𝐎 𝐜𝐚𝐧𝐟𝐞𝐬𝐬𝐢𝐚𝐧𝐚𝐫𝐢𝐚 𝐈

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(O confessionário I)

𝕆𝕚𝕖 𝕡𝕣𝕚𝕟𝕔𝕚𝕡𝕒𝕤 𝕖 𝕡𝕣𝕚𝕟𝕔𝕖𝕤𝕠𝕤!
(𝚅𝚞𝚕𝚐𝚘 𝙿𝚎𝚌𝚊𝚍𝚘𝚛𝚎𝚜)
𝕋𝕦𝕕𝕠 𝕓𝕖𝕞?!

Chegamos...
Eu não vou fazer muito... vejo vocês no final, tenho avisos!
(Ponto de vista ainda é da jovem despudorada)

Sem mais delongas, boa leitura!
~(˘▾˘~) ~(˘▾˘)~ (~˘▾˘)~

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A tarde havia passado rapidamente, meus pés e pernas pareciam cansados de caminhadas sem sentido pelas ruas estreitas daquela cidade. Sentei em um banco na bela praça e encarei a igreja, modesta, mas muito bonita, que havia sido minha casa nesses últimos tempos. Poucos dias haviam se passado desde a minha chegada, mas pareciam meses tamanha confusão em estar ali.

Mais cedo, após a invasão dos meus sonhos, Suguru seguiu para a igreja e eu tomei um demorado banho, pensando em como eu parecia querer dizer um belo "foda-se" para o mundo e seguir meu caminho longe, bem longe, daquela maldita igreja e daquele padre.

Cheguei a maior conclusão de todas, os desejos da carne são sim o pior inimigo do ser humano, seja por estarmos sempre querendo desfrutar dos mesmos ou simplesmente por estarmos desesperados quando eles nos são negados. As duas opções se encaixam perfeitamente no meu caso. Respirei profundamente, agora olhando para o alto e vendo as frondosas árvores dançando ao ritmo do vento, tão naturalmente lindo. As pequenas folhas voavam de suas copas e faziam pequenos redemoinhos em suas descidas ao chão. A tranquilidade daquele local parecia o oposto de mim, do meu interior barulhento, nervoso, sensível... eu só queria colocar para fora aquela aflição.

Peguei o celular e abri nas ligações recentes, disposta a expor meu coração a alguém disposto a ouvir as malícias e heresias cometidas por mim. Mas tão logo o aplicativo de chamadas apareceu no ecrã, eu fechei os olhos e senti o corpo ser assolado por uma nova onda de tortuosos pensamentos. O último contato discado era o dele, daquele padre ridiculamente bonito e cheio de si, o homem que me fazia perder a sanidade dia e noite, o ser que era o próprio pecado, mas não fazia ideia que ele podia não ir para o "inferno", mas parecia ser o verdadeiro demônio, apenas ganhando seguidores, que pecavam apenas por lhe desejar. O meu caso era ainda pior... eu desejava e conseguia algumas vezes ter a resposta. Eu fazia, sem escrúpulos, um padre pecar... e eu queria mais.

Abri os olhos e encarei a foto bonita, o sorriso largo, os olhos brilhantes, a pele muito pálida em contraste com a camisa escura e o colarinho branco... eu estava completamente perdida por me sentir ainda mais excitada com o fato daquele maldito colarinho branco estar ali. Era como se meu corpo fosse dominado por algo primitivo, seria um demônio em forma de serpente e eu agora era a tão falada Eva, pronta para morder o fruto proibido e trazer o pobre Adão para o meu covil de prazeres? Por favor, que eu seja a bendita Eva...

Mordi a boca numa súbita onda de arrepios. Eu precisava contar isso para alguém, mas não queria escutar sermões sobre. Era por isso que eu iria me confessar. A ideia mais genial que eu havia tido nesses últimos dias, não querendo ser irônica, mas aquilo parecia tão simples, eu entrava numa parte isolada do mundo e despejava meus maiores medos, frustrações e pecados nas costas de um ser humano que nem eu, pecador como qualquer outro, e escutava uma penitência, a cumpria e vida que se seguia, como se meus pecados anteriores não passassem de arrependimentos perdidos ao sopro do vento, que nem as folhas soltas daquelas majestosas árvores, que faziam sombra em meu corpo.

Havia chegado a hora, me ergui e vi o sol seguir seu rumo para o horizonte, o que indicava a avançada hora. Segui para a igreja subindo os degraus devagar e quando estava na metade deles, senti uma mão segurar meu braço e olhei para o homem à minha frente. Suguru estava com um sorriso, parecia melhor do que mais cedo. Os olhos mais tranquilos e brincalhões como sempre.

𝐇𝐄𝐑𝐄𝐒𝐈𝐀, 𝐒𝐚𝐭𝐚𝐫𝐮 𝐆𝐚𝐣𝐚Onde histórias criam vida. Descubra agora