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Há poucas coisas nessa vida que tiram a minha paz de espírito. Muitos dizem que sou calma, serena e uma ótima companhia, mas ao lado dele, eu me tornava o pior tipo de ser humano. Aquele tipo nojento que imaginava técnicas de tortura, explosões e talvez cabeças rolando. Que desejava que um meteoro caísse na terra e acertasse em cheio o cabelo perfeito com cheiro de água salgada, que só ele parecia ter.

— Como você conseguiu ser inimiga de um cara tão gostoso? Isso não faz o menor sentido! Se existisse uma probabilidade para isso, ela seria nula!

— Acredite, eu não escolhi! — resmunguei, olhando para os lados enquanto andávamos pelo corredor vazio da faculdade. — Eu já disse que acho uma péssima ideia estar aqui? E se formos pegas?

— Só um milhão de vezes! — Mel revirou os olhos e pegou meu braço me mantendo colada a ela. — O que vão fazer? Expulsar os únicos alunos que participam das aulas? Somos os melhores da turma e que mal faz burlar as regras de vez em quando? É dia dos namorados e estamos encalhadas! Nos divertir é o mínimo que merecemos!

Ergui as sobrancelhas pensando por um segundo. Mel tinha razão, mas ainda assim, era arriscado demais por poucas horas de diversão. Kátia, a filha do diretor, havia conseguido a chave do ginásio. Isso significava que a piscina era toda nossa até a meia noite (horário que ela mesma delimitou já que ela que roubou a chave.)

— Alguém trouxe bebida?

— Não. Apenas refrigerante. Não seria muito esperto da nossa parte trazer cerveja. Íamos ser pegos com toda certeza.

Eu podia imaginar: um bando de adultos por volta dos 22 anos correndo dos seguranças no modo zombie de The Walkind Dead e sendo expulsos na segunda-feira cheios de ressaca. Meu corpo se arrepiou só de pensar. Eu odiava passar pela sala do diretor, e nem sequer conseguia imaginar entrar lá. Eu preferia ter ficado em casa, abraçada com meu doginho caramelo assistindo Juntos pelo Acaso, desejando um Messer na minha vida, enquanto Taylor Swift toca baixinho de forma depressiva nos meus ouvidos, mas não! Eu decidi ir até essa festa dos encalhados, tema escolhido pelo meu enemies, só porque era um metido pretensioso!

— Pensamentos perigosos? Você bufou do nada — Mel riu. No automático olhei para câmera acima da porta do ginásio (que tinha sido desligada pela Kátia).

— Não foi nada — respondi quando ela abriu a porta. O ginásio estava na penumbra, na área da quadra de vôlei e futsal, o que parecia estranho. Mas a piscina estava iluminada se destacando  em meio a escuridão daquele lugar enorme, assim como ele... O miserável que ria como o rei do lugar e que levantou o refrigerante me saldando quando me aproximei junto de Mel.

— Ignore ele e se divirta. Mesmo que seja difícil e que no fundo você ame.

Eu te odeio para todo sempre! (Conto)Onde histórias criam vida. Descubra agora