Part III: I can't help but wonder where your head and heart is

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— Está mesmo bom? — Joohyun perguntou enquanto via Jinyoung saborear em colheradas fartas o ensopado de tofu.

Fazia bastante frio naquele dia em especial. Mesmo que o pequeno restaurante estivesse com todas as portas e janelas fechadas, o vento parecia conseguir se esgueirar pelas frestas e adentrar os ossos. Joohyun não conseguia conter a própria ansiedade.

Foram quase doze anos inteiros esperando pela soltura de Jinyoung. O marido tinha sido preso após se envolver em um escândalo de desvio de dinheiro público quando trabalhou na campanha política de reeleição do então prefeito de Seoul. Ele era funcionário pequeno e acabou pagando pelo crime que os outros não precisaram pagar pelo seu poder de capital. Jinyoung sempre jurou ser inocente, Joohyun nunca nem ao menos se permitiu pensar o contrário.

Mas tinha chegado ao fim, finalmente tinha chegado ao fim.

— Você está ainda mais linda do que da última vez que a vi — ele falou depois de comer. Tinha ganhado peso, não era mais o adolescente franzino por quem ela tinha se apaixonado, mas estava também ainda mais bonito do que ela se lembrava. Era difícil visitá-lo na prisão devido a distância, porque a passagem não era barata e com a saúde da sogra declinando cada vez mais, ela não tinha mais com quem contar para ajudá-la com Soobin.

— Senti tanto a sua falta, yobo — ela sussurrou segurando a mão dele. O apelido parecia tão deslocado em sua voz, como se estivesse chamando um completo estranho de querido. Mas ela tentou exibir seu melhor sorriso quando ela apertou seus dedos com ternura.

Quando entraram no carro e fecharam as portas, o frio ficou do lado de fora sem poder tocá-los através da proteção da lataria. Soobin tinha dito à mãe várias vezes para que ela vendesse o veículo, os custos com a manutenção tinham sugado grande parte das economias da família nos últimos anos, no entanto, ela sabia o que o carro significava para ela e o marido.

Ao descobrirem que estavam esperando um filho, mesmo em uma idade tão jovem, eles sofreram um baque terrível. As famílias não ficaram nada felizes com a notícia e eles não tinham qualquer condição de criar uma criança. Jinyoung então a colocou dentro do carro recém-comprado com as economias de dezenas de empregos de verão e a levou até um mirante. Choraram juntos, de alegria e de medo, e souberam que manter o bebê era uma escolha que já tinha sido tomada no silêncio que fizeram sendo observados apenas pelas estrelas.

Foi naquele carro que Jinyoung a levou para o hospital para ganhar seu filho, foi naquele carro que eles decidiram, em tom de sussurro enquanto o filho dormia, qual seria o nome daquele serzinho adorável. Foi aquele carro que a levou até a delegacia quando descobriu que seu marido tinha sido preso. Foi naquele carro que ela levou o filho para a escola pela primeira vez. Foi com ela que ela foi, sozinha, a formatura de Soobin no fundamental. E agora era ele quem os levava de volta para casa.

— Agora, vamos tocar a mais pedida de toda a manhã — o locutor da rádio disse em seu tom de voz metalizado enquanto entravam na interestadual. — Deep, da solista Hyo.

— Essa eu gosto — Jinyoung disse animado, aumentando o som do rádio. Ele não reparou quando Joohyun se virou para a janela.

Ela demorou um pouco para descobrir que a coreógrafa do novo sucesso de verão era ela. Por muito tempo Joohyun apenas ignorou a canção, não era exatamente o seu tipo de música, mas acabou se vendo presa em um vídeo curto de um cover nas redes sociais e, quando abriu a sessão de comentários para deixar seu elogio, viu o nome dela creditado na legenda.

O primeiro sentimento foi orgulho. Joohyun sempre soube que aquela garota faria sucesso em qualquer coisa que se propusesse a fazer e sempre costumava dizer isso a ela. Estava lá quando a mais nova decidiu mudar sua formação para dança, frustrada por não ter dinheiro para se manter em belas artes.

Desire Paths | SeulReneOnde histórias criam vida. Descubra agora