CAPÍTULO III

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• Park Jimin

Após meu banho, fui me sentar no meu lugar predileto do quarto — o assento na janela. Eu gostava de ficar perdido em meus pensamentos enquanto admirava a paisagem natural do jardim.

Por mais que o Jin Hyung fizesse o máximo para que eu me sentisse acolhido, o dia estava sendo muito difícil. Lembrar da memória do meu falecido pai não era uma tarefa fácil. Agradeço pela titia não estar em casa ou seria duas vezes mais difícil suportar este dia.

Sempre que é aniversário do papai ou da mamãe, ela fica fora o dia todo, principalmente quando é meu aniversário — equivalente ao dia em que eles faleceram. Acho que ela se sente tão magoada pela morte da irmã que nem consegue ficar perto de mim.

Eu realmente odeio este dia, odeio o meu aniversário. Porque foi o dia em que eu tive os meus pais roubados de mim.

Geralmente quando são dias de luto a família deve se unir e superar a fase difícil juntos, certo? Porém, minha tia prefere se isolar e me deixar isolado. Ela nunca ficou do meu lado em nenhum dia que eu lembre da morte deles. Provavelmente ela me odeia tanto pelo fato de eu ter sido o único sobrevivente da família, e não a irmã dela.

Sinceramente, isso explicaria muita coisa.
Sodam diz que não consegue ficar muito perto de mim porque eu me pareço com a mamãe, e eu não mereço ter nenhuma semelhança com ela.

— Feliz aniversário, papai. — Olhando a foto dentro do pingente do meu colar, eu o parabenizei.

Infelizmente aquele colar era a única coisa que eu tinha para me lembrar dos dois, se não fosse a nossa foto no pingente, eu já teria me esquecido do rosto deles.

A titia jogou fora tudo o que era dos meus pais, todas as molduras e pinturas, roupas e jóias da mamãe, trabalhos e projetos do papai, tudo o que pudesse ser meu, e tudo o que pudesse me lembrar deles.

Eu acho que a morte da mamãe afetou tanto a titia que ela se tornou incapaz de sentir afeto por mim.

Toc-Toc — Eu ouvi alguém bater na porta.

— Entre. — Limpei o rosto que acolheu minhas lágrimas e tentei disfarçar minha tristeza.

— Sou eu, Ji. — Taehyung adentrou, passando pela expansão do meu quarto até chegar onde eu me sentava.

— Não estou precisando de nada. — Tentei ser claro o suficiente para que ele entendesse que eu queria ficar sozinho.

— Eu apenas quero te dar um presente. — Se sentou na minha frente, no mesmo assento que eu — Comprei ontem para você, eu sabia que hoje seria um dia difícil e queria tentar te deixar menos triste.

— Eu já tenho tudo que preciso, não precisava se incomodar. — Continuei olhando o jardim.

— Pode me dizer o que eu fiz que te magoou? — Tocou meu joelho, querendo um pouco de atenção.

— Não me agrada saber que finge gostar de mim, já recebi caridade a minha vida inteira, Taehyung. Estou acostumado a viver sozinho então só pare de mentir, não preciso que sinta pena de mim.

— Eu não sinto pena de você.

Olhei para ele com uma dose de motejo, sem considerar o que ouvi. Sabia que estava mentindo.

— Tudo bem, talvez eu sinta um pouquinho.

Revirei os olhos e voltei a apreciar a vista do jardim.

— Mas isso não quer dizer que eu não goste de você. — Voltou a falar, tentando consertar seu discurso anterior — Está enganado se acha que eu não quero a sua amizade.

LOTUS: A HERANÇA DE PARK [JIKOOK]Onde histórias criam vida. Descubra agora