha e rindo quando a filha contorceu o rosto em uma careta.
- Cara, eu poderia dormir sem essa – resmungou ela, estapeando com certa força o ombro de Tony, mas rindo em seguida – Dormir bem mais em paz, na verdade.
- Como se Rogers fosse te deixar dormir depois de ter te visto nesse vestido... Você está realmente estonteante – Tony disfarçou a brincadeira com o elogio, recebendo um sorriso cínico em agradecimento – Rogers tem sorte de ter te conquistado. Já você nem tanto. Dava para conseguir algo melhor que o Captain Boring.
Avril jogou a cabeça para trás, com seu riso alto atraindo a atenção da maior parte das pessoas do local, não que a dupla tenha notado. Estavam tão imersos em sua conversa que por um tempo esqueceram que estavam em público, que tinha que manter certa postura para não criar problemas com a mídia. Pepper só não esperava que eles se sairiam melhor quando parassem de obedecer suas ordens.
FIM
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GENTE, QUE VIAGEM, FOI MAL
Tava aqui relendo pelo wpp porque tinha subido notificação de alguém lendo e eu como o ser manipulável que sou fiquei com saudades, aí terminou o capítulo da briga e a ida da Abril pra Inglaterra e o app falando que eu tava no fim da história e eu ??????? não tô não, tem mais um capítulo nessa birosca.
Não sei por que vacilei com isso, mas vacilei. Foi mal ter deixado vocês aqui sem o capítulo acalmada no coração.

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